Relato 26) - Santo Daime: Terra do Sol - Trabalho de Concentração - (13/04/2019)
NOTA: Esta igreja fica em Mairiporã-SP (@terradosolreal), tem seus fundamentos na doutrina do Santo Daime, mas não é filiada ao Cefluris (Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra). É uma igreja independente
CLIQUE AQUI para acessar o áudio e a letra dos hinos executados neste trabalho
Fui só.
Trabalho de concentração, sentado. Alguns hinos são executados com todos em pé.
O trabalho estava marcado para início às 19:00 (mas nunca começa no horário), cheguei no às 20:00.
Fizeram muitas melhorias lá: aumentaram o tamanho da igreja em dois metros em todo o seu redor, fizeram baias de estacionamento, gramaram todo o redor a igreja, fizeram uma cantina, uma fonte com a imagem de Iemanjá.
O livro já estava aberto quando cheguei (contribuição de 60 reais)
Não tinha muita gente. A maioria da casa. Umas 50 pessoas aproximadamente.
O despacho foi autorizado a servir o daime.
Tomei o daime e fui até o fiscal, para ser posicionado na corrente.
Começamos o trabalho, com 3 Pai Nosso e 3 Ave Maria.
Os músicos começaram com hinos que eu não conhecia. Belos hinos, exaltando a virgem mãe santíssima.
As puxadoras, mestras em sua arte, cantavam com fervor e alegria.
A cada hino minha consciência se elevava mais. Em alguns deles vinha em minha face aquele sorriso maravilhoso, cheio de amor.
Passados uns 40 minutos, a força estava vindo com tudo: aquele frio por dentro do corpo, o coração dispara, a partir da cabeça vem descendo sobre mim um torpor, sinto meus ouvidos zumbirem com aquela pressão no rosto, os ossos da face parecem expandir se transfigurando em outro ser...
Isto vai descendo, descendo e se eu resisto, enjoo.
Relaxei e deixei esta força, este poder tomar conta de mim.
Mas em determinado momento enjoei muito e tive que sair lá fora, mas nunca vomitei o daime. Às vezes vem aquele espamo, mas não sai nada visível pela boca.
Fui até a fonte, toquei no chão e na pedra, para me firmar. Depois fui em frente ao cruzeiro.
Quando me senti mais na firmeza voltei para dentro da igreja.
Aí a força veio com tudo e a minha consciência foi tomada pela energia da Virgem Mãe, que com as minhas mãos abria portais, curava, distribuia amor na corrrente.
Hora ou outra eu me transfigurava totalmente nela, hora eu só trabalhava a sua energia.
Após uma hora de trabalho, mais ou menos, um irmão leu a Consagração do Aposento e foi anunciada a segunda dose do daime.
Quando chegou a vez da minha fileira, me levantei confiante e fui para a fila. Estava bem na força ainda.
Tomei este segundo daime, que potencializou o restinho do primeiro.
Em seguida um irmão anunciou o intervalo para concentração. Neste intervalo, a intensidade das luzes é diminuída, e não são cantados hinos.
É um intervalo para meditação e introspecção, na força do daime.
Senti o torpor aumentando e a força tomando a minha consciência. Transfigurei para um ser poderoso, como se fosse um guardião. Minha boca ficou em forma de arco, para baixo, típico quando recebo a energia de Tranca Ruas.
Fiquei assim durante toda a concentração.
Depois de uns 40 minutos recomeçaram os hinos.
Comecei a trabalhar novamente, totalmente imerso nestas energias.
Em determinado momento voltei para a mente, aí a coisa começou a complicar e houve uma certa resistência em me entregar.
A mente começou: "Não é para ficar trabalhando assim. É trabalho de concentração, tem que ficar quieto"
E o amor que me envolve queria que eu me entregasse totalmente, para trabalhar nesta energia.
E eu voltava a trabalhar, mas logo saia da força.
Em determinado momento me vi andando só, por uma estrada.
"Ele" parou perto de mim e disse: "Por onde você tem andado? Te procurei por toda a parte". "Porque está sozinho?". "Você não parece estar se divertindo..."
Então me chamou para ir junto com ele, e me pegando pela mão, ia me conduzindo cada vez para mais perto da força, do reino divino.
"Vem mais perto. Só mais um pouquinho". Aí eu parava e dizia "Vou ficar daqui, olhando".
Eu ficava um pouco olhando, depois "Ele" vinha e pegava na minha mão.
Em determinado momento, quando eu estava trabalhando com as mãos, com a consciência toda entregue ao divino, Ela abria os meus olhos, mas eu tinha receio de olhar (não é permitido ver a face de Deus)
Ela abria os meus olhos, deixava uns segundos abertos, olhando o que as minhas mãos estavam fazendo e depois fechava. Nestes segundos, de olhos abertos eu via alguma porção do Universo, e muita, muita luz.
Segui assim durante todo o trabalho. Hora trabalhando na energia da mãe santíssima com as mãos e a consciência parcialmente tomada, hora este torpor aumentava eu eu transfigurava totalmente para esta energia, quando o meu rosto mudava totalmente assumindo formas femininas. Hora a mente vinha aprontar das suas e trazer as suas preocupações, rs.
Seguimos então para o final do trabalho, que durou 5 horas e meia.
3 Pai Nosso, 3 Ave Maria e está fechado o trabalho, meus irmãos e minhas irmãs. Louvado seja Deus nas alturas. "Para sempre seja louvada a nossa Mãe Maria Santíssima sobre toda a humanidade. Amém"
Nos confraternizamos ao final do trabalho com os irmãos próximos.
Depois de um tempo, saí para fora da igreja,. Estava ainda naquele restinho da força.
Sentei em um tronco lá fora e ouvi, daquela voz que quase vejo "Você viu a minha face? Olha para cima, vou jogar um raio sobre você, ou esmagá-lo como a um inseto."
Olhei para cima sorrindo e ouvi de uma voz que também sorria "Ah, meu filho. Filho meu. O que eu mais quero é que todos vocês vejam a minha face, todos os dias, em todos os momentos. Que vivam esta Verdade"
Depois disto fiquei com este sorriso por um bom tempo, rs.
Depois de uma hora fui embora.
Saí às 04:00. Queria que aquela estradinha de terra, pelo meio da mata nunca acabasse! Estava lindo demais.
Cheguei em casa às 05:00, tomei aquele café... e depois um belo banho.
Autor: Valdemir Nunes da Silva