Contar História...

Todas as histórias, sejam elas escritas, sejam elas ditas, sempre tentam trazer algum tipo de moral, por mais tortuosa que a mesma possa parecer, ou até mesmo completamente imoral ou amoral com aquilo que estamos acostumados a ver como moral.

A forma que a história pode ser contada, conduzida e elevada é, por assim dizer, algo único que só pode ser feito por uma determinada pessoa em um determinado momento. A pessoa que quer escrever uma história de amor no momento que está amando pode não ser tão interessante quanto aquela feita por alguém que sofre de uma angústia sem fim de um amor perdido, pois, sabemos, que contar uma história pode ser uma válvula de escape da realidade e retirar uma parte do sofrimento que reside em nossas almas e corações é um dos efeitos do contar de história.

Muitas vezes o fazemos porque temos um anseio infinito de fazer parte de algo maior daquilo que somos. Talvez uma fanfic nos faça viajar para algum mundo distante daquele programa de tv que tanto amamos ou uma história baseada num filme e livro pode nos fazer criar mundos realmente fantásticos e maravilhosos onde nós somos os herois, os personagens principais, aqueles que recebem todos os loiros da vitória.

Claro que existe uma diferença entre contar uma história para si e o mesmo para uma multidão, mas a arte continua sendo e tendo a mesma essência. Não devemos - ou não deveríamos - escrever uma história para agradar os outros e sim para agradar a nós mesmos, se por algum acaso as nossas histórias foram agraciadas por outros olhos, este é um efeito colateral para quem conta uma história.

Muitas das minhas histórias são feitas para registrar acontecimentos históricos dos mundos que eu não vivi, mas que eu estive lá e presenciei com os olhos de todos os protagonistas que, por um mero acaso, vieram a meu conhecimento.

Questiono os motivos de estar por lá, por fazer parte destes momentos únicos e deixo em papel, ou melhor, em bits e bytes, todos os registros de todos os eventos que aconteceram, acontecem e acontecerão. Sinto-me mais como um arquivista, um historiador de tudo que eu presenciei, seja ouvindo ali próximo o que alguma pessoa está dizendo na Cidade Transversal ou nalguma outra cidade de uma Terra Devastada pela Guerra das Lágrimas.

Outras vezes estou caminhando entre as estrelas e me vejo tomado pelas decisões de oficiais numa ponte de comando duma nave estelar ou de uma equipe avançada num planeta distante. Quão loucas são as aventuras que podemos bisbilhotar por um curto período de tempo.

Contar história é libertar todos os universos que existem dentro de nós mesmos e precisamos fazê-lo com constância, pois a vida não para por nenhum segundo sequer.