Estou morrendo lentamente
Estou morrendo lentamente sob o peso das tuas mãos. Teus olhos, na ingênua sinceridade, chicoteia meu corpo, fadado ao cansaço das madrugadas em claro, olhando janelas, contando espaços, criando histórias, marcando territórios, dizendo tolices sobre tudo o que existe.
Estou morrendo lentamente aguardando que suas palavras digam ao menos mentiras que eu possa acreditar. Teus lábios, na sordícia das minhas fraquezas, traçam meu caminho, enquanto aguardo o teu encontrar-se ao meu, enquanto a brasa consome meu derradeiro cigarro, o café angustia sua própria espera.
Estou morrendo lentamente sob a impossibilidade de concretizar-me. Teus braços, no aperto cálido e úmido do clima que instou freneticamente, sustenta-me sobre o vão abismal que é o teu amor. Não existe possibilidade, somente o querer clássico, o pressentimento frágil (fugace) da adolescência perdida...
Estou morrendo lentamente envolvido pelo teu desejo de assegurar-me dentro de ti, sentir-se preenchida no teu íntimo, enquanto sonhas com teus olhos os olhares que ainda te dou...