Soneto

Silêncio, que este espaço me alucina!

Silêncio, que a existência atroz me pesa!

Toda a terra oca a que se destina?

Estende o olhar aos céus e, louco, reza!

Sisudo, toco o tempo e sinto a fina

lancinação da lâmina mais tesa.

Pensando encontro o que me ilumina

e torna meu caos numa luz coesa.

Sozinho estou na noite imoderada,

deixando cem mil musas num museu,

libando vinho com meu camarada,

este invisível e ignoto eu

que tanto se conhece e sabe nada

e tanto se encontrou que se perdeu.

Sarauvirtual
Enviado por Sarauvirtual em 29/10/2019
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