A estória não contada
Era uma vez uma fada boazinha e uma bruxa malvada. A fada boazinha morava na “Floresta encantada” e a bruxa malvada morava na “Floresta Sinistra” ao lado.
— Desculpe interromper – disse Zé Nobari –, mas isto está me parecendo muito simplificado, as crianças vão achar que a vida é resumida em bem e mal ou bom e mau e não é verdade.
— Até porque não existe quem se assume mau, sempre nos assumimos bons e se fizermos alguma maldade, justificamos como uma fraqueza humana natural e buscamos o perdão divino que nunca nos é negado embora não venha por escrito ou nos é declarado pessoalmente.
— Está certo Zé – disse o contador de estórias – vou começar de novo.
Era uma vez uma fada e uma bruxa. A fada e a bruxa moravam na “Floresta encantada” Cada uma tinha sua casa, seu quintal e os seus gostos.
A fada gostava do seu jardim com flores coloridas e perfumadas, a bruxa por sua vez cultivava canteiros de ervas raízes e hortaliças, uma gostava do dia ensolarado, a outra da lua e das estrelas. Assim viviam e conviviam na floresta encantada que só era encantada porque elas lá viviam.
— Gostei! – disse Zé Nobari – todas as estórias deveriam ser assim!
—Mas Zé – disse o contador de estórias – ninguém vai querer ler uma estória assim não tem trama nem drama, não tem nem como continuar até o final.
— A melhor estória deve ser assim mesmo – Zé Nobari falou – sofrer a estória inteira para quando chegar ao final feliz a estória acabar é muita maldade para o personagem bom e muito bom para o personagem mau que foi feliz a estória inteira praticando maldades e quando finalmente é castigado a estória acaba.