Devaneio filosófico ( ou de quando me dou conta que nada sei)
E de todo o drama humano, nenhum, me parece, o mais elucidador que a luta pela sobrevivência. É do humano - esse andarilho sobre a face da terra - a busca constante pela manutenção da vida. Todavia, não se pode negar, que para atingir esse necessário objetivo, o homem se comporta como verdadeiro predador. Quem não conhece alguém que, em nome do seu sucesso, busca e lança mão de todos os meios? É possível se ouvir que determinada pessoa não mede esforços para conquistar o que se impõe como sua meta de vida. Também não nos parece impossível conhecer alguém que, tão logo se lhe apresente uma irrecusável oportunidade, ela mesma joga por terra o que antes era sua condição primeira de suas convicções. A esse transmutar de postura, alguns denominam de resiliência, nova visão da vida, releitura das circunstâncias, enfim, se justificam das mais variadas maneiras. E tudo adquire novos contornos. E o mundo - em função dessa readequação "ética" - se emoldura com cores vivas. O que antes incomodava ( miséria, abandono, fome, insegurança, desabrigo, etc...) se torna invisível. E dessa cegueira voluntária, apenas, e nada mais que isso, nasce um "novo" ser. As frustrações outrora elencada como a razão do descontentamento, cedem para que novos, e sempre renovados, desejos se tornem novas metas. E aí vem a triste pergunta: que racionalidade é essa que - sem a mínima compaixão - faz do homem seu próprio predador? E assim caminha a humanidade, para nossa tristeza, me disse um moribundo, antes de derramar a última lágrima.