ADOLESCENTES E O MOSAICO DE ANTONI GAUDÍ - Parte II

Os adolescentes carentes sentem-se ilhados, desestimulados com a vida, sem oportunidade e quase à margem da sociedade... Esta lhes mostra tantas maravilhas, aguça seus desejos e fantasias e não lhes oferece sequer oportunidades dignas de desenvolverem e formarem sua própria consciência e ação cidadã...

A adolescência é uma fase de socialização dos jovens que se firmam nas relações, nos afetos e desafetos... Há também os problemas da sexualidade... Do corpo se transformando e ainda têm que lidar com a incompreensão familiar, e até escolar, nesta fase de sua formação, o que os tornam ainda mais reticentes, arredios, e amedrontados...

Esta aflição e medo os levam a formarem seus guetos suas tribos, seus ambientes de reunião e proteção... Contra quem deveria lhe oferecer esta condição eles vão desenvolver este terrível conflito...

Partindo dessas considerações sobre os conflitos vivenciados por este grupo etário foi dado continuidade aos trabalhos com os adolescentes e as parcerias instituídas.

A equipe de profissionais da Secretaria Estadual da Saúde da Paraíba, junto com a ONG conseguiu que um porcelanato, que se engajou nesta idéia de auxiliar os adolescentes na inclusão social, doasse toda a cerâmica de cores variadas para serem usadas na confecção do mural “Mulher, Criança e Adolescente”.

Outra ONG se interessou pelo projeto e se ofereceu para ser responsável pela alimentação dos adolescentes instrutores em número de 20, que trabalhavam divididos em dois turnos, devido ao período letivo nas escolas públicas, onde os mesmos estudavam.

Os jovens instrutores pertenciam a ONG, que ensinaria os demais jovens (aprendizes) a serem multiplicadores na arte do mosaico.

O almoço era servido na própria Secretaria Estadual da Saúde, que ficou responsável pelo material de construção junto ao setor de Engenharia, que cuidou logo em melhorar o visual quanto a arborizar adequadamente aquele ambiente.

Durante o decorrer das atividades, os jovens adolescentes instrutores receberam uma remuneração simbólica na forma de hora aula.

Este pagamento contribuiu para elevar a auto-estima e autoconfiança, dos adolescentes instrutores... Também foi de suma relevância para os aprendizes, pois os ajudou a se motivarem pela aprendizagem daquela arte-ofício, que naquele momento, parecia ter a força de torná-los cidadãos respeitáveis, engajados socialmente, admirados...

As pessoas os viam trabalhando na praça e ficavam curiosas, perguntando sobre o trabalho, e se interessando em fazer O mesmo, em suas residências... Este contato com os transeuntes foi de suma importância para as incertezas que até aquele momento eles carregavam... O fracasso, a insegurança...

Assim foram levados a acreditarem em si mesmos, em sua própria capacidade de realizar, coisas grandes e importantes no meio social e familiar.

Continua em “Adolescentes e o Mosaico de Antoni Gaudí,” Parte III.


Texto Inédito!

PROJETO: O ADOLESCENTE QUER SABER (Área da Psicologia do Adolescente).
Marize Morais-Psicóloga Clínica. João Pessoa (PB), 09.08.2007.
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998


Marize
Enviado por Marize em 17/09/2007
Reeditado em 25/11/2008
Código do texto: T656549