Da sensação de desequilíbrio ( ou de quando se teme pelo futuro)

A própria sensação de que tudo parece se desmoronar - ela própria, isto é, a sensação - já indica algo temeroso. É que toda sensação, sem que saibamos como, interfere, e altera, nosso sentido de equilíbrio, de "normalidade". Assim, me parece, e pelo que temos assistido, os últimos momentos não oferecem nada que possa mudar essa sensação de que tudo caminha para um desmoronamento de nossas mais sensíveis esperanças. A cada dia, uma notícia, uma fala, uma aberração discursiva toma conta do noticiário. É nesse quadro - terrível - fico a pensar o que será do futuro de nossos filhos. Sinto medo. Também, sinto desesperança. Porém, sinto a infinita necessidade de não desistir. Então, acreditando que resistir é viver, sigo em frente. Mas a sensação que o fim está próximo, vez ou outra, me invade. Não me resta outra alternativa, senão desabafar, de colocar sobre a folha branca, meus medos e anseios. Escrevo, porque com isso, me mantenho vivo. Ao ouvir essas palavras, e não podendo ignora-las, de um ancião já com 86, senti que não posso esperar. O tempo é hoje, amanhã, futuro. Lutemos por ele.