Relato 25) - Santo Daime: Céu de Maria - Trabalho de Concentração - (15/02/2019)
Fomos eu, a esposa e o meu enteado.
Foram também 2 amigos do meu enteado, um indo pela primeira vez.
Debaixo de chuva, saímos de casa às 20:20 e chegamos no Céu de Maria às 21:10.
Quando chegamos lá continuava a chover.
Parei na porta da igreja para eles descerem e fui achar um lugar para deixar o carro. Eu deixei o tênis com a esposa, e voltei descalço para a igreja. Passar a noite com o pé molhado é bem complicado. Sequei os pés com um pano e coloquei a meia e o tênis.
Ainda bem que fomos pela estradinha de trás, porque quando chegamos lá já tinha notícia de carro atolado.
Fomos para o livro, nos registramos e compramos os hinários da madrinha Nonata, que ainda não tínhamos.
O amigo do meu enteado preencheu a ficha de anamnese e subimos para a igreja, para ele participar da reunião para quem vai consagrar o daime pela primeira vez.
Depois de uns 20 minutos o trabalho começou.
Formou-se a fila para tomar o daime. Me foi servido o copo quase cheio. Daime daquele mais apurado.
Fui até o fiscal e ele me posicionou na corrente.
Os músicos começaram o trabalho com os hinários de concentração, acompanhados com mestria pelas puxadoras.
Eu estava largado na cadeira, cantando, aí começou a me dar sono, mas quando a força começou a chegar meu corpo se desencostou da cadeira e se aprumou.
No trabalho de concentração são uns 40 minutos de hinos, seguidos de uns 40 minutos de concentração, sem hinos e em silêncio.
Sempre nesta parte em silêncio é meio complicado para mim quando sinto a força chegando: o coração acelera, a respiração fica muito curta, sinto um frio absurdo nas pernas (mesmo no calor) minhas pernas começam a tremer e a se mexer incontrolavelmente, meu corpo começa a ficar dormente, a partir da cabeça.
Senti um ser divino enluvando meu corpo e ele começou a trabalhar.
Fiquei bem durante todo este tempo de concentração. Às vezes este ser acalmava a minha perna esquerda, que não parava de se mexer.
Foi feita a chamada para a segunda dose do daime e começaram os hinos de despacho. Me entreguei totalmente à força, sentindo-me transfigurando em seres da floresta.
Eu estava bem na força, mas quando o fiscal chamou a minha fila eu fui tomar a segunda dose e voltei para o meu lugar.
Depois que terminou os hinos do despacho, houve uma pausa de uns 15 minutos, sem hinos.
Aí começou a ficar bem complicado (escrevendo e tremendo, com muito frio)
Houve uma pequena pausa sem hinos e uma irmã estava lendo o decreto do mestre Irineu.
Eu estava de olhos fechados.
Aí comecei a sentir como se várias correntes estivessem apertando o meu corpo inteiro. Eu tentava me libertar, mas elas voltavam a me apertar.
Senti então meu corpo ficando dormente a partir da cabeça, perdendo a sensibilidade.
Já não era mais eu que estava ali, mas eu ainda mantinha um fio de consciência.
A minha consciência agora era do ser que me apertava com as correntes.
Ele disse “Eu sou o medo”
Este fio de consciência que eu mantinha tentava desesperadamente se libertar. Nem sei como meu corpo físico estava reagindo a tudo isto, mas teve uma hora em que achei que ia gritar.
Cada vez que eu tentava me libertar, a partir da minha cabeça iam descendo correntes me apertando.
E isto acontecia em ondas, as correntes desciam em ondas pelo meu corpo e isto estava me enjoando.
Teve uma hora que não teve jeito. Tive que sair da corrente, com a mão na boca já, pois achei que iria mesmo vomitar.
Consegui sair lá fora, nem sei como.
Na parte de fora da igreja tinha uns dois irmãos que estavam sentados, trabalhando os seus processos.
Lá fora, pedi ajuda ao fiscal e ele me trouxe uma cadeira.
Me abaixei para vomitar, tive espasmos, senti que saia alguma coisa, mas no mundo físico não tinha saído nada.
Vomitei umas três vezes este nada físico ( no astral sei lá o que poderia ser ).
Depois disto começou o seguinte hino:
“Firmeza, firmeza no amor
Firmeza, firmeza aonde estou
Eu estou firme com meu Jesus
Eu estou firme nesta luz
Aonde estou
Firmeza, firmeza no amor
Firmeza, firmeza aonde estou
O Mestre manda eu trabalhar
O Mestre manda eu me firmar
No lugar onde Ele está”
Este hino é cantado 3 vezes.
Na segunda vez, quando cantou “O Mestre manda eu trabalhar, o Mestre manda eu me firmar…” meu rosto ficou muito sério, eu me aprumei na cadeira e lentamente me levantei, caminhando para dentro da igreja.
Neste momento eu estava totalmente entregue a esta força, que com firmeza me levava para dentro da igreja, como se nada tivesse acontecido anteriormente.
O fiscal só me acompanhou com o olhar, pois ele já sabia que eu estava em boas mãos agora. Estava com meu Jesus
Um outro irmão que presenciou a agonia anterior perguntou se eu ia voltar para a igreja, “eu” disse que sim. Ele apenas me acompanhou.
Lentamente, passo a passo, com firmeza, me dirigi até o meu lugar. Arrumei a minha blusa e sentei. Neste momento senti todo o Amor me envolvendo. Terminei aquele hino e os próximos totalmente transfigurado, trabalhando com as mãos.
Uns 4 hinos depois, ainda no hinário de concentração, um irmão que é fiscal ( e por quem tenho muita consideração, por ele ser sempre muito educado) me tocou e com educação disse para eu tentar controlar a atuação, pois era trabalho de concentração e não era para ter atuação.
Atuação é o que acontece comigo quando a força chega. Eu não controlo isto. Eu simplesmente me transfiguro (sinto meu corpo/vestes mudando) para o ser divino que está sendo cantado no hino. E estes seres trabalham com as mãos, às vezes cantam os hinos, mas nunca cheguei a encostar no irmão do lado, levantar da cadeira ou fazer qualquer barulho.
É uma atuação em que fico ali sentado, trabalhando. Na concentração os demais irmãos não trabalham assim. Todos ficam sentados no lugar, trabalhando o seu processo. Alguns tem atividades corporais, mas não como as minhas.
Os hinos continuaram e eu não conseguia controlar. Se eu fechava os olhos me sentia transfigurando para outro ser e minhas mãos começavam a trabalhar.
Uma voz, dizia: “Ele está certo, filho. Não pode não pode né?” Mas mesmo assim, se eu fechava os olhos…
Fiquei lutando contra a força, de olhos fixos no chão. Se eu fechava os olhos entrava na força.
Terminou o hinário de concentração e começou o hinário da madrinha Nonata.
Este hinário tem chamadas para Bezerra de Menezes e Professor Antônio Jorge e até dois hinos para o Seu Tranca Ruas.
Gostaria muito de ter entrado na força de Bezerra de Menezes, mas fiquei com o olhar fixo no chão, para não entrar na força.
Quando tocou os hinos para Tranca Ruas eu fechei os olhos e ele apenas sorriu.
Aí começaram os hinos do Cruzeirinho. Gosto muito destes hinos e sei todos de cor. Estes são sempre cantados em pé e demora uns 40 minutos.
Me levantei e comecei a cantar, mas eu mesmo não ouvia a minha voz. Quando eu voltava para a mente eu ouvia a minha voz.
Estava cantando os hinários com amor, com louvor, e o irmão que estava de fiscal ( o mesmo que me tocou e pediu para controlar a atuação), pediu que eu fosse uma fileira adiante, para compor a corrente.
Me adiantei uma fileira e segui cantando os hinos do Cruzeirinho até o final.
Depois começaram os hinos de encerramento, e as orações.
No final o dirigente daquele trabalho diz:
“Em nome de Deus Pai Todo-Poderoso, da Virgem Soberana. Mãe, do Patriarca São José e de todos os Seres Divinos da Corte Celestial, e com a Ordem do nosso Mestre Império Juramidam, está encerrado o nosso trabalho, meus irmãos e minhas irmãs. Louvado seja Deus nas alturas.” E todos respondem: “Para que sempre seja louvada a Nossa Mãe Maria Santíssima sobre toda a humanidade. Amém.”
Todos batem palma, se cumprimentam.
Sempre tem muita alegria e muito amor este final.
Como esta última parte foi em pé, fui sentar um pouco, peguei minha mochila e encerrei a gravação.
Cumprimentei o meu enteado e agradeci pela ajuda ali fora.
Depois fui em direção à esposa. Nossa, ela fica mais linda ainda depois do daime. Fica lerdinha, parece uma criança.
Sempre cuido dela depois do daime, segurando com firmeza o seu braço.
Como eu não tinha tomado o terceiro daime, estava bem no restinho da força.
Sentei um pouco e logo veio a instrução, daquela voz que quase vejo no ar: "Este medo não era seu. Você é um mestre. Este medo veio para você trabalhar, transmutar em luz."
Fiquei muito alegre com isto, mas depois um pouco irritado, pois achei muito para mim. Meu, aquelas corrente me apertando, foi assustador, rs.
Achei que não ia aguentar, mas o divino sabe da nossa capacidade.
Depois entrei naquela onda de amor e luz. Se eu fechava os olhos via cores e luzes incríveis e sentia o corpo envolvido por amor.
Ficamos um pouco por lá ainda e depois de uma hora fomos embora.
Mas não sei se ainda consigo ir no Céu de Maria. O trabalho é maravilhoso, ali eu sinto uma conexão direta com o divino, mas eu não consigo me adequar alí. Em bailado eu não consigo ir, porque entro na força e meu corpo para de bailar. Em concentração não consigo ir, porque me entrego à guiança dos seres divinos e não consigo ficar parado. Estes seres querem trabalhar através de mim.
E não quero ficar lutando contra esta força, este poder. Eu me entrego e quero continuar assim: entrega total à guiança deste ser divino, que é o daime.
Acredito que na força, cada um trabalha do seu jeito, mas obviamente não é a doutrina que tem que se adequar ao meu trabalho.
Vamos ver para o onde a minha guiança me manda agora. Sei é que eu não gostaria muito de ter “uma Casa” para não ficar olhando para o divino sempre pela mesma janela.
NOTA: Na canalização do dia seguinte, 16/02/2019, fiquei sabendo o que foi este medo
Veja esta canalização em https://www.recantodasletras.com.br/ensaios/6628350
Autor: Valdemir Nunes da Silva