Uma mera opinião: língua e cultura.

Não se fala do cultural sem falar do linguístico, porque a língua e a cultura são realidades indissociáveis. É, obviamente, uma falácia percebê-los de forma isolada, aliás, a língua é um elemento cultural, pois é uma das formas primárias de que um povo utiliza para poder manifestar os seus pensamentos, hábitos, costumes, tradições etc. Nesta senda, é necessário que se perceba que o ensino de uma língua não pode ignorar aspectos culturais nele inerente. Isto torna o orientador da aprendizagem além de educador um activista cultural, um conhecedor dos hábitos e costumes do povo que se exprime na língua que ensina. Além disso, enquanto activista cultural cabe-lhe também o conhecimento suficiente sobre as artes - artes cénicas ( teatro, dança), música, pintura, LITERATURA, fotografia, artesanato, cinema etc.- de modo a incentivar o educando e a criar neste o interesse pelas artes que são importantes para o desenvolvimento intelectual. Este interesse não se deve reduzir no despertar das potencialidades do educando para as artes, mas também na criação do hábito apreciativo e acima de tudo crítico de modo que este possa através dela desenvolver a capacidade criadora e crítica.

No caso de Angola ou específicamente das línguas nacionais , por exemplo,a canção e a dança, as lengalengas, os adágios ( estes últimos que se exprimem através da palavra/ linguagem) são elementos que devem necessariamente ser tidas em conta já que nelas estão inclusas muitas filosofias, modos de pensar, teoria, histórias do nosso povo, uma vez que a literatura oral constitui uma realidade muito forte, pois antes da colonização éramos uma sociedade ágrafa.

Este modo de pensar, a nosso ver, é uma crítica da forma clássica como se tem encarado o ensino da língua por parte de muitos professores em que se reduz o ensino da língua as normas, morfologia, sintaxe, etc. sem ter em conta estes aspectos que nós achamos importante.