O mimadinho sem mamadeira
Quando jovem provavelmente sua mãe não ofereceu-lhe carinho suficiente, já que todavia pensava estar em desconforto ou em situação desfavorável em relação ao que admirava. Seu lema é incomodar para ser notado, para mostrar uma pseudo autoridade, existente apenas no seu inconsciente e por necessidade instintiva e bestial, mantêm a filosofia de fazer o que acredita de maneira muito dúbia enxergando nisso falsas verdades.
O mimadinho como não podia ser diferente, vivia cheio de birra, o seu sucesso dependia disso e não acreditava que as pessoas o ignoravam. Aliás pensava o mimadinho, que ao ser simplesmente ignorado, estava rumando para seu próprio fim, seria o mesmo que deixar de existir. Não notava que por ser tão cansativo e intransigente com suas palavras distanciava as pessoas naturalmente. Incluindo seus ex-amigos, passava por maus bocados, por falar bobagens sem pensar nas conseqüências que cada uma significa aos conhecedores do verbo e das humanidades.
Não tinha ciência que os mais velhos sabem ler nas entrelinhas. O que ele deixava de ter por simples falta de humildade, ignorância e falta de educação, estava sendo cobrado pelo tempo - seu maior inimigo - numa constante e intrigante inquietação. Ele já era um morto, executado pelo próprio caráter irregular, mesquinho e hipócrita. Tua mãe arrependia-se por não ter dedicado-lhe alguns afagos extras, talvez hoje seria mais cordial e menos indigesto...
... O futuro do mimadinho à mamadeira pertence.
========== ÁUDIO
O Sabor da Burrice - (Tom Zé 1968)
Veja que beleza
Em diversas cores
Veja que beleza
Em vários sabores
A burrice está na mesa
Ensinada nas escolas
Universidade e principalmente
Nas academias de louros e letras
Ela está presente
E já foi com muita honra
Doutorada honoris causa
Não tem preconceito ou ideologia
Anda na esquerda, anda na direita
Não tem hora, não escolhe causa
E nada rejeita
Veja que beleza
Em diversas cores
Veja que beleza
Em vários sabores
A burrice está na mesa
Refinada, poliglota
Ela é transmitida por jornais e rádios
Mas a consagração
Chegou com o advento da televisão
É amigo da beleza
Gente feia não tem direito
Conferindo rimas com fiel constância
Tu trazes em guarda
Toda concordância gramaticadora
Da língua portuguesa
Eterna defensora