UM DEUS ESTRANHO E UM ESTRANHO MODO DE “ABENÇOAR” O SEU POVO!

Será que a vitória dada por deus não poderia vir de outro modo?

Uma análise sobre a questão da pilhagem visto como presente divino

*Por Antônio F. Bispo

Já notastes como era esquisita a forma como deus escolhia para recompensar o seu povo de acordo com a história bíblica e segundo alguns modelos de cristianismo atual?

Apesar de atribuírem a ele todo o poder e sabedoria infinita, para resolver situações simples no intuito de suprir o básico que o seu povo precisava, ele escolhia os meios mais impróprios já vistos, algo que só pode ser justificado pelo fato de ser esse deus um produto da criatividade humana para intuitos diversos.

Vejam bem: no que diz respeito a tornar seu súditos em pessoas ricas e prósperas, com tanto poder que ele tinha poderia fazer isso sem esforço algum, pois até do pó da terra poderia tornar em ouro ou fazer aparecer do nada qualquer necessidade que seus filhos tivessem.

Ao invés disso ele preferia dar aos seus servos aquilo que já pertencia a outra pessoa, fosse terras, objetos pessoais, colheitas, animais e até outras pessoas como escravos. Quase tudo que ele prometeu a seus servos, foi necessário de tirar de outrem para cumprir tais supostas promessas.

Incitar um povo contra outro era sua forma preferida de se divertir enquanto dizia estar abençoando os que nele criam. Seria mais sábio ensinar ao seu povo meios próprios de subsistência. Porém incentivá-los a invadir propriedades era a opção mais apropriada que ele escolheu. Um deus tribal, numa época de tribalismo, ofertado a povos nômades no deserto não poderia ter um efeito diferente! Caiu como uma luva!

Em quase todas as narrativas épicas da bíblia esse deus para abençoar ou “dar vitória” aos seus servos estava de modo direto ou indireto ordenando aos seus súditos a apropriação indébita dos bens alheios, despojando alguém de suas conquistas pessoais para dar aos “seus filhos” que não fizeram nada para merecer tais recursos, cuja única justificativa para merecimento era o fato de terem adorado ou crido em “seu santo nome” algumas vezes e sob pressão.

Muito bom não é? Bastava dizer por meio da coação psicológica ou de modo livre que acreditava no deus de Abrão ou ter nascido de uma família hebreia da época para ter direitos à invasões e destruições de forma legal e ainda quem sabe ser lembrado no futuro como um possível herói da fé pelo seu próprio povo e povos posteriores de outras culturas. Coisa boa...Só benção!

Muitas coisas não mudaram desde aquela época: se hoje em dia alguém fizer besteiras em nome deus irá se tornar um herói ou um mártir para os povos dessa mesma crença. Mas se alguém fizer o que é certo em nome de si mesmo, do bem comum, da razão ou da ciência, poderá ser tido como um herege, corruptor dos bons costumes, destruidor da moralidade ou como um infiel digno de condenação humana e divina no presente e no porvir. Não é à toa que praticamente todo sistema de terrorismo conhecido estejam ligados a algum sistema de crença religioso. A sociedade estima os loucos e enquanto perseguem os sábios!

Ainda nesses termos, possa ser também que por não seguires a manada, a crença local ou por decidires não sujeitar-se aos que se dizem ser ungidos de deus, te obriguem a tomar cicuta, que te queimem na fogueira ou algo do tipo. O meio de tortura que alguém pode sofrer pelos fanáticos da fé só depende de onde e quando tal pessoa nasceu. A diversão é a mesma! Nada alegra mais a um tolo que enxergar aquele que fez revelar sua tolice sendo liquidado de modo violento por decidir ser diferente dos demais. Se o espelho que faz reluzir sua estupidez for destruído o tolo irá sentir-se mais confortável, conversando apenas com deus imaginário, num monólogo infinito, pois tem certeza que esse deus jamais o responderá. Tudo que ele desejar, cuja resposta seja sim ou não, “deus” dirá sempre amém no interior de sua consciência adormecida.

Quase todo ser religioso sente como se fosse uma obrigação moral de limpar a terra eliminando todo herege. Herege na concepção deles é qualquer um que discorde de um ponto de vista pessoal ou grupal desses fieis.

Quanto a isso, deus sempre trabalhou de forma misteriosa. Encher o seu povo de uma suposta autoridade divina para sair por aí condenando a tudo e a todos que divergem do ponto de vista deles é uma delas.

Permitir que os seus servos usem de violência física, verbal ou psicológica para fazer prosélitos e destruir qualquer tipo de resistências é um outro modo misterioso de deus trabalhar.

Conservar uma linha de “narrativa profética” para fazer com que os seus servos que agem com atitudes terroristas sejam lembrados como verdadeiros heróis e exemplos a serem seguidos é mais uma parte da misteriosa maneira de agir.

Desse modo, desde quando saiu do Egito, o dito povo escolhido de deus deixava quase sempre um rastro de destruição por onde passava, tudo isso a mando de seu criador segundo a bíblia. Somente Josué por exemplo, conquistou 33 cidades. Em outras palavras ele invadiu, destronou e matou 33 reis, escravizou parte do povo e outra parte a dizimou. Os pertences das vítimas, eles se apropriavam dizendo que era um presente dado por deus pela fidelidade que mantinham para com seu nome.

Várias dessas cidades eles nem sequer eles chegaram a habitar. Apenas saquearam, destruíram, puseram fogo e foram embora contando vitória. “Só o senhor é deus” era a cantiga preferida deles! Malvadeza pura! Deus puro!

Há citações em que a cidade fora destruída só por que estava no caminho desse “povo escolhido”. Bem mais fácil seria dar uma volta ou escolher outro roteiro de passagem, para evitar o conflito e baixas humanas dos dois lados. Mas não! Tinham de passar por ali mesmo para provarem que eram os tais, além de deixarem um rastro de violência para que todos soubessem o quanto o seu deus era poderoso!

Tudo isso estar registrado no próprio livro qual eles chamam de santo. A vitória do povo de deus nesses casos estava sempre associada à desgraça de outros povos e isso era normal naquela época e até hoje continua sendo para aqueles que ainda dormem no sono da ignorância, do egoísmo e da insensatez, para aqueles que valorizam mais um rito ou um mito ao invés de valorizarem seus semelhantes, vivos, reais e presentes, coautores de suas existências.

Em outras palavras, deus incentivava o roubo, o saque, o espólio, o estupro, a ganância, a avareza o conflito eterno com as nações vizinhas e o derramamento de sangue constante como forma de “abençoar o seu povo” dando por meio da guerra aquilo que facilmente poderia ser dado na paz, num simples estalar de dedos considerando todo o poder que a ele fora e ainda é atribuído.

Vejam só que coisa estranha: este mesmo ser todo-poderoso, que na semana da criação fez surgir do nada como uma só palavra milhares de universos, milhões de galáxias, bilhões de estrelas, trilhões de planetas e uma infinidade inumerável de seres viventes, de repente pouco tempo depois já não conseguia mais fazer aparecer um simples pedaço de pão, roupas ou moradias para o seus filhos tendo que faze-los cair uns contra os outros para que por meio da força, da trapaças e da violência viessem conseguir o que queriam.

Será que ele usou toda a sua mágica durante os 7 dias da criação e depois ficou sem nada para usar? Que pena! Deve ter sido por que usou todos os seus recursos mágicos para formar planetas sem vida nesse vasto universo e deixá-los por ai numa escuridão inacessível que por milhares de anos ninguém nem sequer sabia que existiam.

Muito estranho isso...as prioridades dele e o modo como ele usava (e ainda usa) os seus poderes deixa muito a desejar. Nem o mais incompetente dos gestores públicos ou privados de recursos humanos e de tecnologias, aplicaria tão mal o uso de tais recursos, mas um ser todo sábio e poderoso não vê problema algum em provocar a escassez em um lugar para que povos de outros locais venham por meio de muito sofrimento conseguir uma tal de “vitória de deus” para depois disso lhe render louvor, por ter tirado a vida ou os pertences de alguém sendo que uma infinidade de recursos nos rodeia desde sempre.

Outra coisa sem lógica: ele fez o seu próprio povo passar 40 anos num deserto escaldante numa viagem que a pé duraria apenas 6 dias em rota comum. Por que ele não aproveitou imensidão do deserto inabitável para construir ali a tal terra prometida para o seu povo ao invés de tirá-las dos amorreus, jebuseus, cananeus e outros povos que por sinal também eram filhos de Noé, e filhos de Abraão? Ou seja eles estavam sob a mesma promessa e mesmo assim deus tirou de um para dar a outro.

Será que precisava passar 40 anos mandando seu povo invadir as terras alheias para dizer depois que foi deus quem as deu? Será que os shakes árabes da atualidade são mais sábios e tem mais recursos do que esse deus bíblico todo poderoso?

Existem hoje verdadeiros oásis que foram construídos em pleno deserto ou “em cima do mar” e tudo isso em menos de 3 décadas com um pouco de dinheiro, um pouco de conhecimento cientifico e um pouco de bom gosto. Tudo isso feito por homens “falhos e pecadores”. Já o deus de Abrão, Isaque e Jacó prefere usar técnicas bem tribais para resolver tanto questões simples como complexas das civilizações do presente e do passado.

Se não fossem as pessoas lúcidas que surgem em todos os tempos e em todos os lugares e que por meio da influência delas estão sempre a mudar o rumo da história humana para o melhor por meio das “leis humanas” das ciências e das tecnologias, quem sabe o “povo de deus” já teriam destruído tudo na face da terra de uma ou de outra forma em nome dessa fé.

Outra coisa totalmente sem lógica: por que destruir outros povos para mostrar o poder dele? Como um povo estando morto poderia confessar essa tal de grandeza desse deus? Não seria mais proveitoso deixá-los vivos? Os mortos nada podem testemunhar nem tão pouco se converteriam a esse “deus verdadeiro”.

Pior ainda: por que destruir o próprio povo que tirou do Egito quando estes por desespero duvidavam das tais providencia divina? Um pai normal, quando um filho chora com fome ou pergunta de onde poderia vir comida quando sabe-se que não existe em casa, e quando sabe-se que não tem dinheiro para comprar o pai também chora de tristeza. O deus hebreu, pai de todo amor e bondade, ficava todo irado com uma simples pergunta e costumava matar seus próprios filhos quando esses em desespero questionava de onde poderia vir comida, agua ou rota de fuga em dias difíceis.

Não dá pra entender! Que tipo de pai é esse? Deveria ele ser apresentado ao “ao conselho tutelar celestial” ou a um psicólogo para corrigir tais distúrbios. Ele pode ter sérios problemas de gestão de pessoas ou de controle da própria raiva.

Ele prometeu levar o povo em seguranças mas ele mesmo as matou pouco a pouco. Percebe-se então que as ditas promessas de deus geralmente não passam de balelas, falácias criadas por líderes políticos ou religiosos com o intuito de controlar ou explorar o povo, tanto é que dentro de um mesmo povo, de uma mesma fé, deus tem promessas antagônicas e auto anulatórias o tempo inteiro.

Aquele que tem o poder de criar do nada o que quiser para suprir a necessidade do seu povo prefere escolher a violência, a mentira e o engano como forma principal de enriquecer e “abençoar” os seus servos. Olhe para os megas pastores hoje ou para ou para o poderio do papado ao longo de toda história e tirem suas próprias conclusões.

Encontre uma grande civilização ou pequeno vilarejo do passado que fora destruído por meio do saque ou de uma aculturação forçada de um povo e ali encontrarás vestígios de que algum “povo de deus” passou por ali, saqueou o lugar, escravizou ou humilhou o povo local e inseriu por meio da espada a veneração de uma nova linha teológica de pensamento, fazendo com que povos livres estivessem a partir de então sujeitos a um deus imaginário e a centenas de seus representantes terrenos, expandindo assim as franquias de suas “multinacionais da fé” cujo objetivo principal é a exploração e o controle das massas.

Eles disfarçam suas propagandas de conquistas com termos mais bonitos como “ganhar almas pra jesus”, “converter os perdidos à salvação”, “espalhar o amor de deus pelo mundo”, “fazer a obra de deus”, etc, etc...

Que digam isso as civilizações avançadas antes existentes aqui nas américas bem como os “índios ignorantes e sem cultura” desse mesmo continente que tiveram suas sociedades destruídas, suas memórias quase totalmente apagadas e seus povos quase que inteiramente dizimados quando “pessoas de deus” vindas da Europa em busca de metais preciosos atracaram nesse continente.

A santa sé afirma que eles só queriam converter os povos pagãos ao cristianismo e levar a verdade do evangelho e o amor de deus ao mundo todo. Que lindo! Que fofo! Por meio dos símbolos sagrados “convertiam” as pessoas, e as enviavam direto para o paraíso para estarem ao lado de deus matando-as quando essas resistiam lutando por suas terras, suas vidas e suas famílias.

Muita generosidade desses nobres desbravadores que a deus tanto amavam. Só gente boa fazendo o bem! Tudo gente de bem enviada por deus com os propósitos mais puros possíveis! Depois eles ficavam com as terras deles, seus recursos, suas mulheres e filhos para servirem de escravas sexuais ou mão de obra barata, como todo servo fiel a deus fora orientado a fazer pelo próprio deus no antigo testamento. Obediência aos mandamentos do pai é tudo, aleluias! Eles só estavam seguindo os mandamentos de deus! Era apenas mais uma das “vitórias de deus” ofertada aos que criam em seu nome.

Como se não bastassem, após encontrarem resistência por parte de alguns índios aqui no continente no que dizia respeito a “se converter ao evangelho de cristo” se tornando escravos de mercadores e de uma burguesia fedida que em nome de deus mantinham sua base do luxo e da luxuria, essa mesma sociedade cristã concordou em escravizar povos africanos tirando-os à força de suas famílias para que sob maus tratos e humilhações constantes viessem fazer parte desse grande “plano de deus” que era explorar e converter o novo mundo.

CONCLUIREMOS ESSA REFLEXÃO NO PRÓXIMO TEXTOS. AGUARDEM...

Texto escrito em 02/06/19

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 03/06/2019
Código do texto: T6663950
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