Relato 20) - Santo Daime: Céu de Maria - Trabalho de Mesa Branca (26/10/2018)

Sempre quis fazer este trabalho e como já tinha ido no dia 12/10 no Reino do Sol, perguntei para a esposa se tudo bem eu ir, que este é um trabalho que não acontece com frequência e tals. Ela falou que tudo bem.
Fomos eu, meu enteado e dois amigos (um pela primeira vez tomando daime )
Saímos de casa às 20:15. O trabalho estava marcadO para iniciar às 20:00 (mas nunca começa na hora)
Chegamos no Céu de Maria por volta de 21:00.
Fomos para o livro ( contribuição de 40 reais ), o nosso amigo preencheu a ficha de anamnese e depois levamos ele para conhecer a igreja e o mirante para o pico do Jaraguá.
A igreja estava linda, ainda com a decoração do dia de Nossa Sra. Aparecida.


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Aí tocou o segundo sino, chamando os irmãos para a igreja.
Ficamos por perto da igreja, pois os novatos seriam chamados para as explicações introdutórias e este nosso amigo deveria participar.
Eles estavam sentados em círculo nos fundos da ala feminina. Fui lá perto, pois gosto muito de ouvir esta palestra introdutória. Sempre tem gente nova chegando..
Depois da palestra fomos para a ala masculina. A igreja já estava lotada, com um monte de gente sentada e o fiscal ainda não tinha nos posicionado ( o meu enteado ficou de fiscal )
Ficamos só nós 3 em pé, então perguntei para o fiscal se podíamos sentar. Ele disse que já ia abrir o despacho do daime e iria nos posicionar.
O trabalho iniciou então, por volta de 21:30
Rezamos 3 Pai Nosso e 3 Ave Maria e anunciou-se que o daime estava aberto.
Tomei o daime, copinho quase cheio, daquele de grau 5 e fui até o fiscal para ser posicionado na corrente.
Sentamos eu e um dos amigos lado a lado. O outro perguntou ao fiscal se podíamos sentar juntos. O fiscal deu um sorriso e disse que não ( na corrente os homens e mulheres ficam em lados opostos no salão e em cada lado há lugares específicos para fardados, não fardados jovens (onde um dos amigos ficou), não fardados mais velhos, ( eu e o outro amigo ficamos neste setor))
Começou o trabalho com o hinário Oração, do Padrinho Sebastião.
Cantei até onde consegui, então a força chegou devagarinho e eu não consegui mais cantar.
Depois foram feitas mais algumas orações espíritas e no hino abaixo, para os doutores do astral, incorporei totalmente a força da falange do Dr. Fritz e seus companheiros e as minhas mãos faziam um monte de coisas no ar.
“Eu venho de longe
Baixo neste terreiro
Eu sou o Doutor Fritz
Eu sou um grande curandeiro

 

Eu venho de longe
Venho do alto mar
Eu sou o Doutor Fritz
Eu venho é para curar

Eu venho de longe
Trago os meus companheiros
Mestre Antônio Jorge
E o Doutor Bezerra de Menezes”

O trabalho prosseguiu, com alguns hinos que eu não conheço.
Em um hino que falava “Me chamam de mentiroso, mas meu Pei e minha Mãe lá está", eu estava bem incorporado e “sorri” gostoso pois me entrego confiante e completamente a este Poder.
Depois fiquei por um bom tempo me torcendo na cadeira, sentindo aquele frio absurdo nas pernas ( um frio de dentro para fora ).
Anunciou-se que o despacho estava aberto para a segunda dose do daime. Eu ainda estava bem na força, então esperei a fila ficar menor. Depois que a fila diminuíu, fui tomar o segundo daime, daquele bem apurado, mais escuro. O irmão serviu meio copo.
Fui no banheiro fazer xixi e voltei para o meu lugar.
Ainda fiquei me torcendo por vários hinos.
Aí veio aquela parte de mim que tem medo. Ela gritava na minha cabeça:
“Eu já não falei que não quero mais vir aqui? Olha que que vou fazer ele gritar”
Aí os seres de luz que estavam comigo a acalmaram.
Aí foi aquele drama, rs. Às vezes eu entrava de vez na força e incorporava o ser que estava sendo cantado e depois saia. Ou nem entrava.
Em alguns momentos esta voz dizia: “Está bem, vamos lá. Mas na hora que eu quiser sair eu saio”. E então me deixava entrar na força e eu sentia que ela estava lá comigo e com os seres de luz.
Depois houve o anúncio de mais uma dose de daime. Neste momento eu estava me torcendo todo na cadeira.
Eu prefiro não decidir mentalmente se devo ou não tomar mais um. Fiquei olhando para a fila, enquanto os hinos de despacho eram cantados.
Em um hino do despacho que dizia algo como ” Me levanto…”. Uns 6 levantaram ao mesmo tempo junto comigo. Quando percebi eu já estava na fila.
Daime daquele apurado. Olhei nos olhos do irmão que estava no despacho (nunca baixo a cabeça ou os olhos) e ele também na força me olhou nos olhos, e serviu só um fiozinho de daime.
Passei direto pelo meu lugar e “fui” lá fora da igreja, no cruzeiro. “Fiz” o sinal da cruz em frente ao cruzeiro e saí cambaleante, mas ao subir a rampa para dentro da igreja me transformei e uma grande confiança tomou conta de mim.
Sentei no meu lugar e aquela voz do medo falava “Falta muito ainda? Ai não, ainda falta São Miguel”.
Começaram os hinos de São Miguel. Eu queria ficar relaxado na cadeira, mas a força me colocava perfilado, com a coluna ereta e fiz o hinário de São Miguel inteiro nesta posição.
Ao contrário do que sempre acontece em trabalho de São Miguel, não incorporei totalmente esta força.
Muitos caboclos baixaram nos irmãos, durante o hinário de São Miguel.
“Eu” cantei todo o trabalho de São Miguel (sentia que não era eu cantando, mas alguém tirando a letra do hino das minhas memórias), pois eu só ouvia a minha voz quando saia um pouco da força e vinha para a mente. E eu não tenho muito fôlego para cantar, mas desta vez parecia ter  um caminhão de oxigênio no peito.
Estranhei ser assim, mas ouvi “Está tudo bem. É assim que tem que ser. Aproveite”
Foi lindo. Eu cantava e estava na força de São Miguel ao mesmo tempo, segurando a espada e o escudo.
Teve uma hora que eu estava na força, minhas mãos fazendo gestos complicados, aí sem querer eu perdia o foco da força e voltava para a mente, que continuava com os gestos. Aí a força falava “O que você está fazendo?” rsrs
Mas nos hinos em que precisava ficar em pé era difícil, rs.
No hino abaixo todos se levantaram de uma só vez e de olhos fechados, quando olhei para cima vi uma espada. A minha mão direita levantou e trouxe consigo a espada do Senhor, como estava falando no hino.

“Eu vou me levantar, com ajuda do Senhor (bis)
Peguei na minha espada, foi para guerrear (bis)
Esta força quem me deu foi o Mestre Juramidam (bis)
Para eu me levantar com a espada na mão (bis)
Curo tudo, expulso tudo com o poder do Pai Eterno (bis)
E da Virgem Soberana e do divino Espírito Santo (bis)“

Teve um momento em que achei que iria vomitar, mas ouvi daquela voz que se forma no ar “Você jamais vai colocar o daime para fora”.
Depois começaram os hinos de encerramento.
Terminou o trabalho às 04:00, ficamos por lá mais uma hora e cheguei em casa as 06:00. Tomei um café, um banho (ah, o banho depois do daime… é mágico) e fui dormir às 07:00
Ah, e quando ia chegando na casa do meu enteado, tinha um acidente com vítima fatal na rua . O corpo estava coberto, no chão.
O meu enteado falou “Isto eu não queria ver, depois de um trabalho”
Eu falei “Se vimos era para vermos. Vamos pensar porque vimos”
O resto do dia transcorreu de boa, eu flutuando em amor e paz interior.

Autor: Valdemir Nunes da Silva