DEUS NO CORAÇÃO: QUEM TEM, QUEM NÃO TEM E PRA QUE SERVE?

Um conceito tão vago quanto inútil que serve mais para ludibriar os incautos do que para definir o caráter de alguém.

*Por Antônio F. Bispo

As igrejas, praticamente todas elas vendem a ideia de que para ser feliz na vida, ser bem sucedido em tudo e ser uma pessoa de bons princípios morais, se faz necessário “ter deus na vida” ou “deus no coração”!

Políticos astutos se valem muito desse slogan para mascarar seus reais intentos e abocanhar milhares de votos de fiéis também “cheios de deus”, que preferem um discursos vazio de uma pessoa que professa uma crença religiosa, do que ver os recursos públicos sendo bem geridos por uma pessoa “sem deus”.

Líderes religiosos precisam desse conceito para serem quem são e estarem onde estão, vivendo às custas do povo enquanto desfrutam de prestígio, poder e autoridade em cima de um conceito que eles mesmos forjaram e vão adaptando novos apetrechos sempre que necessário para que não fiquem obsoletos em uma sociedade moderna e tecnológica.

De modo geral, todos quanto vivem de modo parasita, com intentos malignos, vivem à sombra desse conceito para fazer da vilania um estilo de vida aceitável, pagando de herói e sendo aceito por todos os outros que também possuem “tem deus no coração”.

Os tais que se escondem atrás de máscaras como estas, quando aprontam as escondidas e estão sendo interrogados, “mentem até morrer” e juram por tudo quanto é sagrado que são vítimas de calúnias, fazendo com que o inocentes se mostre culpado causando danos irreversível a dezenas ou centenas de pessoas.

Quando ele percebem que há provas suficientes para incriminá-los, os tais são capazes de simular choro, agonia ou arrependimento para tentar aliviar a pena. Se este meliante for crente “cheio do espírito”, diante de interrogatórios e provas cabais de sua conduta indecente, basta simplesmente dizer que foi usado pelo diabo e tudo se explica. A igreja silencia ao invés de puni-lo e vão orar e jejuar por esse pobrezinho de cristo que se foi iludido pelo diabo. Tadinho dele....Enquanto a vítima humilhada, isolada, desprezada, angustiada e aos prantos, na maioria dos casos será vista como um instrumento do diabo para atrapalhar os planos de deus na vida daquele “servo escolhido para um propósito divino”. Bando de cabeças ocas os que agem assim!

Pensem nisso: o que seria dos sistemas judiciais sem esse tipo de gente sínica e sem caráter? Advogados iriam a falência por falta de clientes para defende-los quando precisam criar versões simuladas de uma verdade inexistente; Policiais e juízes quase não teriam o que fazer se não fossem tipos como esses pois teriam pouca gente para prender menos ainda para julgar, não é mesmo? Médicos e coveiros também teriam muito menos trabalho a realizar se não fosse tipinhos assim. Mas eles estão aí pra fazer justamente as engrenagens do sistema girar, quase todos eles “cheios de deus no coração”.

O Slogan “Deus no coração” faz com que vínculos e cumplicidades de todos os tipos sejam selados no inconscientes de todos aqueles que cegos por esse conceito vago, são capazes de coar um mosquito e engolir um camelo e se alguma vez eles tiverem de escolher entre um “justo e Barrabás”, eles entendem que é mais confortável estar ao lado de alguém igual a eles, que compartilham de suas cretinices, do que se mostrar vulnerável a quem as expõe com intuitos pedagógicos.

Afinal é tão desconfortável estar próximo de alguém que mesmo “não tendo deus no coração”, não observando livro sagrado nenhum como regra de conduta e mesmo assim conseguem ter um senso de justiça e moralidade superior a quem diz ter tudo isso, não é mesmo? É um tapa na cara, um soco no estomago uma ferida exposta...

“Ninguém viu, ninguém filmou, ninguém fotografou, então não é pecado! Deus a tudo entende e a tudo perdoa. Continuemos com deus no coração, desfrutando de sua graça e bondade. Aleluia” - Diz o hipócrita todos os dias ao seu companheiro depois de aprontar todas!

Pensem sobre isso: os que defendem a ideia de que ter deus no coração torna o homem mais puro e moral, dizem quem ele é bondade, justiça, paz, harmonia equilíbrio e um zilhão de outras coisas boas. Logo, quem estar cheio dele deveria estar com pelo menos uma quantidade pequena dessa porção do sagrado e repelir todo mal em si mesmo ou em quem estivesse ao seu lado. Mas não é isso que vemos. O oposto disso é o mais provável!

Pessoas “com deus no coração” também traem, roubam, estupram, matam e acima de tudo MENTEM PRA CARALHO! Elas são capazes de fazer tudo que qualquer que pessoa “sem deus” é capaz de fazer, com uma diferença de que quando elas cometem delitos, elas usam o diabo como álibi, tornando-as desse modo, pessoas difíceis de se lidar, difíceis de confiar e difíceis de se viver.

Todos nós ficamos de guarda alta quando sabemos que ao nosso lado estar alguém com histórico de roubos, estupros, assassinatos, arrombamentos e coisas do tipo. Ao lado de gente assim, ficamos atentos, não deixamos fácil nossos pertences, nossos entes queridos, nem damos as costas para esses com receio que eles possam ter uma recaída.

Porém, basta alguém dizer que tem deus no coração, que é cheio de deus ou que é um vaso dele, que alguns de nós se derrete todinho, se joga nos braços e confia a vida, segredos e família, principalmente se esse for um líder religioso.

As piores desgraças vem justamente daí, por baixarmos a guarda a qualquer um que diga ser cheio de deus...Ninguém espera o mau daquele que diz estar fazendo o bem nem espera as trevas daqueles que se dizem ser portadores da luz. Se deus é luz, bondade e justiça, uma ínfima porção dele na vida de quem quer que seja impediria num raio de quilômetros todo intento maligno de acontecer.

Outro exemplo que ninguém questiona: pela pureza de espirito de uma criança, concluímos que ela tem deus no coração e que deus a ama, que deus a tem e que irá guardá-la sempre. Alguns até as entregam aos guias, aos anjos da guarde e seres do tipo. Deus no coração delas e os guias ou anjos as protegendo-as também não as impedem de serem seja estupradas por pessoas de dentro ou fora da família, nem muito menos por padres ou pastores dentro da própria casa de deus!

Que absurdo! Até num cabaré de quinta categoria tem porteiros e tem regulamentos e alguém só penetra ou é penetrado mediante pagamento ou consentimento mútuo. Até nesses recintos tem gente para controlar a bestialidade incontrolável de alguns, nem que seja na base da porrada.

Quebrando-se as regras o porteiro expulsa ou o dono chama a polícia. Porém, na casa de deus, o lugar mais protegido do mundo pois o próprio deus e sua comitiva baixa ali em pessoa preenchendo a todos por dentro e por fora a pessoa não tem proteção alguma. Como pode isso? O vigia de Israel, aquele que nunca dorme parece estar de mãos, pés e bocas atadas quando coisas como essas acontecem. Será que ele silencia por que alguém o comprou com dízimos e ofertas? Ou será que toda proteção ofertada por ele é apenas balela? Algo a se pensar...

Namaster- o deus que há em mim, saúda o deus que há em você...diz os ultramodernos no que diz respeito ao conceito de ser cheio deus remixado pela junções de culturas orientais e ocidentais.

O deus que habita um padre ou pastor pedófilo é o mesmo deus que habita o coração de uma criança que há de ser estuprada por esse mesmo padre. É isso então? Pode isso? Já pensou nisso? Será que é pra isso que serve esse conceito deus mútuo compartilhado entre todos? Para que haja conivência entre os deuses que habita em ambos? Que coisa estranha! Independente que sejam um deus compartilhado ou vários deles se tocando ao se tocarem, a proteção que ele exerce sobre os que neles confiam é de força nula e para nada serve. Um cachorro morto tem mais serventia que um deus desse tipo quando o quesito é ser protegido por ele.

Os mais conservadores dirão que tudo o que acima citei sobre a maldade praticada por muitos que se escondem atrás desse slogan não corresponde de fato ao conceito previamente estabelecido no quesito ser cheio de deus.

Então o que seria de fato ter deus no coração? Que utilidade tem isso? A quem se aplica isso como causador e agente passivo? Quem é que determina quem tem ou quem não tem deus no coração? São as palavras ou os atos das pessoas que demonstram quem realmente elas são? Existe um padrão universal para mensurar isso, ou cada “grupo escolhido” tem o seu próprio padrão de medir o quanto de deus alguém possui...?

Mediante uma pergunta própria, cada grupo se manifesta em defesa própria ou cada pessoa que diz ser cheia dele sente vontade de se manifestar, porem esse conceito é tão vago quanto a própria ideia de deus e a tudo a que ele se refere ou desta ideia se deriva.

Os mais liberais, aqueles que praticamente nunca leram a bíblia, que vão a igreja somente 2 ou 3 vezes ao ano apenas em festividades religiosas locais para marcarem presença, afirmam de forma direta ou indireta que ter deus na vida consiste em afirmar publicamente que ele existe, que ele é o criador do universo, que ele tudo pode e tudo faz.

Nesse contexto se faz necessário também dizer acreditar em Maria como sendo a mãe de deus, crer na “santíssima trindade” e em todos os santos e anjos proclamados pela igreja, bem como respeitar e honrar publicamente a todos os que dela vivem ou dizem representá-la. Para esses, Isso é ter deus na vida ou deus no coração. É só dizer publicamente que acredita nele e em todos os seus “satélites” e isso basta! São milhares de santos e anjos que a igreja venera ou canonizou. Você não precisa saber de todos ou venerar a todos. Sabendo o básico disto já prova que deus estar dentro de você segundo esse conceito.

Para os mais conservadores, os que vão à igreja com uma frequência maior, eles afirmam que para se ter deus no coração se faz necessário ter passado por alguns ou todos os ritos de passagem que a igreja efetua tais como o batismo, a crisma, o casamento religioso (com efeito civil) e tantos outros que a igreja mantem em seu portfólio, que deve acompanhar o homem do nascimento até a morte, todos com um custo financeiro ou de penitencias a serem cumpridas.

Os que assim acreditam, consideram como filhos bastardos todos quantos não passaram por tais sacramentos. Mediante algum conflito, acidente ou desgraça social que esse venha causar ou sofrer, é comum ouvir por parte destes guardiões dos “ritos sagrados” a famosa frase: “é por que é pagão”, ou “isso é falta de deus no coração”

Há milhares de registros escritos de um passado não muito distante cujos relatos afirmam que pessoas tiveram negado auxílios básicos oferecidos pela igreja simplesmente por não ter sido sacramentada quando criança ou quando adulto. Nesses lugares de tradições antigas, tratamentos diferentes são vistos para os filhos legítimos e ilegítimos, ou seja os “com deus” e os “sem deus”.

Mas se algum destes conservadores se acham os “bã-bã-bã da fé”, o “total full”, o todo preenchido, cheio de deus e tudo mais só por que fez algum tipo de sacramento, é por que ainda não frequentou alguns modelos de igrejas evangélicas.

Se você é alguém que se acha o tal no quesito “ter deus”, nesses ambientes eles te olharão como se fosse um cocô fedido de um cão sarnento. Os bons são eles e fim de papo! Qualquer um que o contrário diga não passa de um falastrão, mentiroso e que de deus não tem nada...

Em tais recintos, não importa o quanto você diga ser cheio, se você não faz parte do grupo deles, você é tão vazio de deus quanto o vácuo de um espaço qualquer.

Alguns dizem isso de forma aberta com a maior certeza do mundo. Outros o fazem de forma sorrateira, convidando você para frequentar a igreja deles ou para aceitar a jesus de verdade, como se você o tivesse aceitado de mentira em outro recinto.

Para a maioria dos tais, quaisquer ritos ou sacramentos feitos em qualquer outro lugar que não seja numa igreja evangélica (deles) não tem valor algum para deus. É perca de tempo!

Alguns desses chegam a considerar o “servir a deus” em outra igreja que não seja aquela dita “única e verdadeira”, como sendo uma afronta até maior do que seria o próprio satanismo. Para os tais, seria melhor nunca ter ouvido falar de deus em lugar nenhum, do que “servir a deus na igreja errada”. Seria melhor até mesmo nunca ter nascido, do que ter nascido e ludibriado por uma farsante a servir a deus numa “igreja falsa”. Eles usam versículos isolados (como todas fazem) para fazer parecer que a igreja deles é a única correta e todas as demais são seitas, heresias e locais profanos de culto ao demônio.

Literalmente, pessoas chegam a enlouquecer nesses grupos de tanto pensar se estão ou não no lugar certo e se depois de tanto esforço, tanto sacrifício, tanta penitencia, tanta contribuição financeira... temem que mesmo assim serão lançados no inferno por não estarem na igreja correta certa.

Que inferno! É um verdadeiro conflito interno que eles vivem! Alguns pastores reforçam a cada dia o medo dos fiéis para que os tais jamais deixem os “verdadeiros caminhos do senhor”.

Ladrões, picaretas, trapaceiros, falastrões, desonestos, mentirosos ou doentes mentais são todos os líderes religiosos que se utilizam de tais argumentos para prender pessoas ao seu grupo, cerceando a liberdade de escolha, de pensar e de viver dos tais, transformando suas curtas vidas em um verdadeiro em um prologando sofrimento enquanto vende-lhes a promessa de entrada nos céus. Acredito que num futuro próximo gente desse tipo será presa em flagrantes ao fazer enunciados como esses, pois fere vários conceitos da liberdade de conduta e de pensamento humano.

CONTINUA....

Textos escrito em 7/12/19

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 07/12/2019
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