DIVÓRCIO SANGUÍNEO ...
Sou a caçula dos três filhos que Minha Mãe pôs no mundo.
Fui criada, desde os quatro anos de idade, longe da minha família, em um Orfanato.
Mas, isso não me fez renegar nenhum membro da Minha Família, muito ao contrário.
Sempre fui uma criança muito observadora, calada e solitária.
Tão logo aprendi a ler corretamente, me deram uma Bíblia de presente. A parábola de Adão e Eva e seus filhos, sempre me chamou a atenção, tendo em vista o fato do assassinato de Abel.
Cresci e a vida me levou por vários lugares… andarilha por imposição, um dia resolvi que devia parar a peregrinação, e parei.
Constitui uma família.
Consegui um bom emprego e junto com ele, um pequenino recanto, onde poderia me abrigar com minha família.
Aí, começou a avalanche… até que um dia, um dos meus irmãos, falou para alguém, referindo-se a mim...
____ Ela não é mais minha irmã. Eu não tenho irmã!
O outro, se aproveitando da minha fragilidade, após uma cirurgia, veio na minha casa, poucas horas após eu haver chegado do hospital, sentou perto da cama onde eu estava deitada e disse, na minha cara:
____Não considero parente de 3º grau como gente da família. Você é só minha irmã por parte de mãe, então é minha irmã em 3º grau...
Olhei para ele e senti como se alguma coisa houvesse se desgrudado dentro do meu coração.
Um baque.
Um choque.
Uma pancada forte.
Dolorosa.
Nada falei, só o olhava sem entender… minha filha, que estava ao meu lado ergueu a voz.
____Sabe uma coisa que eu não entendo? Como é que o senhor não considera a minha Mãe como sua família, e vem pra casa dela, justo hoje, para dizer isso? Minha Mãe foi submetida a uma cirurgia pesada, chega em casa e nem pode descansar em paz?! O senhor não acha muito não? Olhe, eu espero que corra tudo bem com ela, na recuperação… agora, se é pra o senhor vir aqui, afrontá-la, melhor não se dá esse trabalho, viu?
Já se passaram 9 anos do primeiro episódio, do 2º, um ano. Continuo sem atinar com o motivo de tanto ódio, tendo em vista que, dos três filhos da Minha Mãe, eu fui a única exilada do seio da família, com apenas quatro anos de idade. No tempo que durou meu exílio, suportei pesadas lições, até chegar onde cheguei.
Hoje, continuo vivendo longe das pessoas que conheço e considero como meus irmãos. Não forço aproximação e entrego tudo nas mãos de Deus.
O mais velho (primeiro), foi quem falou que sou sua irmã de 3º grau, e portanto não sou sua família de sangue.
A segunda (do meio), foi quem falou que não sou sua irmã, que ela não tem irmã.
Desde que me entendo por gente, sei que tenho dois irmãos, mas, se eles "acham" que podem se "divorciar" do elo de sangue e espírito, determinado por Deus... não insisto, Deus proverá!