Kagaku é caga cu, Caga cu é "bostear"

Minha filha pequena que freqüenta um hoikuen (jardim de infância aqui no Japão), perguntou à minha mulher:

- Mamãe o que é kagaku, em "japonês"?

Minha esposa, por desconhecer a resposta, falou ironicamente:

- Kagaku... Não sei querida, cagacú eu acho que é fazer cocô.

Eu, que estava deitado após um lauto almoço, acompanhado de um monte de cervejas falei:

- Filha, venha aqui que eu vou te explicar.

Ela veio correndo e, olhando inocente e interrogativa para mim, aguardou a explicação. Comecei então com uma das minhas conversas absurdas:

- Filha, "caga"cú é uma coisa muito complexa. É, antes de tudo, um verbo que é usado por todos no dia-a-dia:

EU "cago", TU "cagas", ELE "caga",

NÓS "cagamos", VÓS "cagais", ELES "cagam"

- Até ai você entendeu, né filha? - Só um doido pra fazer uma pergunta dessa, como se uma criança tão pequena pudesse ter entendido a diferenciação entre verbo, adjetivo, artigo...etc... Acompanhado de tanta asneira, eu continuei a minha esparrela:

- "Caga"cú, também é dividido em muitos adjetivos. Pode ser por exemplo:

"Caga"cú com classe que é a cagada dada por aquele que, fecha a porta do banheiro erméticamente e, esconde das pessoas em sua volta o "bostear" grosseiro.

"Caga"cú vulgar, já é o oposto. É, deixar a porta do banheiro aberta, e ficar batendo papo enquanto se "bosteia".

- Há ainda, minha filha, a cagada sonora e a silenciosa:

A primeira, é aquela na qual (mesmo com a porta do banheiro fechada) escandalizamos as pessoas com os sons estridentes do nosso "rabo".

BRSSSSS... VRSSSSS...

E com os nossos escandalosos suspiro e exclamações:

Hááá... Como é bom "caga".

A segunda, já é aquela cagada acanhada na qual colocamos todo o nosso esforço em sermos discretos e educados, e nos deliciamos compenetrados em nosso "bostear" solitário. Nela, o máximo que fazemos é soltar um "PUM" calmo e quase silencioso.

- "Caga"cú, pode também ser classificado como nojento ou então de aliviante e cultural:

O nojento se classifica em simplesmente abaixar-se as calças, sem respeito à nada e nem por nós mesmos, somente para sentir grande alívio no "bostear" fedido e vulgar.

Já o outro modo de "caga"cú é aquele no qual, antes de entrarmos no banheiro, nos preocupamos em pegar um bom livro, sentar-nos então confortavelmente e ai defecar com classe. Cagar saboreando uma obra de Balzac, pode ser um bom exemplo.

- Pode também levar muita bizarria o adjetivo ao acompanhar o verbo. Eu falo da cagada de urgência ou imediata que é quando temos de nos esconder, atrás de qualquer moita próxima, e rapidamente

BRSSSSS...

O pior na situação é a, tão provável quanto certa, falta do papel-higiênico. Tem-se que apelar para qualquer folha de mato - o que pode ser e que com certeza é - irritante e nociva para o nosso delicado "BUMBUM'.

- Há ainda, nessa mesma categoria bizarra, o "caga"cú inesperado. É aquele que em plena avenida, com a calçada repleta de passantes - e você entre eles - surge o desejo de dar um "PUM". Você olha disfarçadamente à sua volta e tenta soltar o seu "PUM" com descrição, mas o que acontece é que sai um VRSSSS... Quase silencioso e você sente a sua cueca toda molhada. Essa é uma situação constrangedora e desesperante, mas quem é que não a conhece, né? Entendeu, minha filha? - Que pergunta mais absurda para se fazer, a quem me olhava em sua inocência abismada e sem nada entender!

- Posso não ter respondido a sua pergunta a contento querida filha, mas acho que deixei bem claro o que é "caga"cú" para um brasileiro. Eu espero?

KAGAKU: substantivo com dois significados em nihongo

Significado I - KAGAKU [s] CIÊNCIA

kagakusha / jinbun-kagaku - cientista / ciências humanas

shinzen-kagaku / shakai-kagaku - ciências naturais / ciências sociais

kagaku-teki / kagaku-hakubutsukan - científico / museu de ciência

Significado II - KAGAKU [s] QUÍMICA

õyõ-kagaku / kagaku-hiryõ - química aplicada / fertilizante químico

kagaku-henka / kagaku-sayõ - mudança química / ação química

kagaku-hanoõ / kagaku-kigõ -reação química / símbolo químico

CARLOS CUNHA o Poeta sem limites
Enviado por CARLOS CUNHA o Poeta sem limites em 17/09/2007
Código do texto: T655910
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