Parêntesis dentro de colchetes e chaves
Posso até parecer calma... Só eu sei o trabalho com esta mente barulhenta aqui.
Escrever vem a ser minha terapia. A persona que escreve se utiliza de uma pitada de dramaticidade e liberdade poética misto com pensamentos não processados e um prazer em escancarar coisas que não permitiria serem expressas da mesma forma no mundo fora do papel. Mudar o movimento dos pensamentos inquietos para a escrita me ajuda a conduzir esta energia para algo novo, organizar os pensamentos e libertar-me do fluxo da mente barulhenta.
Barulho. Você permeia meu pensamento naturalmente ao longo do meu dia. Ao ponto de me sentir uma adolescente. Não recordava mais como eram os “começos”, do exercício de paciência para viver um dia de cada vez e esperar a fluidez dos acontecimentos querendo sedentamente viver cada um desses dias.
Comecei a incomodar-me com a vontade crescente de te encontrar. A ansiedade de vencer a distância, de encontrar o tempo/espaço para estarmos juntos, olho no olho. (o exercício de paciência não parece ser cumprido com muito êxito aqui, disse a meditante)
Fuga. Em outros tempos eu teria desistido, ou nem teria tentado. Já colocaria todos os muros e empecilhos para me convencer e te convencer de que não é uma boa ideia. Ou simplesmente sumiria, sem nem gastar meu latim. E cá estou eu gastando latim, neurônios, dedos, dados e unhas...! rs
Será que dessa vez é o desafio que me motiva? Será que não fujo por você estar longe? Afinal, são mais de mil km de distância... para onde eu fugiria? A distância facilita a fuga e acaricia o medo. Sorte a minha.
Medo. Então, de repente, eu não tenho medo. Nem juízo. Ao mesmo tempo, todos os medos do mundo que venho colecionando ao longo da vida e observo ali mesmo aqueles que pensei estarem superados. Hoje as letras também servir para coloca-los no colo. E se, de fato, acredito que repetindo os padrões antigos, não encontraria nenhum resultado novo, me indica que algo há de mudar. (mais do sentimento de excesso de medo e coragem)
Dar vasão à adolescente romântica e sonhadora que me habita. Aquela que teve sonhos partidos e passou a desacreditar... de tudo. Do encontro, do sentimento, das pessoas, dos relacionamentos, do amor. Digitar –amor– foi bem difícil até para a persona que escreve tão profundo é o registro.
Coragem. Percebo, ironicamente, que escrevo a fim de embasar a minha coragem, apoiar a minha falta de juízo, silenciar os medos paralisantes (pois o que quero mesmo é o movimento). Nesse momento encaro a vontade do meu íntimo: lançar-me à vida. Paraquedas? Hãn? Para quê?
E assim vou descascando, encontrando inúmeras nuances de camadas. Parêntesis dentro de colchetes e dentro de chaves, abrindo um a um como um complexo cálculo de matemática avançada. Quase a resolução de um quebra-cabeça de muitas {[muitas(muitas)]muitas} peças. Confesso que parte de mim se deleita!
Meditação. (suspiro) Finalmente a mente acalma, pensamentos se organizam e tudo ao redor parece desacelerar. Posso me sentir outra vez. Retorno ao estado de presença. Um dia de cada vez.
Em paz,
Gabi.