Relato 30) Ayahuasca: Caminho Sagrado - Egrégora egípcia e do Oriente (01/06/2019)



IMPORTANTE: Este local é um espaço de vivência com ayahuasca e não tem nada a ver com a doutrina do Santo Daime.
Por isto neste relato vou respeitar este contexto, mas vou continuar a usar o termo igreja, para definir o espaço interno onde o trabalho ocorre.

Esta experiência foi a mais intensa de todas até hoje. Não sei se vou conseguir colocar tudo isto em palavras.
E não sei como as pessoas vão reagir a isto, mas como já foi dito e está registrado no livro Conversando com Deus II, “Lembre-se de quanto é menos importante uma mensagem ser bem recebida do que bem transmitida. Você não pode assumir a responsabilidade por até que ponto outra pessoa aceita bem a sua verdade; só pode garantir até que ponto ela é bem transmitida."

NOTA: Para melhor compreender, veja o ensaio Sincronicidades com a egrégora egípcia

Início do relato
Fui só.
O trabalho estava marcado para início às 22:00.
Saí de casa às 20:00 e passei na padaria para comprar uns pães recheados para o café da manhã coletivo.
Cheguei no Caminho Sagrado às 22:00 e já tinha bastante gente no local.
Entrei na igreja e coloquei o meu cobertor (comprei um só para este fim) em uma cadeira, encostada na parede do fundo, como eu gosto. Peguei também uma almofada para colocar na cadeira.
Em todas as cadeiras já tinha um saquinho plástico e um pedaço grande de papel higiênico.
Como eu já havia dito, o Caminho Sagrado é um espaço onde o trabalho com a ayahuasca é tido como uma vivência, não uma doutrina. Por isto ali pode-se ficar mais à vontade. Tem até uma estante com pilhas de cobertores, almofadas e colchonetes para que os irmãos façam como achar melhor, quando a força chegar.
Não estava muito frio, mas sabemos o que acontece quando a força chega, rs: aquele frio que parece que vem de dentro para fora.
Fui no banheiro, fiquei um pouco lá fora e depois entrei para a igreja.
O livro foi aberto, então fui lá me registrar (contribuição de 60 reais)
Voltei para a igreja e fiquei lá sentado.
O trabalho começou às 23:00, com a palestra do padrinho Mário. Muito instruído ele.
Tinha umas 10 pessoas que iriam tomar ayahuasca pela primeira vez.
Após o palestra inicial os fiscais (que lá se chamam guardiões) passaram distribuindo o copinho de alumínio para tomar a ayahuasca.
Um vinha servindo a ayahuasca, e o outro vinha trazendo um pote com pedaços de maçã.
Pedi o copinho cheio, tomei e coloquei embaixo da cadeira.
O padrinho falou mais um pouco, depois começou a seleção de músicas nas caixas de som.
Começou já bem orientado ao tema da noite: Oriente, especialmente Egito.
Fechei os olhos e me enrolei no cobertor.
Após uns 45 minutos senti a força chegando, minhas mãos gentilmente afastaram o cobertor e começaram a se movimentar, tomadas pelos seres divinos desta egrégora.
Senti aquele torpor na região da cabeça e na face.
Totalmente tomado por estes seres, minhas mãos faziam gestos mágicos, que senti, impactavam no trabalho dos irmãos.
Eu estava bem consciente de mim e do meu corpo. Acabou-se a resistência. Todas as partes de mim estavam juntas, conscientes e trabalhando.
Mas teve um momento em que fiquei impaciente. Não senti a guiança da ayahuasca com aquelas músicas. Mas depois..meu Deus
Em determinado momento, quando estavam sendo tocadas algumas músicas bem egípcias mesmo, meu Deus...
Senti um poder imenso descendo sobre mim. Achei que não ia aguentar aquilo. Desceu sobre mim um torpor tão forte que nem que eu quisesse conseguiria resistir.
Mergulhei totalmente em um turbilhão de coloridas formas geométricas e escritas complexas.
Este poder foi tomando conta do meu corpo inteiro. Meu rosto transfigurou-se totalmente em algo que não parecia humano.
Senti uma pressão muito forte no rosto, como se os ossos estivessem se movendo (sei que isto não seria possível fisicamente, mas a sensação era esta)
Então ele chegou de uma vez só, quase me levantando da cadeira.
Disse "Eu sou Toth".
"Você está me entendendo? Eu sou Toth"
"Nunca vim em um ser humano antes".
"Eu sou Toth"
“Eu estou aqui porque você está aqui. Eu que fiz tudo isto acontecer para lhe encontrar aqui.”
Senti nos braços e nas mãos um poder imenso, como se eu conseguisse fazer qualquer coisa com eles.
"Eu sou o projetista da raça humana"
Com os dedos indicador e polegar da mão direita ele fez na minha mão esquerda um gesto parecido com estar desenhando a minha mão esquerda.
Vi muitas coisas mais, mas ou não me lembro ou não acho palavras para descrever.
Depois comecei a sentir muito calor. Tirei o cobertor e a blusa.
Seguiu-se mais algum tempo então minha consciência elevou-se muito, a ponto de eu não existir mais. Já não sentia mais o meu corpo. Só um tênue fio de consciência me prendia ao plano terreno.
Cheguei em um gigantesco salão dourado. Senti que eu não tinha corpo físico e estava em algum lugar onde outros iguais a mim me aguardavam.
Era um lugar que irradiava um poder que eu jamais conseguiria traduzir em palavras.
Ouvi dos demais.
"Bem vindo. Este é o seu assento. Assuma o seu lugar"
Meu Deus, quando falaram isto um poder indescritível tomou conta de mim. Sentia ondas correndo por todo o meu ser. De dentro para fora, de fora para dentro...uma sensação incrível de liberdade, de inteireza...
Não posso dizer o que estava acontecendo no meu corpo físico, pois eu não o sentia mais.
Sentei (eu era então uma gigantesca forma de energia) . Senti uma incompreensível presença feminina amorosa me envolvendo, como um caloroso abraço de boas vindas.
Este ser (que eu estava sendo naquele momento) disse:
"Eu falei que ia conseguir voltar trazendo ele junto".
Foi aí que, a partir da perspectiva deste ser, eu vi o meu corpo sentado no meio do salão dourado (da mesma maneira que estava o meu corpo físico lá na minha cadeira)
Alguém disse:
"Este é o conselho dos 12. Estamos aqui para uma reunião muito especial, esperada há milênios, na presença desta consciência terrena que você trouxe."
Então senti que entrava no salão dourado uma presença igualmente grandiosa.
Alguém disse algo como "Porque você ainda existe e resiste?"
Esta presença disse sorrindo "Porque eles ainda querem que eu exista. Sou a consciência deles"
** Entendi que tratava-se da consciência coletiva do planeta, que obviamente, tem vida e consciência de si mesma **
Então esta consciência se foi.
No plano físico senti os dedos polegar e indicador da mão direita como que costurando uma cruz na minha testa. Sabe, como se fosse uma máquina de costura.
Sei que aconteceu muito mais coisa neste salão dourado, mas o que lembro é isto.
Voltei ao plano físico e senti o meu corpo novamente, no momento em que estava sendo anunciada a segunda dose da ayahuasca.
Abri os olhos e ainda estava mergulhado em coloridas figuras geométricas. Fechei os olhos novamente e aos poucos as formas foram se dissolvendo.
Depois de algum tempo abri os olhos e fui para a fila tomar a segunda dose. Pedi o copinho cheio e fui até o altar, onde tem foto do mestre Jesus, do mestre Irineu, entre outras imagens. Brindei a santa medicina com estas forças e consagrei a bebida.
A fogueira já estava acesa dentro da igreja (sim, dentro da igreja)
Voltei para o meu lugar e me sentei. O padrinho Mário anunciou que estava aberto o bailado e quem sentisse vontade poderia vir para frente bailar.
As músicas continuavam nas caixas de som. Agora estava tocando uma meditação com a leitura das 7 Leis Herméticas do Caibalion, de Hermes Trismegisto ( o 3 vezes grande )
Meu Deus, aquilo sacudiu o meu corpo inteiro.
Mais adiante, me senti novamente envolvido e minha consciência ficou quase que totalmente de lado.
Ouvi, daquela voz que quase vejo no ar "Sou seu Eu divino. Obrigado por me permitir vir assim até você. Isto nunca aconteceu antes, na história desta humanidade"
Mais algumas coisas foram faladas, por ele e por outros seres divinos, mas não me lembro mais.
Em algum momento uma parte minha não queria mais entrar na força, meus pés se cruzaram fortemente, de uma forma que nenhuma força humana seria capaz de soltá-los.
Ouvi "Opa, temos uma resistência aqui". Algo deve ter sido feito, pois meu pés se soltarem e chorei um pouco.
Depois o padrinho anunciou o uso de outra medicina. O rapé. Ele disse que se tratava de um rapé orgânico, cujo feitio tinha sido ali na igreja.
Não fui, pois não me dou bem com esta medicina. Já usei, mas não gosto muito. É muito ruim respirar depois de fazer uso do rapé. Ainda mais na força da ayahuasca.
Começou a aplicação do rapé e músicas indígenas começaram a ser tocadas.
Logo que começaram o meu rosto transfigurou-se em uma enorme índia, sentada na mata.
Minhas mãos começaram a fazer gestos de magia, com os dedos ligando-se suavemente uns aos outros. Quando um dedo não queria vir, resistia, um irmão passava mal (deixava o mal passar por ele).
Seguiu-se assim por todo o tempo em que o rapé foi aplicado e depois dele ainda.
Enquanto eram tocadas estas músicas, minhas mãos trabalhavam.
O padrinho fez a chamada para a terceira dose da ayahuasca, mas eu não fui. Logo que começou o trabalho eu estava com o firme propósito de tomar as 3 doses, mas estas viajadas no mundo astral foram bem intensas, meu corpo estava super cansado.
Depois começou a tocar hinos para Shiva.
Me arrependi de não ter tomado a terceira dose, pois adoro a energia de Shiva. No outro trabalho do Oriente que eu fiz, trabalhei muito com esta força.
Mesmo assim entrei na força de Shiva e trabalhei bastante com ele.
Várias vezes ele desenhou um coração na minha testa, com a ponta dos meus dedos.
Tocou alguns hinos para Ganeshe e como na outra vez senti meu nariz e minha boca se alargando, crescendo, até virar uma tromba.
Trabalhei muito nestas energias. É um amor incrível que me envolve. Meu Deus, estas divindades indús existem mesmo!
O trabalho foi se encaminhando para o final, a força foi se esvaindo da minha consciência, mas vez ou outra eu entrava na força junto com a canção e trabalhava.
Depois as minhas mãos suavemente me recostaram na cadeira e fiquei lá, enrolado no cobertor, viajando com as canções, aproveitando o finalzinho da força.
Terminou o trabalho, por volta de 05:00, sob uma forte chuva. O padrinho Mário encerrou com a sua palestra, sempre recheada de sabedoria, deu passagem para quem quisesse falar algo, alguns irmãos falaram.
Um rapaz perguntou se poderia cantar um rap.
O padrinho estranhou um pouco, mas deu permissão. O rap era assim:

Eu vi, sim, o que ninguém havia visto sobre mim
Eu vi, sim, o que nem eu sabia sobre mim


Eu vi a frente, eu vi atrás eu vi o lado
Eu vi o presente, o futuro e o passado


Me vi correndo enquanto estava parado
Eu vi os sonhos que eu vivo acordado


Abri os olhos para ver que estava cego
Deixei o ego em minha vida comandar


Agora me entrego, não nego, me desapego
Fechei os olhos para poder enxergar

 

E foi aí que eu vi

 

Eu vi sim O que ninguém havia visto sobre mim

Eu vi sim O que nem eu sabia sobre mim



Encerrado o trabalho, fui lá para fora, fazer xixi.
Depois fui comer algo. A mesa já estava posta com os alimentos que trouxemos para o lanche coletivo. Não havia ninguém por ali ainda. Peguei uma maça e me encostei no murinho para comer. Esta parte do terreno é mais elevada, logo abaixo fica o temazcal e seguindo em frente ao temazcal, os banheiros, de onde eu havia acabado de vir
Dei uma mordida e olhei para baixo. Estava chovendo e tinha uma mulher sentada, em uma pedra, em frente ao temazcal. Ela era grande e tinha um cabelo enorme. Pensei: Puxa, vou lá ver se ela está bem.
Nisto eu fechei os olhos, encostei a maçã na testa e fiz uma oração, agradecendo por este saboroso fruto, antes de dar a segunda mordida.
Quando olhei para baixo a mulher não estava mais lá, (rs nervosos). Nem ela e nem a pedra!
Agradeci muito por aquela visão.
Como não havia tomado a terceira dose, já estava em condições de ir embora.
Voltei na igreja, enrolei o meu cobertor, peguei a minha mochila e fui para o carro.
Lá fora fica um rapazinho que ajuda os que chegam. Ele organiza o estacionamento e ajuda a manobrar.
Ele me ajudou a sair e eu perguntei se poderia dar um dinheiro a ele. Ele disse que sim. Dei 5 reais. Depois eu disse a ele “Me devolve este, vou lhe dar outro”. Aí peguei os 5 e dei uma nota de 50 reais a ele
Me vi naquela cena de “Ghost, do outro lado da vida”, em que a Whoopi Goldberg fica segurando o cheque que ela vai dar às freiras, rs.
A minha mente achou um absurdo, rs. Mas o meu Eu Divino sabe porque aquela nota foi dada a ele.
Claro que ainda fiquei pensando nos 50 reais por alguns minutos, rs, mas logo veio aquele sorriso amoroso no meu rosto e dissipou todas as dúvidas.
Agradeço a todos os seres divinos, ao trabalho dos meus irmãos..

Autor: Valdemir Nunes da Silva