Incorporando Iemanjá  no navio,  durante o cruzeiro (14/03/2019)

O navio estava em navegação, a esposa estava estava se arrumando no banheiro para irmos jantar.
Eu estava com o nariz grudado na janela da cabine (ficamos no primeiro deck e da janela para a água são só uns 2 metros)
Eu queria ver, sei lá, um golfinho, um tubarão, uma baleia, e quem sabe... uma sereia... mas não vi nem uma simples sardinha, durante os 6 dias de viagem, rs.
Acho lindo ficar olhando o efeito que ocorre na água quando o navio passa: faz uma linda marola, espuma, tons de azul incríveis.


Em determinado momento meus olhos semicerraram, reduzindo o meu campo de visão.
Depois fechei os olhos e senti aquela sensasão de torpor, que começa na cabeça e vem descendo pelo corpo.
Então, meus olhos se abriram e começaram a fechar e abrir rapidamente.
Fechei os olhos de novo e então eu senti...
Como se uma onda,  inicialmente pequena, depois gigantesca, saísse do mar e me envolvesse.
Senti que havia transfigurado completamente para a rainha do mar.
Olhei para o mar e o vi de um jeito que jamais imaginei. Minha visão estava super nítida, de uma forma que nenhum instrumento tecnológico poderia imaginar.
Gostaria de ter ficado ali, vendo este reino...
Mas minha esposa saiu do banheiro e me chamou. Eu saí de trás da cortina (que eu havia fechado, para ver melhor o mar) e quando ela me viu já sabia que não era eu, que eu não estava sozinho, pois senti que meu rosto havia mudado completamente.
Ela foi até a minha esposa, fez carinho nos seus cabelos e disse (não vou lembrar de tudo):
"Você também é minha filha, assim como ele"
"Eu te abençoo e me alegro pela sua alegria"
"Continue. Jamais baixa a cabeça para os reveses da vida."
"Pegou com suavidade no queixo dela e disse: você é filha de Iemanjá"
Disse outras coisas mais, mas o que me lembro é isto.
Depois ela me levou de volta para trás da cortina, me deixou ver o seu reino com esta espécie de super visão, depois se foi.


Autor: Valdemir Nunes da Silva