Conselhos a jovens e adultos
Gosto de conversar com jovens porque fazem parte de um universo de maior transparência, capazes de fazer confidências, de se exporem, de mostrar suas vulnerabilidades. Os adultos, principalmente os homens, carregam a pretensão da auto-suficiência e da superioridade, criando sérias barreiras ao entendimento e deixando a impressão de perda de tempo.
Embora a gente pense que os jovens sempre seguem o bando e se repetem em padrões, isto não é completamente verdadeiro. As dúvidas deles são muito pessoais, originais e ricas. Acusá-los de alienação é outra injustiça, só porque achamos que eles estão desinteressados nos assuntos do nosso mundo, enquanto eles ainda não se prepararam para ele.
Não é o mundo deles e não sabemos respeitar isto. Do mesmo modo, eles poderiam nos acusar de alienados, já que também não estamos interessados no seu mundo, por incompetência nossa de entender suas angústias e incertezas, que são universais e atemporais.
Se o mundo globalizado está conturbado, por causas complexas, como é que podemos esperar que eles o compreendam se nem sequer foram responsáveis por isto, receberam-no de herança apenas? Em vez disto, os acusamos de confundirem sonhos com coisas improváveis.
Se tivéssemos a necessária paciência de ouvi-los ajudaríamos muito na sua interminável busca de se encontrarem, de seu autoconhecimento. Temas que eles gostam de discutir estão praticamente indisponíveis em nossa agenda diária.
Jovens são emocionalmente instáveis e muitos de seus sofrimentos são inconfessáveis para os adultos, justamente estes que, nessa fase, se negam a ajudá-los na superação da desconfiança. Mas não sou um especialista em jovens. Sinto-me desconfortável quando alguém me pede conselhos.
Não me julgo preparado para dá-los e nem acredito que a minha experiência seja transferível. No fundo tenho tantas ou mais dúvidas que eles. As grandes questões da vida envolvem uma grande insegurança, a não ser que a pessoa meta os pés pelas mãos e imponha seus pontos de vista como coisa pronta.
Não me julgo melhor porque minha experiência é maior. Na verdade, minha experiência e meus conhecimentos são apenas pequenos poderes ociosos: 90% deles caem em desuso, sem nunca terem sido utilizados. Colocados diante de uma situação nova, raramente recorremos às experiências passadas para resolvê-la. Tenho observado, reiteradamente, as pessoas muito convictas e pude concluir que elas são bastante limitadas. Elas simplesmente não conseguem perceber as alternativas, pensar no contraditório ou na hipótese nula.
Efetivamente, a ignorância é a mais forte aliada das grandes convicções e ter dúvidas é uma atitude corajosa e inteligente ao mesmo tempo.
(In: CONHECENDO MINAS - Poeira na Estrada e Becos Apertados. Inédito)
Embora a gente pense que os jovens sempre seguem o bando e se repetem em padrões, isto não é completamente verdadeiro. As dúvidas deles são muito pessoais, originais e ricas. Acusá-los de alienação é outra injustiça, só porque achamos que eles estão desinteressados nos assuntos do nosso mundo, enquanto eles ainda não se prepararam para ele.
Não é o mundo deles e não sabemos respeitar isto. Do mesmo modo, eles poderiam nos acusar de alienados, já que também não estamos interessados no seu mundo, por incompetência nossa de entender suas angústias e incertezas, que são universais e atemporais.
Se o mundo globalizado está conturbado, por causas complexas, como é que podemos esperar que eles o compreendam se nem sequer foram responsáveis por isto, receberam-no de herança apenas? Em vez disto, os acusamos de confundirem sonhos com coisas improváveis.
Se tivéssemos a necessária paciência de ouvi-los ajudaríamos muito na sua interminável busca de se encontrarem, de seu autoconhecimento. Temas que eles gostam de discutir estão praticamente indisponíveis em nossa agenda diária.
Jovens são emocionalmente instáveis e muitos de seus sofrimentos são inconfessáveis para os adultos, justamente estes que, nessa fase, se negam a ajudá-los na superação da desconfiança. Mas não sou um especialista em jovens. Sinto-me desconfortável quando alguém me pede conselhos.
Não me julgo preparado para dá-los e nem acredito que a minha experiência seja transferível. No fundo tenho tantas ou mais dúvidas que eles. As grandes questões da vida envolvem uma grande insegurança, a não ser que a pessoa meta os pés pelas mãos e imponha seus pontos de vista como coisa pronta.
Não me julgo melhor porque minha experiência é maior. Na verdade, minha experiência e meus conhecimentos são apenas pequenos poderes ociosos: 90% deles caem em desuso, sem nunca terem sido utilizados. Colocados diante de uma situação nova, raramente recorremos às experiências passadas para resolvê-la. Tenho observado, reiteradamente, as pessoas muito convictas e pude concluir que elas são bastante limitadas. Elas simplesmente não conseguem perceber as alternativas, pensar no contraditório ou na hipótese nula.
Efetivamente, a ignorância é a mais forte aliada das grandes convicções e ter dúvidas é uma atitude corajosa e inteligente ao mesmo tempo.
(In: CONHECENDO MINAS - Poeira na Estrada e Becos Apertados. Inédito)