Você está realmente vivo?
Cientificamente a consciência é um fenômeno propiciado pela materialidade, desde a materialidade do cérebro e suas comunicações físico-químicas, até a apreensão daquilo posto quanto realidade material e apropriado por tal consciência de forma abstrata, quanto pensamento, quanto subjetivo que servirá como subsidio de uma experiência histórica/analítica que consequentemente mais cedo ou mais tarde garantirá seu retorno a realidade material, num ciclo constante e indivisível.
Ao morrer ainda não se sabe o que acontece com tal consciência, as religiões e formas espiritualizadas de enxergar o mundo falam sobre elementos desprovidos de materialidade que formam a essência humana, uma consciência extra matéria, uma alma, um fluído ou fluxo que transcende, evolui, retorna ou vive eternamente sob alguma circunstância.
É doloroso ao ser humano pensar em finitude, pensar que as histórias possuem um fim, e que algumas histórias chegam ao fim antes mesmo de ter começado, soa um tanto desumano, se é que podemos usar tal termo, mas falar sobre descontinuidade é necessário, não apenas necessário como a principal justificativa do pós-morte para aquilo que se constitui quanto o mais próximo da realidade, a ciência moderna, portanto para esta morrer deverá ser o fim da consciência.
Trata-se de uma reflexão complexa, talvez mais intimista do que devesse parecer, e tal discussão é ponto de partida para um questionamento, se a morte é o fim da consciência, o que antecede o fim? Como descobrir que é o fim? O que existe no fim?
Alguns estudos sugerem que ao morrer, ou momentos antes da ausência total de vitalidade, o ser humano desfruta de um estado de devaneio, talvez alucinógeno ou fantasioso, como se estivesse vivenciando um sonho. Um estado incompreensivo de último suspiro da consciência que falseia a realidade subjetivamente, na ânsia de evitar sofrimento, de evitar o encontro inevitável com a finitude.
Tal estado de segundos, minutos ou horas na vida material, não possui tais parâmetros de controle de tempo ou de expressão de tempo na vida não vigil, portanto a vida material que tem suas bases devidamente apreendidas e refletidas, encontra-se ali virtualizada, talvez uma suposta continuidade da vida verdadeira com suas devidas instabilidades, incertezas, dificuldades.
E como um enorme banco de dados de coisas que já existiram, a mente também proporciona que se veja novas pessoas, conheça-as, visite novos lugares, experimente novos sabores e novos aromas, tudo baseado na complexa mistura daquilo que já existia. E por vezes você se pega pensando, tal comida me lembra frango, tal lugar novo parece tão familiar, são bilhões de sensações virtualizadas preparadas para apaziguar a ideia de finitude.
Porém, vez ou outra, no sentido de preparar o sujeito para seu descanso final, a mente solta informações breves sobre sua possibilidade de não estar mais vivo, como numa forma sútil de dizer a verdade sem que haja um colapso daquele estado mental. Pode-se facilmente identificar tais sinais nas sensações de inadequação ao mundo, falhas no processamento de informações (como informações desencontradas, situações imprevistas), mensagens subliminares em músicas, outdoors, livros e quem sabe até num texto lido pela internet.