"Nunca volte ao lugar onde um dia você foi muito feliz"
Faz algum tempo, não lembro bem quando, ouvi de um filósofo uma frase que me marcou: "Nunca volte ao lugar onde um dia você foi muito feliz”. Nas entrelinhas ele quis falar sobre decepções, sobre tempo e mudanças que ocorrem durante a vida das pessoas e as ilusões processadas pelo nosso cérebro. Então, lembrei de imediato de um retorno ao quintal da minha infância depois de muitos anos. Como era imenso e alegre aquele quintal na visão infantil da minha outrora criança, e agora tão pequeno, ao retornar ao mesmo lugar. Nunca mais consegui visualizá-lo grande como antes, ficou apenas a lembrança do retorno. Hoje, depois de muitos anos, passando pela histórica Avenida Joana Angélica, onde por muito tempo circulei quando dava aulas no Colégio Central da Bahia, nas décadas de 70 e 80, mais uma vez pude constatar a veracidade daquela frase. Nada lembrava a ampla avenida de outrora nem aquele imponente colégio dos bons tempos. Até pensei que tinha errado o caminho, tamanha era a decadência do local.
O tempo é assim, não olha para trás, segue em frente, e é aí que está a importância de sabermos que na memória ficam apenas as lembranças de um clima vivido numa época. Digo clima porque o monumento histórico e físico pode permanecer, mas o clima é outro, e só o emocional é preservado na lembrança de quem a viveu. Acredito que relembrar é bom para meditação, para nos fazer pensar no próximo passo, e melhorar sempre. A felicidade reside em grande parte nas boas lembranças e no desapego à tudo que possa nos impedir de seguir adiante em busca dela.