VIDA: PATRIMÔNIO DAS INSTITUIÇÕES
A vida tornou-se um 'Patrimônio das Instituições'. Ela é regida por regras, leis, governos e religiões.
Tudo começou quando um ser humano descobriu o fogo, o primeiro poder de 'barganha' conhecido. Ele, o fogo, dava um poder de mil homens a quem o administrava: transformando o sabor dos alimentos, iluminando e aquecendo as noites, aterrorizando quem não o conhecia. Quem detinha esse poder era chamado de deus, de absoluto, dono do bem e do mal. Por esses motivos, começaram a surgir as regras, a obediência, o medo. Por causa do medo, veio a submissão. Por causa da submissão, a escravidão, a servidão, a desigualdade. O poder escravizou, matou, separou os fortes dos fracos, distribuiu as regalias e as mazelas, criou a sociedade recriando o modo de viver. Os contrários a esse 'Mundo Novo' eram marginalizados, condenados, punidos. Daí surgiram as 'Instituições', que eram incumbidas de manter a ordem, a disciplina, o medo. E elas ganharam tanto poder, que ficaram mais importantes do que a própria vida, tendo o direito de tirá-la assim que achasse necessário. E em nome do fogo, ou de um deus, ou de um rei, ou de uma crença essas vidas importunas eram banidas para dar exemplo, ou para conservar o medo, ou para manter a disciplina, ou para perpetuar o poder. Diante do inevitável, a vida se curvou. Por causa das 'Instituições', a vida tornou-se propriedade daqueles que tinham o dom de manusear o fogo.
Penso no mundo sem o fogo, seria frio e escuro. Não teríamos 'fogueira de São João', tão pouco velas no Altar. Seríamos crus... Mas, livres.