etimologia da língua portuguesa Nº197

Etimologia da Língua Portuguesa por Deonísio da Silva Nº197.

Pedestre veio do Latim pedestre, declinação de pedester, de pes, pé. Semáforo tem origem Francês sémaphore, com os compostos gregos sêma, sinal, e phorós, que carrega, designando inicialmente mastros instalados nas costas marítimas para trocar sinais com as embarcações.

Automático: do grego autómatos, que se move por si mesmo, pelo Latim automatum, a partir das raízes indo-europeias autós e mens, significando respectivamente “por si mesmo” e “pensar”. O primeiro registro da palavra automático deu-se em 1836 e desde então passou a identificar computadores, semáforos, portas, portões, cancelas, elevadores. O caso mais sofisticado é do computador. No transito, O primeiro semáforo automático, foi obra do afro-americano Garrett Morgan (1877-1963), que inventou também a máscara de gás e o método de alisar cabelos. Ele trabalhava de caseiro numa fazendo quando, indo à cidade, viu que o trânsito era uma bagunça, com carroças, carros, caminhões, motos, bicicletas, cavalos, pedestres. E bolou a solução que até hoje organiza o trânsito nas cidades, sejam pequenas ou médias, sejam grandes ou mesmo megalópoles.

Código: do Grego kodikos, pelo Latim codicum, coleção de leis, mas também de normas, de sinais, de números, de letras, formando às vezes símbolos, como no caso do código de barras, com números e caracteres cifrados num conjunto de barras paralelas, a serem lidas e decifradas por sistema ótico. A palavra aparece em código civil , código penal, código de endereçamento postal. O código Morse deve tal nome ao americano Samuel F. B. Morse (1791-1872), que adaptou o Francês télégraphe para o Inglês telegrah, que deu telégrafo em Português. A primeira mensagem enviada pelo código Morse ou alfabeto Morse, já chamado telegraph, deu-se no dia 24 de agosto de 1844.

Lixo: de origem controversa, provavelmente do Latim lixa, cinza ou água misturada com cinza, variante para sordes e purgamenta, conjunto de substâncias para purgare, limpar tanto em sentido denotativo --- limpar a rua, limpar o corpo ---- como no sentido conotativo, limpar a alma, que, após a morte, purga os pecados no Purgatorium, palavra já registrada por Macróbio (século V) escritor romano, e que dá nome a uma das três partes de A Divina Comédia, do escritor italiano Dante Alighieri (1263-1321). Sordes deu sórdido no Português, sinônimo de abjeto, repugnante, nojento, emporcalhado, corrupto, obsceno, indecente, sujo. Para designar lixo, o Espanhol prefere basura, alteração de versura, do Latim verrere, varrer. O Houaiss informa que o vocábulo entrou para o Português no século XIV, mas um documento de 1257 encontrado na freguesia de Almoster, Portugal, já registra a palavra.

Pedestre: do Latim pedestre, declinação de pedester, de pes, pé. Os antigos romanos tinham duas palavras para quem andava a pé: infante e pedestre. Donde, infantaria, a tropa de soldados que não lutam a cavalo, mas a pé. No Rio de Janeiro antigo, pedestre designava igualmente policial. Depois da invenção do automóvel, o pedestre tornou-se um problema para o carro e vice-versa. Várias tentativas foram feitas para disciplinar o uso das ruas por ambos, tendo algumas resultado em fracassos homéricos e até em mortes. Em 1914, um policial inventor americano instalou em Cleveland, nos estados Unidos, o primeiro semáforo elétrico, parecido com os atuais, porém não o patenteou.

Semáforo: do Francês sémaphore, com os compostos gregos sêma, sinal, e phorós, que carrega, designando originalmente mastros instalados nas costas marítimas para trocar sinais com os navios, mediante bandeiras ou luzes. Passou depois a designar postes de sinalização em ferrovias e rodovias. Com a invenção do automóvel, instrumento semelhante foi adotado para controlar o tráfego de veículos e pedestres, chamados peões em Portugal, e o novo tipo de sinalizador recebeu também o nome de semáforo, além de farol e sinaleira. Apesar do nome francês, o primeiro semáforo rodoviário foi instalado em 9 de dezembro de 1868 em Londres.

Telégrafo: do Francês télégraphe, formado do Grego tele, longe, à distância, e grafe, escrito. A primeira parte da palavra (tele) está presente também em telegrama, telepatia, televisão, telenovela, telespectador. Usando apenas luzes e não sinais sonoros, o francês Claude Chappe (1763-1805) tinha criado no século anterior um semáforo que permitia a comunicação a centenas de quilômetros, denominando-o télégraphe.

Deonísio da Silva, da Academia Brasileira de Filologia, recebeu o Prêmio Internacional Casa de las Américas, em júri presidido pelo escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura.Escritor, professor e doutor em Letras pela USP, é professor (aposentado) da UFSCar (SP), curador de Língua Portuguesa da Universidade Estácio de Sá (RJ), onde ministra vídeoaulas, diretor adjunto da Editora da Unisul (SC) e colunista de Bandnews, com Ricardo Boechat e Pollyanna Bretas. Livros de sua autoria estão publicados também no exterior. É autor de De Onde Vêm as Palavras (17ª edição) www.lexicon.com.br

Revista Caras

2015

deonísio da Silva
Enviado por zelia prímola em 15/10/2019
Código do texto: T6770661
Classificação de conteúdo: seguro