Soneto
Silêncio, que este espaço me alucina!
Silêncio, que a existência atroz me pesa!
Toda a terra oca a que se destina?
Estende o olhar aos céus e, louco, reza!
Sisudo, toco o tempo e sinto a fina
lancinação da lâmina mais tesa.
Pensando encontro o que me ilumina
e torna meu caos numa luz coesa.
Sozinho estou na noite imoderada,
deixando cem mil musas num museu,
libando vinho com meu camarada,
este invisível e ignoto eu
que tanto se conhece e sabe nada
e tanto se encontrou que se perdeu.