Relato 4) - Santo Daime: Céu de Maria - Trabalho de São João (23/06/2017)

O trabalho começou às 22:00. Trabalho todo bailado.
Após a primeira dose do daime ( aquele mais claro ), tive uma leve expansão da consciência e bailei normalmente até 01:00.O hinário era O Cruzeiro, do mestre Irineu,com mais de 120 hinos.
Tivemos uma longa parada para descanso até às 02:30
Voltamos e eu não ia tomar a segunda dose do daime, receoso de não conseguir manter a consciência no corpo.
Decidi tomar (agora era aquele daime escuro, mais apurado e potente), pois achei que poderia me conectar melhor e que o divino saberia que preciso manter a consciência no corpo para poder bailar.

Meia hora depois da segunda dose do daime eu já comecei a sentir outra dimensão. Depois sem conseguir controlar, parei de cantar, a mão que estava segurando o hinário baixou e eu vi que minha consciência ia entrar em outra dimensão. Decidi sair da corrente, para não ficar parado e atrapalhar o bailado.
Saí para fora e fiquei junto à área onde os irmãos ficam quando estão passando mal ou querem respirar um pouco. Um frio daqueles e eu estava só com uma blusa. A força veio com tudo.
A minha mochila estava do lado de dentro e eu não conseguia chegar até lá. Pela janela pedi para um irmão que estava passando para me dar a mochila. Coloquei a blusa e joguei a mochila para dentro.
Tinha um irmão na cadeira, assim fiquei sentado no murinho do jardim, sentindo as cores e formas de outras dimensões.
O irmão que estava na cadeira saiu e fui sentar-me lá. Depois de um tempo o irmão que estava de fiscal me tocou e disse que eu não poderia ficar ali, pois ali era uma área para descanso rápido e que eu poderia pegar as energias ruins que estavam ali ( como se, neste estado de pura graça em que eu me encontrava, alguma coisa de ruim pudesse chegar perto, rs). De nada adiantou eu falar que a minha consciência saia do corpo e se eu poderia ficar ali, rs. Pouquíssima gente entende isto, que na verdade somos apenas uma consciência, uma bela alma que passeia pelo Universo. Quando eu olhava para o irmão o via quase transparente, rs.

Naquele dia tinha uma bela fogueira, pois trabalho de São João sem fogueira não é trabalho.
Trôpego, me encaminhei para a fogueira, lutando para ficar consciente, sentindo com toda a força o chamado para outra dimensão.
Fiquei em frente a fogueira e de olhos fechados vi a fogueira em formas que eu jamais sonhei..
Me preparei para me libertar, para me entregar à outra dimensão, mas não estava em segurança, em frente à fogueira. Poderia ficar perto demais e o fogo ficar mais forte em algum momento. Lutei para ficar consciente e consegui.
Fiquei lá na fogueira com mais alguns irmãos até ás 04:30. Um irmão veio me chamar pois já estava terminando o trabalho.
Fui até perto da igreja, mas ainda estava transitando entre dimensões. Voltei para a fogueira.
Lá pelas 05:00, quando só tinha eu na fogueira o irmão veio me chamar novamente. Estava melhor e fui com ele para terminar o trabalho, entrei e bailei o resto do trabalho sem problemas até as 06:00.

Conclusão: Descobri que em bailado não tem condições de eu ir. E não quero ficar lutando contra a condução do ser divino que está contido no daime. Ele sabe para onde precisa me conduzir.
Mas isto é o que acontece comigo particularmente. Os demais irmãos estavam bailando normalmente.