Relato 35) Santo Daime - Terra do Sol - Trabalho de Cura de São Miguel - (28/09/2019)
 

NOTA: Esta igreja fica em Mairiporã-SP (@terradosolreal), tem seus fundamentos na doutrina do Santo Daime, mas não é filiada ao Cefluris (Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra). É uma igreja independente
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Fui sozinho. A esposa ainda não está com vontade de ir novamente.
No sábado cochilei um pouco a tarde e acordei às 18:30.
Só então lembrei que o trabalho estava marcado para às 19:00. Tudo bem que geralmente não começa no horário marcado, mas não gosto de chegar depois que o trabalho já começou.
Acabei saindo de casa às 19:30. Cheguei às 20:50. Desta vez consegui chegar no trabalho sem vontade de voltar no meio do caminho, o que já foi muito bom, rs
O trabalho havia começado há pouco. A fila para tomar o primeiro daime estava se formando. Perdi somente a oração inicial.
Tomei o primeiro daime (daquele mais apurado), um pouco mais de meio copinho, e voltei para o meu lugar.
O trabalho começou com o hinário Oração, do padrinho Sebastião.
Logo no final deste hinário senti a força chegando de leve. Coloquei mais uma blusa e as luvas
Comecei a trabalhar, mas com a mente bem presente. Perguntei se seria assim o trabalho e ouvi, daquela voz que quase vejo no ar " Você é um ser trino agora. É assim que será, com a sua mente presente"
Minhas mãos trabalhavam, abrindo e fechando portais, transmutando energias.
Logo depois, antes dos hinos de São Miguel, foi anunciada o segundo despacho do daime.
Aguardei a minha vez e fui tomar a segunda dose. Me foi servido meio copinho.
Continuei trabalhando, ainda com a mente bem presente.
Começaram os hinos de São Miguel e comecei a trabalhar nesta força, mas sem sentir a tomada da consciência, aquela transfiguração na força de São Miguel.
Em determinado momento, sem hinos, veio na minha consciência o mestre Tranca Ruas e começou a trabalhar, fazendo gestos mágicos com as minhas mãos. Alguns irmãos saìram para fazer suas limpezas neste momento.
Foi anunciada então o terceiro despacho do daime e eu estava bem na força ainda.
Quando foi chamada a minha fileira fui para a fila tomar a terceira dose.
Nunca falo nada para o irmão do despacho, apenas sorrio e deixo que ele, na força também, me sirva o necessário.
Ele serviu mais meio copinho. Acho que na volta para a minha cadeira veio um pensamento do tipo "puts, agora ele exagerou"
Depois começou chamadas para Ogum. Comecei a trabalhar com este intenso poder, sentado, bailando com os pés.
Mas em determinado momento me levantei meio enjoado (pouco enjoado, o enjoo não era motivo para me tirar da corrente)
Tentei sair da igreja mas não consegui. Era como se tivesse um bloqueio na porta da igreja e eu não conseguisse passar por ele.
Me sentei no chão, nos fundos da igreja, perto da ala masculina. Estava sem a blusa mais grossa.
Passou um curto espaço de tempo e um fiscal veio ver como eu estava e disse que iria colocar uma esteira para eu não ficar no frio.
Logo depois ele me conduziu até uma esteira e me cobriu com um cobertor. Apontei para onde estava a minha blusa e pedi que ele a pegasse para mim.
Coloquei uma manga da blusa, mas não conseguia colocar a outra. Este mesmo fiscal me ajudou e ainda colocou tipo um travesseirinho, para caso eu precisasse deitar.
** Só gratidão a estes valorosos irmãos, que nos ajudam na hora da nossa necessidade **
A força vinha, eu começava a entrar nela, mas logo saia.
Fiquei ali, enrolado no cobertor, encolhido, como uma criança com medo.
Outro irmão da casa veio ver como eu estava. Um ser veio à frente na minha consciência e disse "Ele ainda resiste. Pedimos mais um pouco de paciência com ele"
Este irmão disse que eu poderia ficar à vontade, que fosse dialogando, até poder voltar para a corrente.
Depois este irmão voltou novamente, com a tigelinha de ervas da defumação. Assim que soprou a fumaça em mim me senti mais forte, me deixando entrar na força, mas logo sai dela.
Teve um momento de pausa sem hinos, em que dava para sentir a energia vibrando em ondas fortíssimas, sacudindo o salão. Neste momento muitos irmãos saíram lá fora para fazer as suas limpezas.
Eu tentei sair também, mas não consegui nem me levantar para sair da igreja.
Em algum momento, o mestre Tranca Ruas chegou perto e disse: "Vamos, em mim você confia, né?". Mas não teve jeito, continuei encolhido e enrolado no cobertor.
No meio disto tudo eu ouvia, daquela voz "Você é Deus. Não aceite ser menos do que isto". Eu falava baixinho. "Não sou Deus"
Aí ele falou: Não? Pois vou te mostrar quem você é"
E fez minha consciência sair do corpo e viajei pelo Universo. Cheguei em um lugar em que dava para sentir o ar em ondas.
Um lugar do mais puro Amor que já senti.
Voltei e quando minha consciência chegou perto do meu corpo não consegui me identificar com ele.
Fiquei simplesmente olhando para ele, sem acessa-lo.
Ele disse Sorrindo: "Você não Existe".
Eu falava baixinho "Porque ainda é tão difícil assim? Ele respondia "Sim, porque é difícil?"
Falei também: Quando acho que estou chegando perto (meu objetivo é fazer o trabalho sem sair da corrente), fica mais longe novamente. Dou dois passos à frente, mas aparecem mais dez!
Eu achava que já estava curado destes medos. Meu lugar é na corrente... mas...
A resposta, daquela voz que quase vejo no ar:
"Você está buscando o inatingível. Não há lugar onde chegar, pois este processo nunca acaba. A evolução é cíclica, não linear. Não existe um lugar onde chegar, mas existe um lugar onde Ser, e é isto que você está sendo agora. Preocupe-se apenas com o processo, sem querer chegar em lugar nenhum, porque quando você chegar em algum lugar, um novo  Universo estará se descobrindo. A Vida é eterna e feita de descobertas, lembranças, ciclos".
Depois minha consciência se perdeu no Cosmos, perdi totalmente a individualidade e a noção de que tinha um corpo.  Eu agora fazia parte de um gigantesco oceano de energias e fui envolvido pelo mais terno, puro e compreensivo amor que já senti.
Abri os olhos e vi meu corpo tremendo todo e não consegui estabelecer qualquer vínculo com ele, rsrs. Um sorriso amoroso apareceu nos meus lábios.
Aí a minha consciência voltou ao corpo novamente.
Depois veio novamente aquele irmão que tinha me acomodado no início. Disse que não faltava muito para o trabalho terminar. Eu disse que não conseguiria voltar sozinho. Ele disse "Eu te ajudo". Segurei firme em sua mão e ele me ajudou a chegar no meu lugar.
Quando cheguei lá já era outra consciência. Assim que cheguei na minha cadeira me sentei e comecei a trabalhar.
Estavam sendo cantados alguns hinos do hinário Instrução, do Lúcio Mortimer.
Ouvi daquela voz "Que bom que você voltou. Vamos trabalhar"
Entrei na corrente, trabalhando. Ouvi de alguns seres "O que ele estava fazendo lá(sorrindo)?". O outro "Não sei(sorrindo)". Sorri junto com eles.
Aí senti aquele torpor descendo em ondas, começando pela cabeça, descendo pelo corpo inteiro. Digo que o ser (neste caso um santa, tal qual era chamada no hino) se veste sobre mim.
Senti meu rosto mudando de forma, eu já não existia mais. Estava totalmente transfigurado nesta santa, trabalhando neste poder.
Terminou este hino, saí da energia dela e continuei trabalhando.
Cantei muitos hinos. Quando voltava para a mente eu ouvia a minha voz, e quando entrava na força eu não a ouvia mais.
O trabalho foi se encaminhando para o final.
Iniciaram as orações finais, 3 Pai Nosso e 3 Ave Maria, e minhas pernas começaram a tremer e a fraquejar. Fiquei com muita tontura.
Me firmei para fazer as orações.
Os recados finais estavam sendo ditos e eu estava com as pernas fracas, com a consciência bem expandida ainda.
Trabalho encerrado, fui lá para fora.
Saí cambaleante para fora da igreja, não estava no meu estado normal ainda.
Sentei em um tronco e senti que a força ainda estava querendo vir. Me firmei e disse "Eu já decretei que quando o trabalho terminar eu não quero mais entrar na força. Acabou, acabou"
Fiz este decreto porque em alguns trabalhos a força ainda queria me mostrar algo após a conclusão do trabalho, e isto era bem complicado para mim.
Mas não tinha jeito. Se eu fechava os olhos algo vinha e queria tomar a minha consciência.
Senti então que eu estava sendo atacado.
Fiz a minha oração e logo ouvi "Olhe para dentro de si e encontre o sorriso (a consciência divina)"
Eu me concentrava na minha respiração e logo aquele sorriso maravilhoso, que não é deste mundo, vinha ao meu rosto. Quando isto acontecia esta força (que eu não sentia como uma força "do bem") se dissipava.
Abaixei a cabeça, perdi o sorriso, e começava tudo de novo.
Achava o sorriso e este "ataque" se dissipava. Quando me desconcentrava começava este "ataque" novamente.
Novamente esta voz me pedia "Se concentre, ache o sorriso"
Pensei em pedir ajuda e dizer "Estou sendo atacado, me ajudem". Mas senti que eu é que tinha que sair deste estado. Tinha poder e sabedoria suficiente para isto.
Fiquei nesta batalha por uns 30 minutos. Quando consegui manter a consciência por alguns segundos, levantei e fui (cambaleante) para a fogueira.
Mesmo perto da fogueira as minhas pernas estavam fraquejando, estava tonto, algo querendo assumir a minha consciência.
Foi aí que me lembrei de algo.
Um irmão da Casa fez a passagem há uns 15 dias e por várias vezes ao dia eu pensava nele, embora o conhecesse muito pouco nesta vida.
Seria realizada uma missa para ele no dia 07/10 e eu inconscientemente pensei: seria bom se eu fosse, para o caso de ele querer passar uma mensagem através de mim.
Olha como somos criadores poderosos, mesmo inconscientemente.
Assim que me lembrei dele senti que era ele que estava querendo vir na minha consciência.
Comecei a conversar com ele, dizendo para que ele seguisse a luz, que ele sabe o caminho, pois lhe deve ter sido mostrado várias vezes nas mirações com o daime (ele era fardado há mais de 10 anos)
Teve um momento em que ele quase abriu a minha boca para falar.
Fiquei um bom tempo assim, resistindo à tentativa dele passar pelo meu corpo.
Foi ai que...
Ouvi daquela voz, que quase vejo se formando no ar "Ele não quer vir através de você. Ele só quer que você o deixe ir"."Ele só quer seguir o seu caminho em paz e você o está segurando". "Liberte-o."
Mudei o meu pensamento, e quase pude sentir a alegria dele em continuar a sua jornada, que bruscamente interrompi.
Aos poucos esta influência foi deixando o meu campo e voltei à normalidade.
Ainda ouvi "Você não estava sendo atacado. Podemos lhe proteger de tudo, menos de você mesmo"
O trabalho havia terminado às 03:30. Só consegui ir embora às 05:00.
O dia seguinte ao trabalho correu normalmente, sem muita coisa a declarar.
No dia seguinte canalizei seres que me explicaram o que aconteceu neste trabalho.

Autor: Valdemir Nunes da Silva