A MOÇA QUE PEDIU MEU CHAPÉU...
Algumas pessoas reclamam quando alguém recebe uma postagem e escreve... escreve... escreve... gosto de escrever quando vejo algo que me chama a atenção.
Essa cena e essas palavras mexeram comigo, me fazendo lembrar um episodio, no minimo, pitoresco.
Fui ao centro da cidade fazer pagamentos e como sempre a fila estava imensa... passou da hora de retornar para casa para o Almoço.
Então fomos a um self-service e quando estávamos almoçando.
Uma senhora muito bem vestida, no salto, com uma bolsa chic, toda maquiada sentou-se ao meu lado, sem ao menos pedir licença e disparou: "____ Moça, eu venho de.... e estou sem o dinheiro da passagem para voltar. A senhora pode me dar R$30,00? Meu marido é diabético e eu tenho um tumor maligno na cabeça. A senhora pode me dá o seu chapéu? O sol tá muito quente e eu perdi o meu chapéu no ponto do ônibus..."
Pense no susto que eu levei, quase me engasgo com a comida.
Minha filha ficou em pânico, com medo que a mulher fosse uma bandida e estivesse armada e me ferisse, visto que ela me fechou no canto da parede e eu não poderia sair de onde estava... respirei fundo, engoli a comida, me virei para ela e falei "__... a senhora vem pra Maceió sem dinheiro de voltar pra sua cidade? Como pode fazer isso? Moça, isso aqui é um restaurante. Nós estamos almoçando. Por que a senhora acha que estou com um chapéu na cabeça? Eu sei que o sol está quente... como pode perder o seu chapéu?"
Ai ela, na maior, respondeu "___Fui pentear os cabelos!"
Puxei conversa só para ver até onde ela iria “___Seu marido é diabético, é? Trabalha, é aposentado?”
Ela respondeu “___ Ele não trabalha mais por que está doente... e não é aposentado não! Sim, a senhora me dá o seu chapéu, o meu era bonito assim, com um laço lindo como o seu... fui la nos camelôs e perguntei o preço: R$20,00...”
Aí somei os valores dos pedidos daquela estranha criatura: R$30,00 da passagem + R$20,00 do chapéu = R$50,00. Ela estava zonando com a minha cara.
Sempre ando conforme meu poder aquisitivo – despojada de requinte!
Entre todas as pessoas que estavam no restaurante, inclusive ela, eu é quem parecia estar necessitando de ajuda financeira.
A mulher continuou desfiando um rosário de lamúrias e eu olhando pra cara dela... minha filha parecia um búfalo enfurecido, contido pelo poder de Deus.
Resolvi que se era pra contar história eu também lhe contaria a minha, mas não lhe daria meu chapéu... lhe compraria um... perguntei se estava fazendo tratamento contra o tumor e ela me disse que sim, estava tomando Rivotril... ai respondi que esse medicamento é usado como tranquilizante e não como tratamento contra câncer... até onde eu sei.
Mas ela não arredou pé, e a cada minuto olhava o belo relógio no pulso... a garçonete desconfiou de algo, chegou até a mesa, perguntou se estávamos precisando de mais alguma coisa, mas vendo que eu estava conversando, tranquilamente, com a dita cuja, se afastou... “alguém” me alertou: “Dê o chapéu a ela, para que vá embora! Sua filha está passando mal.”
Como sempre, me veio à mente as palavras do Salmista:
4 Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
5 Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,
6 Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
7 Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
8 Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
9 Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.
10 Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
12 Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
13 Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
14 Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
15 Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela“1 Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
2 Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
3 Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. o retirarei, e o glorificarei.
16 Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação. “
E junto com elas, a voz de minha mãe: “____... que vão-se os anéis e fiquem os dedos... dê o seu chapéu, pois foi olhando para sua cabeça que ela falou... deixe que cubra o tumor ou a mentira... dê o chapéu, filha! Não o queira mais sobre sua cabeça.”
Tirei o chapéu e o estendi para ela... “___Vejo que está apressada e eu estou cansada e fazendo minha refeição. Tome o chapéu, já que o achou bonito. Depois compro outro, quando sair daqui. Vá em Paz.”
Ela recebeu o chapéu e disse “___ A senhora não quer me dar os R$30,00 da minha passagem não? Desde cedo que estou pedindo e ninguém me deu...”
Respondi com toda franqueza que me é peculiar. “___ Não posso lhe dar mais que isso, senhora. Peça ao gerente do Restaurante, aos outros clientes, talvez eles lhe ajudem. Se a senhora estivesse com fome... eu lhe pagaria um almoço... mais que isso, não farei... boa viagem. Vai com Deus!”
Ela segurou a minha mão, olhou para um lado, para outro, desconfiada e disse: “___Deus lhe pague...” e foi embora, sem importunar mais ninguém.
Passou pelo gerente feito uma bala... minha filha respirou... e chamou a garçonete, relatando tudo o que havia ocorrido.
Daí a jovem falou que antes era um senhor, todo embecado, que estava importunando os clientes e o gerente o expulsou do restaurante, avisando que, se ele viesse novamente, chamaria a policia... foi quando a “ficha” caiu!
Alguém poderia me dizer o que houve?