Pássaros
Descansa seus olhos nos meus, me olha que gosto de imaginar de que galáxia tu vem ou pra qual mundo eu vou/vôo quando você pousa seus olhos nos meus.
Por dentro do teu olho vejo tanto sobre você e também sobre mim.
Fitei por tanto tempo que esqueci do relógio e viajei pra um tempo alado que não existe, anacrônico, inconstante, efêmero mas eterno e que também paira no ar.
Não é ontem nem amanhã, não se conta no calendário, nos dedos, nos quilômetros e nem nos passos. Ele flutua.
Perguntei para a poeira dos dias com quantas estrelas se faz uma constelação, com quantos hoje se faz o ontem e o amanhã. Por quantos segundos se faz o que é pra sempre e quanto tempo é necessário para esquecer o que é eterno, com quantas efemeridades se faz o agora e com quantas horas se faz o que é infinito. Com quantos universos se fazem multiversos e com quantos planetas, sistemas.
Perguntei se o agora já é passado antes que pudéssemos terminar de pronunciar a palavra futuro, também questionei se o amanhã é o intervalo entre o sol e a lua e vice versa, se o ontem e hoje dividem-se pela linha do horizonte, pensei sobre o hoje e o amanhã e se eles são medidos pelo intervalo do piscar.
Senti o vento e quando dei por mim parei de olhar. Depois da revoada percebi que meu rosto já aterrizava em seu ombro, pousei no seu abraço e encontrei meu ninho, descobri que quando se está com quem se ama qualquer tempo é hoje, é aqui, é agora e também é pra sempre.
E no fim amor é isso é liberdade é voar pra onde se quer e se quiser junto.