NEM MAIS NEM MENOS…
Desde criança(1957), fui educada (treinada) para enxergar além da minha visão física.
Jejuns, orações e algo que hoje conheço como exercício de Pranayama… na minha época, as Irmãs da 2ª Ordem de São Francisco (gosto de chamá-las Monjas Franciscanas) nos ensinavam os exercícios Pranayama (que eram chamados de técnica de respiração correta) para facilitar o ato de: orar, cantar e representar quadros religiosos!
Tínhamos, inclusive, um horário que ia de 12:15 às 13:15 horas, chamado: Hora do Silêncio, no qual poderíamos fazer qualquer coisa, inclusive dormir, desde que tudo fosse feito no mais absoluto silêncio.
Nunca necessitei usar nada além disso, para alcançar um estado alterado de consciência, fui muito bem cuidada pelas pessoas a quem fui confiada pela Minha Mãe Biológica, ela, uma mistura de Kilombola com Xucuru/Kariri.
Tornei-me adulta antes do tempo… amadureci como fruta exposta à inclemência do sol… mas cheguei até aqui, ultrapassando e vencendo cada obstáculo posto diante de mim.
Aprendi a ler e escrever aos quatro anos de idade… minha Mãe, só alfabetizada, me alfabetizou, usando para isso a Cartilha do ABC, lápis e pedaços de papel onde eram embrulhadas as compras que fazia na bodega.
Ensinou-me os rudimentos da matemática: somar, subtrair, multiplicar e dividir, se utilizando das sementes que plantávamos na roça.
Quando percebeu que tudo aquilo que me ensinava não era suficiente para mim, entregou-me no Orfanato São Francisco de Assis, hoje Santuário São Francisco de Assis.
Lá, aprimorei o ler, escrever e contar… ou sejam, as disciplinas Português e Matemática, às quais foram adicionadas outras que me fascinam até hoje: ciências, geografia, história e Arte Dramática.
Aí você pergunta: ___E quem é você?
Repondo: ____Eu sou o que Sou, nem mais nem menos.
Sou uma senhorinha de 66 anos, muito chata e ranheta, que até hoje mantém acesa a chama da curiosidade e do querer aprender, sempre.
E, por conta desse querer aprender sempre, há pouco tempo, tive a honra e alegria de conhecer um Pajé e uma Xamã, brasileiros, nordestinos e alagoanos que falam e vivenciam o verdadeiro xamanismo.
Não aquele xamanismo que nega a ciência e a tecnologia, mas que agrega a elas o seu Conhecimento Ancestral – são eles: Pajé Tanawy e a Xamã Koram Xucuru.
Falar sobre os dois, no momento, é ainda impossível para mim… necessito de mais um tempo para absorver tudo o que eles nos oferecem de respeito pela Natureza, em sua totalidade, nos incluindo entre essa totalidade!
Toda e qualquer re-ligião que nega a necessidade de evoluir, mas se utiliza da evolução para viver melhor, não merece o meu respeito e nem a minha confiança.
Assim como a ciência e a tecnologia que nega a sabedoria e o poder do Homem de Neanderthal, não merece a minha credibilidade!
Se estamos aqui, é por que eles não precisavam do que temos, agora, pra sobreviver e nos dar possibilidade de Sermos Hoje!
Suas ferramentas, Sua Sabedoria, Sua Ciência, Sua Tecnologia, eram outras… não desmatavam, não poluíam, não exterminavam as espécies dos Reinos da Mãe Natureza.
A civilização do homem é algo inegável… mas o que a maioria do dito “homem moderno, civilizado e sábio”, faz?
Destrói TUDO por onde passa, inclusive a si próprio!
É um ser invejoso, cruel, sanguinário, egoísta… e mau!
Se eu gostaria de voltar a ser um Neanderthal?
É possível?
Não?
Então, não preciso de muita coisa para continuar sendo o que SOU!
Só preciso do que disponho hoje, sem excluir o que aprendi com Minhas Antigas, nem o que aprendi com a atualidade.
E assim vou… descalça e reverente… um-passo-após-o-outro… caminhando… sabendo que o dia é curto e a estrada muito longa.
Munay.