CRIAÇÃO vs PLÁGIO ...
Um conhecido comentou sobre a possibilidade de que, em algum momento, um famoso teórico do Teatro haja visitado um terreiro de Candomblé ou de Umbanda.
Alguém afirmou com convicção: DUVIDO!
Pior que isso é buscar conhecimento e depois negar a origem desse conhecimento.
Conheci um cidadão, que cantava embaixadas de Chegança, Pastoril, Reisado e Guerreiro, e dizia que ele criara, de forma acadêmica, esses folguedos... fiquei zangada.
Ora, o que ele lera a respeito dos folguedos, no Museu, eram só palavras escritas em um pedaço de papel.
Ali não havia sons de apitos, de pandeiros, sanfona, sons de cantorias, de pés batendo, ritmados, no chão.
Não havia cores de fitas, brilho de espelhos, de areia brilhante, canutilhos, lantejoulas, pingos-d’água, festões e bolhas de arvore de natal.
Não havia a essência do Folguedo que é vista e sentida apenas quando ao vivo e a cores.
O cidadão foi nos Cafundós do Judas, viu e ouviu os Mestres desses Folguedos, na sua "rudeza" cantando palavras de forma "errada", em tom "dissonante", dançando passos "grosseiros" sem o sorriso malicioso, sem o gingado sensual.
“Eles fedem a suor!”
Aí pegou tudo, trouxe pra universidade, modificou o esteriótipo e deixou a essência... depois enfeitou com uma roupagem para gringo ver, feito carnaval... e aí?
Cobriu seus dançarinos de perfume.
Roupas de tecido e costura pra lá de caros… sapatilhas, perucas, maquiagem e tudo o mais.
Só quem não conhece a arte pura, pode achar que ele criou alguma coisa assim, do nada.
Para mim, adulterar não é criação, é plágio!
Eu sei da origem, sou filha de uma ex-Mestra de Guerreiro... então…