Inferno
dezembro 02, 2017
O maior inferno da era pós-moderna é a crença em si mesmo. Todo mundo quer ser alguma coisa, mesmo não sendo nada. Todo mundo se adora. Todo mundo quer um altar. Todo mundo quer o céu, mas ninguém quer a negação de si, ninguém quer sacrificar-se, ninguém quer humanizar-se.
A era moderna é ressentida, o pensamento que rege todos nós é idolatria de si. Eu sou. E é isso que importa. Se me criticarem explodo. Se falarem mal de mim é porque sentem inveja. Esse é o sentimento. A afetação moral e pessoal.
O inferno atávico é da renúncia da real liberdade. Liberdade que exige responsabilidade. Não creio que somos felizes. Creio que somos uma raça de desconsolados, que busca incessantemente ser alguma coisa. Aqui rege então a egolatria. A crença em si mesmo é tão utópica quanto crer num paraíso eterno.