PRA VOCÊ, O QUE É TER SUCESSO?

*Por Antônio F. Bispo

À grosso modo se fossemos destilar os atos para resumir os fatos sobre o que de fato seria ter sucesso, a definição mais realística e que poucos seriam capazes de assumir é que ter sucesso segundo o senso comum é algo parecido com causar dor e sofrimento excessivos aos outros e a nós mesmos em troca de uma apreciação barata de um punhado de gente que as vezes mal conhecemos ou que pouco se importa conosco, para que essas mesmas pessoas façam comentários “agradáveis” ao nosso respeito nos causando a falsa impressão de que somos realmente pessoas bem sucedida naquilo em que estamos fazendo.

Em outras palavras, ter sucesso seria viver de acordo com a opinião alheia sobre aquilo que seria ter sucesso segundo um conceito local ou temporal e não sobre a sua própria definição de conquista e realização pessoal. É como se pessoas que nem sabem quem são, para onde estão indo ou o que de fato querem na vida desenhasse um estilo de vida para que você vivesse de acordo, para que depois elas mesmas te julgassem se fizestes certo ou não o papel que elas te deram pra desempenhar. Aplausos e recompensas para quem cumpriu à risca o papel e desprezo para quem “fracassou”.

Nessa situação, pessoas que você mal conhece podem estar definido o seu estilo de vida, a quantidade de horas que tu deves ou não trabalhar, quanto tempo você deve passar com a família e se você vai viver muito ou pouco de acordo com as loucuras que fazes contigo mesmo para ganhar afago fugazes de pessoas muitas destas vazias, sem rumo, sem opinião própria de nada e que apenas seguem o fluxo das coisas para não se sentirem só na vida.

Em cada época, em cada local em cada grupo social seja este de trabalho, religioso, político ou seja lá de que for, cada um desses grupos terá o seu próprio padrão definido sobre ter sucesso. E a maioria de nós aí, nessa corrida de ratos, passamos a fazer todo tipo de besteira para sermos aceito nesses grupos, para que um dia quem sabe alguém possa dizer ao nosso respeito: “este foi um conquistador, um pegador, um milionário, uma grande personalidade, uma pessoa de sucesso...”

Nessa corrida tola, a maioria das coisas que fazemos é inútil ou desnecessário pois estamos apenas correndo atrás de viver um padrão estabelecido pelos outros e não por nós mesmos para nos sentirmos realizados.

Quando estamos consciente do que estamos fazendo, por que estamos fazendo e para quem estamos fazendo e apercebidos pelos resultados que teremos ou deixaremos de ter por meio de nossas metas, não existirá sonhos grandes ou pequenos, bons ou ruins, apenas nós mesmos no controle de nossas vidas, vivendo um dia de cada vez, colhendo o fruto do que plantamos e saboreando cada minuto de nossa existência com toda intensidade como se fosse o único. Uma vida que vale a pena ser vivida quando somos nós mesmos o capitão de nosso barco. A opinião alheia será apenas uma opinião e nada mais...

Tudo passa a ter um significado diferente quando deixamos de viver segundo a meta de sucesso estabelecida pelos outros, seja no que diz respeito a estética, a finanças, aos romances e as carreiras em geral. Bem verdade é que todos nós podemos ter alguém que possa nos servir de inspiração e até mentor e se fizermos isso de modo consciente isso será parte do processo evolutivo. Será como seta-guias apontando de vez em quando a estrada, mas não será a estrada em si. O mapa não é o território. Apenas uma representação deste!

Um funcionário público por exemplo, por ser concursado, ter uma renda fixa e a estabilidade que esse tipo de função proporciona, pode ser levado a crer que entre seus amigos, ele chegou ao topo do mundo por ter alcançado tal tipo de emprego, poderá até olhar com desdém e menosprezo para outros que não conseguiram tal proeza.

No entanto, de repente, esse mesmo que se considerava no topo do sucesso pode ser da conta em poucos anos, aquele seu amigo, com menos escolaridade que ele, que nunca teve um emprego fixo, que sempre viveu de vendas, de bicos e aventuras comercias (honestas), um simples vendedor porta-a-porta que com seu estilo de vida e trabalho consegue viver melhor que ele, pagar todas as suas contas em dias e até adquiriu um patrimônio 5 vezes superior ao concursado no mesmo espaço de tempo, e por incrível que pareça tem sempre dinheiro sobrando para emprestar àquele que achava ser o tal por ter “um emprego que ninguém pode tirar”.

Nada contra um ou outro, a necessidade, o planejamento ou a falta deste pode levar pessoas diferentes á rumos diferentes, mas se medirmos o sucesso de nossas vidas baseado apenas em fatores materiais e naquilo que vão dizer ao nosso respeito, a tendência é que tenhamos uma vida miserável, vegetativa, frustrada e de pouco valor.

Títulos acadêmicos, dinheiro, parceiro sexuais (em demasia), amizades com “pessoas grandes”, família, imóveis... será que isso realmente define o sucesso de alguém? já parou para pensar sobre sua própria definição de sucesso?

Como um cão que corre atrás do próprio rabo, alguns passarão suas vidas assim, correndo em círculos, ou como uma bola de ping pong, sendo jogados de um lado para outro pois quem não sabe o que deseja ou onde quer chegar dificilmente terá um rumo traçado e seguirá sempre o rumo estabelecido pelos demais.

O desejo de ser considerado uma pessoa de fama ou sucesso faz com que venhamos a cair nas piores armadilhas possíveis e presos em nossos próprios sentimentos, pensamentos ou em afazeres infinitos para agradar aos outros, quando percebermos teremos jogados parte importante de nossas vidas fora. “Deitaremos, rolaremos e latiremos” para qualquer um que nos dê atenção, likes, ou que diga ao nosso respeito: “nossa, como fulano é uma pessoa de sucesso...”

Alguns chegam a acreditar que o cúmulo da estupidez humana alcançou seu auge em nossa época com o advento da internet. Isso não é verdade! Ela apenas se popularizou e se tornou instantaneamente acessível.

Muitos já perceberam que em troca de likes, visualizações e comentários “positivos”, os que vivem desse segmento hoje em dia, chegam a fazer as coisas mais idiotas, absurdas e inimagináveis “para se dar bem”, alguns chegando inclusive a perderem a própria vida em situações de extremo risco para que uma carinha feliz, um coraçãozinho ou um pequeno comentário os leve a crer que estão fazendo a coisa certa.

Apesar de tudo, isso não é e nunca foi o auge da insanidade humana. Em outras épocas isso pode ter sido bem pior...

Os grandes imperadores do passado por exemplo, tinham como objetivo principal na maioria dos casos, deixar seu nome imortalizado para sempre na história. Pequenas aldeias ou reinos inteiros eram invadidos, sua população morta, subjugada ou escravizada, o território conquistado era anexado ao novo reino ou simplesmente deixado de lado enquanto aquele quem governava queria apenas ser lembrado no futuro como um grande homem. Governar para o próprio povo em favor da paz e da prosperidade de todos nem sempre era o objetivo desses monarcas. Sacrificavam a tudo e a todos por meio de suas “conquistas” e inclusive morriam de forma prematura tentando tais feitos, apenas para que suas vidas fossem contadas de forma romantizadas como sendo a de grandes homens.

Nesta mesma forma de pensar, gladiadores destroçavam seus oponentes de forma lenta ou rápida, levando a multidão ao delírio, sendo aclamado pelo povo como se fosse um deus, recebendo instantaneamente dezenas de “likes” e “dislikes” (o sinal do polegar para cima ou para baixo é bem antigo e continua o mesmo), até ser vencido em combate por alguém mais jovem, mais forte ou mais bem preparado, passando toda gloria para o que vencera, se tornando a partir de então um mero nome a ser citado na boca do povo até ser esquecido aos poucos, em alguns casos para sempre.

No caso dos gladiadores, vale lembrar, que a grande maioria destes não estavam ali por vontade própria, mas que depois de serem sequestrados, vendidos, ou para quitação de dívidas pessoais estavam ali para entretenimento das multidões. Outros porem faziam disso seu estilo de vida, onde o objetivo principal era infringir dor e morte ao maior número de oponentes possíveis para ser aclamado por desconhecidos e anônimos como sendo uma pessoa de sucesso.

O que dizer então dos conquistadores europeus? A história tende a romantizar todos eles como se fossem de fato grandes heróis quando na verdade alguns destes nunca foram mais que grandes genocidas. Os Incas, Astecas e Maias foram praticamente dizimados por esses conquistadores. Muito ciência, tecnologia e escrita desse povo também fora destruída por gente desse tipo que em troca de ouro, prata e fama não mediam esforços para alcançarem seus objetivos. Ser descrito como um pessoa de sucesso em suas empreitadas era o que importava.

Em nossos dias não é diferente! Estamos rodeados de pessoas que inconscientemente estão tomando atitudes de estrema burrice para consigo mesmas para serem considerado como gente boa, pessoa de bem, ou pessoa bem sucedida.

Artistas famosos e pessoas envolvidas com o mundo da fama costumam ter uma agenda lotada, dormindo poucas horas por dia, vivendo sob forte pressão de seus agentes que mais parecem sanguessugas, passando a maior parte do tempo longe da família, desperdiçando os melhores momentos da vida de ambos, tudo isso para aparecer de quando em quando numa capa de jornal ou revista, todo feliz, sorridente, ao lado pessoas atraentes, bebidas e carros luxuosos, todos “photoshopado” para criarem nos outros a ilusão de que tudo vai bem quando na verdade não estar.

Do nada vemos então nessas mesmas mídias, a notícia que um desse “todo feliz e realizado” tirou a própria vida deixando em alguns casos um registro escrito, alegando que vivam em tremenda solidão apesar de estarem rodeados de pessoas, ou que suas vidas não tinham sentido algum.

Vemos também com frequência nos noticiários a notícia de um ou outro que perdeu a vida em um acidente qualquer no auge da fama, justamente por tentar cumprir a todo custo a rotina louca que a fama costuma esconder.

Então nos perguntamos: É isso mesmo que você quer? O que você estar fazendo para ter sucesso vale mesmo a pena? É o que você desenhou para ti ou é o que os outros desejam que você faça? É fruto de um planejamento ou de uma ação inconsequente do passado? Você estar ciente dos resultados que vai obter com isso e do que vai perder fazendo isso? Depois de pensar e repensar sobre as perguntas e dar as respostas para você mesmo, quem sabe assim então tu possas ter alguma noção de sucesso.

A vida é muito curta para ser vivida correndo atrás do nada...pensem nisso!

Saúde e Sanidade a todos!

Texto escrito em 20/10/19

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 20/10/2019
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