PELO LUCRATIVO DESEJO DE ILUDIR! PELO LIVRE DESEJO DE SER ILUDIDO!

No cenário da fé, cada um interpreta o papel que quiser!

*Por Antônio F. Bispo

Quem sabe um dos fatos que mais adoecem o “povo de deus” e os fazem ser vítimas e coautores dos próprios males e de males causados a outras pessoas seja a questão da proibição de questionamentos durante e depois dos sermões proferidos nos cultos ou contra as intenções de quem os proferiu.

A “mágica da fé” consiste exatamente nisso: ouvir o surreal, acreditar como se fosse verdadeiro, obedecer sem duvidar, ficar calado diante de quem nem se quer sabe o que estar dizendo, seguir o que foi dito, retransmitir o que fora ensinado, sempre fazendo de contas que tudo vai dar certo por que foi deus quem falou! E se não der certo basta dizer que foi o diabo que atrapalhou, mas deus continuará nos amando e vai se vingar do diabo qualquer dia desses, amém? Você é um vitorioso! Ele é um derrotado! Aleluias...!

Que fofo! Mais infantil que isso impossível! Felizmente ou não essas tradições são seguidas por séculos, tendo seus direitos hoje resguardadas pela constituição de várias nações.

Mudasse apenas o nome dos deuses, mas o propósito é o mesmo: fornecer ao “usuário” do serviço, uma forma de escape para os problemas da vida, um meio de terceirizar suas responsabilidades colocando-as em seres misticamente antropomorfizados enquanto paga de eterna vítima ou de queridinho do papai do céus, onde seus atos nada influem em nada na própria vida e na de outros, pois tudo já foi traçado pelo próprio deus e ele quem manda em tudo, e tudo vai ficar bem, mesmo que nada façamos para melhorar.

O fato das crenças religiosas serem legalmente autorizadas por lei não impede que seja tema de objeto de estudo, de análise, do escrutínio e das motivações diversas que movem o seres humanos aos atos devocionais que estes fazem regularmente, sendo o medo a ganancia os principais entre todos.

O comportamento humano é um eterno tema de estudo para muitas áreas. As áreas comerciais são as principais delas. Saber como as pessoas irão se comportar externamente pelo que acreditam faz com que seja possível armar um palco onde cada um possa fazer suas encenações do modo como acredita ser. Dá pra vender um “papel” especial de protagonista para qualquer ser religioso em qualquer lugar do mundo. Como na vida real, o ator apesar de ser uma estrela, estar subordinado aos scripts, aos roteiros e acima de tudo aos diretores...

Mais ou menos assim: eu deixo você seguir suas fantasias, ser quem você imagina ser, mas você me deve obediência, deve seguir o roteiro e deve usar apenas as falas do scripts, tudo bem? Se agir por conta própria, eu abaixo as cortinas, apago as luzes, corto o microfone, espanto a plateia e você não será nada! De modo muito “coincidente” os que redigiram os “livros sagrados” e os que mantem os dogmas da fé em funcionamento se comportam do mesmo jeito quando um ator quer sair do personagem. Que estranho...

Nos círculos de fé por exemplo, as bocas que dizem que jesus ama e quer salvar a todos, são as mesmas que impetram maldições e determinam a morte de alguém ou alguns quando encontram resistência de seus conceitos e que por várias vezes na história humana incitaram “guerras santas” provocando milhares de mortes em nome do “príncipe da paz”.

Tudo muito confuso e contraditório nesse universo religioso. Assim é a fé: a fantasia de ser quem não somos para manifestar o que realmente somos sem sermos responsabilizados quando o fizermos, como se estivessem em um grande teatro, onde cada ator vive um personagem, e ao findar a peça não precisam pagar pelos “crimes” cometidos pelos seu personagem durante a atuação.

Só o mundo real, longe da “casa de deus” os perturbam. A fé proporciona a chance desse “ator” vestir um personagem de sua preferência e mentalmente se manter nessa peça teatral, sempre como personagem principal da própria história, onde com certeza no final do filme irá encontrar com o galã principal (deus), ser recebido por ele com pompas, viver com ele e reinar para sempre como seu filho amado, repatriado ao reino celestial depois de ter vencido tantas batalhas, as tentações do mundo, o ateísmo, as heresias, e os pratos que o diabo ofereceu aqui na terra. Bom demais...que sonho lindo!

Nesses ambientes o fiel finge que tudo estar dando certo em sua vida, que estar tudo bem pois “o senhor estar no barco”. O tal que assim souber se comportar será tido como exemplo de fé, perseverança e um modelo a ser seguido, apesar da vida miserável e desgraçada que na maioria dos casos a pessoa estar levando. A fama de servo fiel, pessoa de deus e gente boa, as vezes faz com que o fiel coma o pão que o diabo amassou calado, para não demonstrar “fraqueza”. Fraqueza é do diabo! Deus não gosta e o crente perde ponto se demonstrar ser um mero mortal. Tem ser um “gladiador da fé”!

Se abrir o bico e relatar os fatos ou questionar tantos outros logo será tido como um “Tomé”, um mau exemplo, e será deixado para “morrer sozinho” no percurso por ter deixado o diabor lhe enfraquecer.

Nesses ambientes você pode ser um exemplo vivo de fé e perseverança por 30 ou 40 anos se souber fingir bem, mas no dia que não der mais para fingir, serás esquecido, pisoteado, mal visto ou perseguido. É proibido sair do personagem nesse teatro! Aqui estar quem um dos principais motivos que tem levado tantas lideranças religiosas a cometerem suicídios ultimamente. É possível mentir e enganar muita gente, mas a única pessoa que não podemos mentir realmente é para nós mesmos por muito tempo ou enlouquecemos

Nos círculos religiosos, um mal fingidor será sempre um mal fiel, uma ovelha negra, um herege, um filho do capeta ou algo parecido. O melhor fingidor entre os fiéis se tornará um coadjuvante nos ritos e nos “mistérios da fé”, até que seja contemplado com um “Oscar” melhor ator, se tornando o líder do grupo, inserindo outras ilusões as que já se tinham, deixando cada vez mais “mágico” o universo das religiões. Nesse ponto o sujeito passa a escrever o roteiro para o teatro da vida de todos que entrarem pelas portas de sua igreja e “mistério da fé” se repete.

Quanto mais criativo for um líder religiosos na criação de fábulas e no despertar das emoções e ilusões da plateia, mais remunerado este será! Nada mais justo, não é? Afinal é o trabalho deles (muitos dizem isso)!

No universo cinematográfico também é assim.... Só que não! Por que todos quantos entram num cinema, teatro ou em um circo, estão cientes de que estão pagando para terem seus sentimentos tocados pelas ilusões e concordam com isso plenamente, diferente de uma igreja onde tudo é proferido como sendo verdades absoluta faladas pelo próprio deus, sem direito a questionamentos e se recusares a aceitar poderá (ou será) ameaçado com inferno, pragas e maldições sem fim pelos líderes do grupo e pelas tradições locais!

Esse é um outro lado da “mágica da fé”: um mal que adoece o emissor pois o tornar rei de um mundo fictício, com leis, regras e populações que ele mesmo os criou (dogmas, anjos, demônios, etc) aprisionando a si mesmo e aos ouvintes em uma infantilidade eterna sem recursos para uma evolução sadia por meio de erros e acertos comum a todo tipo de ser vivente.

Um mal que também adoece a plateia por comprar tais ilusões, pagando caro por isso, contribuindo para que tal crença se mantenha, financiando ainda para que isso se espalhe, para que desse modo o confronto com ideias diferentes possa ser evitado, a fim de não lhes trazer de volta à realidade que os cercam ou que pelo menos não os deixem transparecer que estão sendo feitos de trouxa.

Alguns fieis depois de serem introduzido em um sistema religioso passam a tentar ludibriar ao outros dizendo que almejam ganhar “o mundo inteiro para jesus” para que seus amigos, parentes e conhecidos não se percam quando o seu messias voltar, mas na verdade estão apenas tentando evitar conflito, pois se todos pensarem iguais a eles, a fantasia se tornará mais real e o confronto será evitado.

Ao se depararem com alguém ainda lúcido fora do grupo, não contaminado pelo “vírus da fé”, seus argumentos, seus sonhos, as “promessas de deus” e todas as suas fantasias que cultivam cai por terra, e de queridinho do papai, profeta, eleito de deus e missionário do senhor não sei-das-quantas, ele volte a ser um mero cidadão comum, cheio de defeitos e acertos, cheios de contas a pagar, com uma vida real a ser encarada, num mundo com várias outras pessoas com problemas semelhantes.

Então entra o conflito entre as duas existência: o pastor dele diz que ele é um varão valoroso que ama a obra de deus e que é um escolhido do senhor para várias missões aqui na terra, mas seu patrão, que lhe paga o salário, diz que ele é um preguiçoso que falta muito ao trabalho além de fazer tudo mal feito e procurar encrenca com outros funcionários; sua esposa e família dizem que ele mal põe comida dentro de casa, que só quer saber de bater perna por ai “falando do amor de deus” enquanto as necessidades básicas da família ficam para trás e o próprio testemunho de “homem abençoado” não condiz em nada com a vida miserável que leva.

Fazer o quê então? Passar mais tempo na casa de deus, uai! Só ouvindo profecias, coisas boas e tal...Tudo que infle o ego e não sirva de espelho para ver quem realmente é. Na casa de deus é só benção...desde que você siga o script e o roteiro, claro!

A fé num discurso proferido nos recintos religiosos tem essa vantagem: é um paliativo para os que desejam evitar a realidade, semelhante ao uso de álcool descontrolado e entorpecentes, que fazem com que o usuário se desligue do mundo real e viva num mundo de fantasia onde ele mesmo diz as regras de como deve ser.

Só que ao acordar e se deparar para a vida, o consumidor precisa de doses cada vez mais fortes para se manter em seu estado de animação suspensa. Com a fé não é diferente: quanto mais “apegado ao pés da cruz” um indivíduo for, provavelmente mas mergulhado em ilusões esse deseja permanecer para sentir-se melhor e mais tempo e dinheiro investirá nisso. Erra quem pensa que o universo virtual surgiu com a internet. As religiões fazem isso há séculos!

Na “casa de deus” todo mundo pode ser considerado como gente boa, pessoa de bem, ungido do senhor e até cidadão dos céus. Quem não deseja algo assim?

Imagine um sujeito fracassado na vida, que tentou o comercio, o emprego, os estudos e outros meios de vida e nunca se deus bem em nada e agora basta pegar uma bíblia, vestir um terno bonito, falar meia dúzias de “verdades” e dizer que é deus que estar falando e logo passa a ter prestígio e ser remunerado por isso? Bom demais não é?

Melhor ainda quando se dar pra fazer tudo isso e ainda ter uma vida dupla, sendo lobo e cordeiro ao mesmo tempo, aprontando de dia e pregando de noite, “pegando as irmãzinhas as escondidas” pelo prestigio que alcançou, pagando motel com dinheiro do dizimo de crente para “comer” a esposa do próprio dizimista com o recurso financeiro que o próprio fiel (esposo) “entregou na casa de deus”, e depois de fazer o que não devia ainda sair por ai narrando tais aventuras como se isso fosse um ato heroico, se gabando diante de outros ungidos da mesma laia, pra quando chegar no culto, falar qualquer besteira, dar uns rodopios, uma “rajada de glória” e dizer: “se concerte, terra! Ande na presença de deus! Jesus estar voltando! Receeeeeeebaaaaa (se conheces algumas dúzias de tipos como esse é mera coincidência, nada pessoal)!

Tem coisa melhor do que a casa de deus para uma pessoa de baixo caráter, um picareta de carteirinha ou para um sujeito anteriormente fracassado em tudo assumir um papel de gente boa e de sucesso?

É o lugar ideal para esse tipo de gente! Basta dizer que crer em deus, falar meia dúzia de palavras em nome dele e fazer uma boa encenação que dar até pra ficar milionário com isso! Pode até ser pago para ter uma vida dupla, viver no luxo ou na luxuria com o dinheiro dos fieis para alimentar o povo com falsas esperanças justamente por que a tradição popular ensinou o povo a pagar por isso...

Esse lugar é um paraíso para gente sem escrúpulos, claro! Isso não quer dizer que todos eles sejam, claro! Vale lembrar que em muitos templos religiosos, a vida dupla e hipócrita do líder religioso é uma carta aberta a todos sem precisar esconder de ninguém, mas mesmo assim o pessoal o “ama” e o estima e concorda em financiar seus prazeres por que ele “abençoa o povo” ensinando para eles a “palavra de deus” e entregando-lhes só profecias boas! Que maravilha! Há bíblia estar recheada de histórias como essas, em que o “povo de deus” financiavam o estilo do próprio carrasco, só por que esse fora “ungido por deus”!

Nesse ponto, os líderes não são os únicos culpados, pois a ganancia e as tradições do povo é quem financia “legalmente” estilo de vida do líder. Por outro lado, o povo só age assim, pois confia que será abençoado por esse líder ou que pelo menos poderá evitar a condenação presente e futura por estar dando uma boa vida ao “homem de deus”.

Várias passagens bíblicas são usadas para sustentar esse ponto, história de Eliseu e a Sulamita é a principal delas, onde relata que uma mulher estérea gerou filhos só por que deu dormida e comida na casa dela ao suposto profeta do senhor.

O desejo de ser favorecido mesmo em meio ao sofrimento de outros, nesses casos torna o fiel um cego e o líder religioso um louco.

É uma simbiose complicada em que o hospede e hospedeiro se fundem num único ser, criando uma outra forma bizarra de vida que quase não dar para salvar uma sem matar a outra. O “cliente” e o “fornecedor” de ilusões estão operando na mesma frequência. Tirá-los de sintonia é quase impossível, pois o “dial” do seus rádios estão quebrados.

No próximo texto concluiremos esse raciocínio.

AGUARDEM...

Texto escrito em 19/5/19

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 19/05/2019
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