O HOMEM “SEM DEUS”
E se o conceito de deus for apenas um vício adquirido?
Sob o “manto da graça” é possível ocultar ou construir tenebrosas personalidades!
*Por Antônio F. Bispo
Como dito em outro texto, o sistema religioso funciona como um grande sistema de fabricação e distribuição de entorpecente, cujo objetivo principal é manter o lucro constante dos fornecedores e o controle das massas pelo vicio que fora introduzido cujo efeito psicológico assemelha-se em muito aos alucinógenos tido como ilegais.
Eles criam gigantescas cadeias de diferentes viciados, cada um à sua época ou cultura e depois do vício introduzido, até o fim de suas vidas os dependentes terão que pagar caro para manutenção do próprio vício pois os fornecedores aumentarão o preço à medida que aumenta-se a procura geral.
Quando um produto abundante é controlado ou monitorado seu acesso, não há outro meio de adquiri-lo a não ser por aqueles que o controlam. Isso vale para tudo, até para “deus”.
Dizem que deus é um ser (produto) abundante e acessível a todo ser vivente do universo acessível a todos, pai de todos e para todos ao mesmo tempo que dizem que há um grupo escolhido (todos os grupos se dizem escolhidos) e que o único meio de obtê-lo realmente para obter o perdão de sua própria ira e a salvação futura é filiando-se a um determinado agrupamento religioso, batizando-se, comungando, participando dos ritos e seguindo uma lista enorme de proibições e deveres para que ele realmente te abençoe, te proteja e te salve.
Não importa se você é judeu, cristão, ou mulçumano, indiretamente “deus” será filtrado, apurado, refinado e vendido somente nas igrejas autorizadas por ele (todas se dizem autorizadas), cada uma delas com subdivisões, vendendo um deus mais puro que as demais com diferentes graus de efeitos alucinógenos, com variações de preços que mudam de acordo com o grau cultural ou financeiro dos usuários.
Nesse agrupamentos existe o deus que te enche e te faz bater a cabeça feito louco, se estrebuchar no chão e falar línguas estranhas feito um louco, sem proveito ou edificação alguma para o usuário; Existe o deus que te faz ter visão e revelação da vida dos outros, principalmente ver mentiras e bobagens; Existe o deus que faz você se sentir feliz e doar tudo que tem para a “casa dele”; Existe o deus que vai encher os seus servos do seu espírito para estes comerem capim como se fossem animais na frente dos templos durante o culto; Existe o deus que enche para você ir matar ou morrer em nome dele em países diferentes; Existe o deus que vai te deixar besta, trouxa ou conivente ao ponto de ver ou saber que o próprio líder religioso abusa de crianças, estupra mulheres ou humilha você ou sua família em público e você nada fará...há deus pra tudo, menos para a verdade, a justiça e o juízo! Quanto mais “puro” for a dose de deus que você tomar, mais “doidão” você vai ficar e menos da realidade você vai constatar.
Outro preços caros que os usuários de tais sistemas precisam pagar para manter o vício: matar o próprio EU e seguir a mentalidade de rebanho sem jamais levantar os olhos para olhar seus líderes cara-a-cara de igual para igual ou acima destes; Destituir-se da racionalidade com a certeza de severas punições toda vez que recorre a ela outra vez; Pagamento mensal ou instantâneo de 10% de todo o seu faturamento para “deus”; Compra obrigatória, estimulada ou compulsiva de bugigangas ungidas, de literaturas ou de todos os produtos produzidos ou indicados pelos influenciadores do sistema. Esses são alguns dos principais sintomas. Os efeitos colaterais sãos os mais diversos. A idade média, conhecida como a idade das trevas foi o mais longo e duradouros dos efeitos colaterais já produzido pelos “entorpecentes divinos”.
Os que comercializam a ideia de deus. Inventam o inferno para vender aos seus clientes o paraíso. Inventam o pecado para vende-lhes a salvação. Inventam todo tipo de demônio para venderem diferentes tipos de exorcismos. Inventam vários tipos de maldiçoes para vender-lhes todo tipo de beatitudes. É lucro para todo lado para os fornecedores do sistema.
Apesar de serem “pela graça e pela fé” nenhum dos produtos ou serviços fornecidos pela igreja é de fato gratuito. Todas tem o seu preço, mas a grande maioria não tem valor algum. Nem valor simbólico por serem em sua maioria antagônicos ao próprio sistema de crenças “original”, nem tem valor prático, pois para nada servem, pois se servissem para alguma coisa, os “clientes” comprariam apenas uma única vez e jamais precisariam comprar de novo a mesma coisa ou versões variadas do mesmo produto tantas vezes.
Tem gente que é tão crédula (ou tão burra) quem em 20 anos de apostas na casa de deus para se darem bem na vida, já comprou mais de 50 produtos diferentes para ter vitória ou sucesso e mesmo assim continuam na derrota.
Caneta da vitória, chave da vitória, vassoura da vitória... lenço ungido, fronha ungida, colher ungida, água ungida, sabonete ungido...não falta criatividade para roubar o povo, e mesmo assim, o fiel não percebe que estar sendo vítima de vários tipos de abusos, inclusive o financeiro. Se por acaso tais produtos servissem, só seriam vendidos uma vez e já resolveria o problema do usuário, mas todo traficante, ao vender um vício ele não estar nem aí para o bem estar dos outros e sim para o próprio faturamento.
Esse mesmo fiel que deixa boa parte de seu suado dinheiro dentro das igrejas comprando coisas inúteis, servindo de massa de manobra, alimentando o próprio vício ou o vício maldito do seu chefe, é o mesmo que demoniza os viciados em drogas ilícitas, ou são os mesmos que vão às ruas para evangelizar os “perdidos” e viciados, aconselhando aos tais a deixarem seus vícios malditos...Que coisa doida! Se olharmos bem, vício em drogas ilícitas mata no varejo, mas o “vicio em deus” mata no atacado promovendo guerras santas e tudo que esteja relacionado a conquistas em nome da fé. Tem gente que não se enxerga!
Pois é....dizem que o peixe não sabe que estar dentro d’água, e só o percebe quando é retirado dela. Os que que vivem debaixo dos chicotes dos sistemas de crenças religiosos também não o sabem!
Quem estar num gigantesco prédio também não tem ideia de como realmente ele é, a menos que tenha uma planta do prédio em mãos e saiba como interpretá-la. Caso contrário terá de sair e se afastar o máximo possível do prédio para ver realmente as dimensões do local onde estava inserido.
Em alguns casos será preciso ver pelos 4 lados e ainda por cima da estrutura para ver realmente a construção se essa for muito grande e tiver faces diferentes. Em outros casos mesmo vendo toda estrutura por fora terá de ver também por dentro, vasculhando metro por metro para entender toda a estrutura.
Na vida de um crente isso jamais será possível! É proibido questionar, argumentar, verificar e relatar os fatos como eles realmente o são! Tudo já tem uma interpretação estabelecida pela liderança ou a hierarquia desta.
Cada igreja tem sua verdade. Cada igreja tem o seu conceito de deus, do que deus gosta e do que não gosta, do que é santo ou do que é pecaminoso e cada uma delas vendem por preço diferente a salvação futura ou as bênçãos terrenas. Todas elas vendem o que nunca obtiveram e jamais poderão entregar a salvação que futura qual prometeram e sem alguém pede a “nota fiscal” de tal produto ou serviço, será gravemente penalizado. A fogueira, a espada e o martírio foram as “notas de serviços” dadas ao hereges do passado. Hoje temos o boicote, a perseguição e a humilhação em público para quem ousar enfrentar o grande esquema milenar de vender ilusões.
Como em um vício tenebroso que deixa sequelas no corpo ou na personalidade do usuário, não dá pra se libertar totalmente desse sistema de uma única vez, a menos que a pessoa tenha sido um mero fingidor oportunista, pois o fiel em si, sem saber se torna uma ramificação do próprio sistema e para matá-lo, é preciso morrer junto com ele, e depois renascer outra vez.
A filosofia até hoje tem sido o melhor “veneno” para esse propósito. Ela te mata e depois te devolve a vida outra vez.
Como a mordida de um vampiro, esse processo de desintoxicação é bem dolorosa. A pessoa agoniza alguns dias ou anos mas depois ressurge como uma nova pessoa.
Para os que foram “usuários” dos sistemas de crenças cristãs por exemplo, o percurso até o processo de libertação é quase sempre o mesmo para quase todo mundo dividido em 7 passos que são:
• Passo 1-Depois de tanto apanhar, ser humilhado e notar tantas contradições no sistema onde estar inserido, o indivíduo se desliga ou se afasta temporariamente daquela igreja e começa simpatizar por outras, julgando que somente a que ele frequentava era assim e que nas demais seria tudo certinho
• Passo 2- Após muito flertar com outros modelos de igrejas ou crenças cristãs, o indivíduo começa a notar que não existe igreja diferente, que todas elas são iguais pois lutam pelos mesmos ideais, que é o domínio dos indivíduos pelas suas próprias crenças, manutenção das hierarquias eclesiásticas, do luxo e conforto para os que estão no topo da pirâmide eclesiástica e que não é por mérito ou por honestidade que se galgam os degraus nas hierarquias da fé, mas pela subserviência cega, pela malandragem, pelo acobertamento do que não presta mantendo assim o silencio dos inocentes, pela chantagem, ou pela trapaça e que todos os que se mantém em suas posições hierárquicas são coniventes com isso.
• Passo 3- O indivíduo perde toda e qualquer admiração ou temor pelas lideranças religiosas sem precisar perder o respeito ou partir para agressões contra os tais. O sujeito que temia o seu líder pelas ameaças que ele fazia usando a bíblia, que mal conseguia olhar em seus olhos, agora o vê como uma pessoa qualquer, como um crápula, como um bosta, ou a criatura mais vil e desprezível do planeta dependendo de quanto este sofrera psicologicamente em suas mãos ou o quanto fora obrigado a abafar acontecimentos escabrosos realizados pelo tal líder, para não manchar a tal obra de deus.
• Passo 4- O indivíduo perde a consideração ou credibilidade pela igreja como um todo e a passa a ver tal instituição e sua história como um clube social qualquer, um ajuntamento comum de pessoas como tantos outros, uma casa de comércio, um local de chantagem e engano, ou dependendo dos dias vividos em tais ambientes, a comparação mais plausível seria a do inferno! Até esse ponto a pessoa se afasta das igrejas ou das lideranças e continua dizendo que a bíblia, deus e jesus são verdadeiros e o homem é falho. Até aí ainda tem possibilidade de volta para o sistema religioso, e muitos líderes investem pesados para resgatar os “perdidos” e os “desviados” para os “caminhos do senhor” até esse momento. Os líderes religiosos também temem que certos membros contem a todos como realmente algumas dessas instituições realmente funcionam e a maneira mais persuasiva para atraí-los de volta é dando-lhes cargos nas igrejas e posições de destaques que o façam “desdizer” tudo o que ele já disse a respeito do sistema. Muitos caem como um patinho nesse golpe e voltam como se fossem cães sem casa, indefeso, que agora feliz abana o rabo por ser acolhido pelo próprio dono que outrora o espancou e o abandonou. Outros voltam com olhar de altivez, com arrogância e prepotência, se preparando para dar o troco nos ofensores ou para juntar um grupo paralelo e fundar a sua própria igreja para ser concorrente da que a oprimiu, fazendo tudo que todas fazem, porém alegando a todos que são diferentes, vivendo num cárcere, as vezes como carcereiro, as vezes como encarcerado.
• Passo 5- Quem passou com sucesso pela fase 4 sem retroceder continua sua busca por conhecimento e independência e mediante a estudos aprofundados, o sujeito entende como a “santa palavra” foi escrita, para quem foi escrita e por que foi escrita. Encontra os milhares de erros e contradições nela contida, desse modo o tal livro, de sagrado passa a ser um livro qualquer, ou um livro onde a infâmia, a loucura, a bizarrice e a perversidade são cultuados por pessoas com altos índices de paranoia.
• Passo 6- Caindo-se a sacralidade da bíblia, a “autoridade de deus” na vida de tal sujeito fica comprometida, e o sujeito começa a comparar esse ser “todo poderoso” a qualquer um outro de qualquer religião, coisa que ele jamais teria coragem de fazer nem em pensamento, pois fazia com todos os outros deuses, menos com o dele, o “verdadeiro”. Esse deus antes temido, passa a ter na vida do tal a mesma credibilidade que teriam papai Noel, bicho papão, saci Pererê e chapeuzinho vermelho. Nesse processo, o sujeito ainda insiste em dizer que jesus foi real.
• Passo 7- Com mais um pouquinho de escrutínio sobre história da igreja, dos povos judeus, e do império romano, percebe-se que o jesus cristão é apenas mais uma entre as centenas de divindades meticulosamente programada pelas religiões para cumprir determinado propósito, e o último bastião da subserviência religiosa é derrubado de uma vez por todas e o sujeito estará praticamente liberto do “vicio maldito” de viver sob maldição e viver atanazando a vida dos outros, condenando, perseguindo ou tentando converter outros que ainda não tinham sido “salvos”.
Após totalmente liberto da religião o verdadeiro homem se mostrará. Aquele que nunca precisou de deus alguma para ser justo ou fazer o que é certo permanecerá no seu caminho como se nada tivesse mudado sendo inclusive considerado ainda religioso por muitos que não sabem de seu desligamento do sistema.
O que se escondia sob o “manto da graça”, agora depois de descoberto todo o “esquema”, poderá se tornar um fingidor, um ateu maldito disfarçado, lucrando muito com a fé e ingenuidade alheia, fazendo de conta que ainda acredita em tudo, passando explorar, mentir e enganar em nome da fé, do mesmo modo como lhe fizeram.
Os mais honestos podem simplesmente chutar o pau da barraca, mandar todos os conceitos, pré-conceitos e opiniões alheias pra casa do caralho, abandonar de vez esse sistema predador, ser livre e deixar que cada um viva em paz a própria vida do jeito que bem entende, sem jamais baixar a guarda para o fanatismo religioso que a todos nós rodeia e tudo perverte quando cochilamos.
Para esse liberto, a partir de então sagrado será a relação entre as pessoas e não um livro, amuletos ou entidades metafisicas alguma!
Sem a capa da religião é que o homem é capaz de mostrar sua real face...
Quanto aos que ainda estão inseridos no sistema, jamais irão admitir coisas como essas. Irão passar por cima continuar nadando contra a correnteza, e depois da cansados, desiludidos e frustrados, irão dizer que os planos de deus são perfeitos porém o diabo a tudo estraga diminuindo desse modo o seu próprio deus, ou então dirão que sofreram demais aqui, mas no céu terão suas recompensas enquanto os infiéis que tiveram uma vida de paz e equilíbrio aqui, sofrerão eternamente no inferno...
Há um preço para tudo nessa vida. Deixar de ser rebanho não é fácil mas vale a pena tentar, porém, se o sujeito “bruto” não lapidado, precisa de continuar preso a uma igreja pagando impostos e rendendo obediência para poder ter um auto controle pessoal e não sair por aí cometendo delitos contra tudo e todos, causando distúrbios sociais, que fique lá dentro mesmo, em nome da ordem e da paz! Quem não conhece a si mesmo e não domina a própria vida, terá de pagar caro para que outros o façam. O “cartel da salvação” estará sempre aí para fornecer o “produto” que acalma a bestialidade dos tais ou que os fazem “viajar” nas ilusões que esses desejarem.
Saúde e sanidade a todos!
Texto escrito em 10/7/19
*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.