CÚMPLICES DE UM ABUSO!

Onde há um abusador intocável haverá sempre uma comunidade de coniventes com o caso, ambos beneficiando-se com a dor e a desgraça alheia!

*Por Antônio F. Bispo

Assim como em outros tipos de abusos, nos caso dos abusos de ordem sexual cometidos por alguma figura religiosa, todo abusador só sobrevive às custa do silencio do ser abusado ou da conivência coletiva daqueles que sendo beneficiado por algum título, valor monetário ou troca de influência fecham os olhos para as brutalidades que ocorrem diante de seus olhos, e na grande maioria dos casos faz como que a vítima sinta-se ou torne-se culpada pelos próprios abusos sofridos, que carregue a dor e o sofrimento durante a vida inteira sem comentar sobre o assunto com ninguém, ou que se retire daquele ambiente para não “causar ainda mais outros problemas”.

Nenhum abusador consegue cometer tantos abusos tantas vezes com tantas pessoas diferentes sem a conivência silenciosa ou comprada de alguns de seus apoiadores. Onde há um, o outro ali também estará. Encontre um, e os demais irão se manifestar quase que de forma voluntária!

Nesses casos, por mais que a vítima tente falar, haverá pelo menos umas 20 ou 30 testemunhas a favor do abusador, desmentindo, denegrindo e difamando o ser abusado. Todas elas dirão ser pessoas próximas ao líder, que acompanham seus passos 24 horas por dia, e que seria impossível o tal cometer tais abusos sem que estes o visse, já que ele estar sempre cercado de pessoas o assistindo. Por um valor combinado, estes cumplices estão dispostos a ir em delegacias, fóruns, ou até nas mais altas cortes para defender o predador, tornando a situação da vítima um suplício ainda maior.

Igrejas evangélicas por exemplo tem grandes número desses tipos de abusos, mas quase nunca são levado à público, a menos que seja evidenciado de inegável prova material e essa mesma tenha caído em mãos de pessoas de fora do grupo.

Todos os que ocultam segredos podres dos seus líderes costumam se beneficiar de alguma forma para proteger o tal. Depois do acordo, esses “capangas” estão dispostos a destruírem qualquer tipo de prova material que possa incriminar os seus superiores no futuro.

Se tiver inclusive de pôr um fim à vida do que sofrera o abuso ou na vida de quem trouxe o caso à tona, para que a imagem do líder não venha ser exposta de forma negativa eles não medirão esforços, e inclusive dirão que estão fazendo a obra de deus, salvando seu agrupamento das “ciladas do demônios”.

Se não puderem extinguir a vida física dessa pessoa, irão procurar destruir a vida moral, social, empresarial, sentimental ou financeira desse individuo, espalhando boatos, mentiras, fofocas ou promovendo boicotes ao ramo de negócios da pessoa ou fazendo com que ela perca o emprego caso tenha um, para que depois de arrasado, humilhado, perseguido e desprezado por todos, a pessoa acredite que foi realmente um erro ter lutado contra o “ungido do senhor”, e mesmo sendo ela a prejudicada, que venha ficar de joelhos pedindo perdão aos “homens de deus”.

A depender do agrupamento religioso que você estar, se você passou pelo menos uma década numa igreja comum, já viu pelo menos uma dúzia de casos como esses.

Em outros casos o abusador usa estratégias diferente para silenciar as vítimas e em certos casos torná-las parte de seu time de cumplices, subornando-as com algum tipo de “graça” que a pessoa deseja alcançar.

Nesses tipos de casos, quando alguém tenta se manifestar para relatar abusos sofridos logo é silenciado ganhando um cargo que desejava na igreja (para ser ainda mais explorado que antes). Desse modo, a pessoa que anteriormente estava entristecida e enraivecida por ter sido abusada e quase levando o caso a público, agora louva a deus e ao próprio abusador por ter concedido aquela imensa graça de “servir na obra de deus”.

Assim, esse ser masoquista, agora irá defender de unhas e dentes o seu líder e carrasco diante de outros casos de abusos quando surgir, triturando os que não se deixam comprar por migalhas e que preferem justiça pessoal ou coletiva ao invés de favores pessoais. Esse tipo de gente pensa em tudo, e são capazes de transformarem suas vítimas em possíveis aliados para continuar cometendo cada vez mais delitos enquanto pagam de pessoa íntegra.

Eles também conseguem transformar em aliados do silencio pessoas que não foram abusadas mas que de alguma forma presenciaram o fato ou ficaram sabendo do ocorrido e agora terão a chantem pessoa como moeda de troca, podendo desfrutar de imenso favores diante do grande público ou as escondidas, exigindo algum tipo de mesada mensal para manter silencio e defender o líder abusador sempre que necessário.

Dentro dessas “casas de deus”, quem presencia uma cena de abuso e se nega a ser corrompido, correrá sérios riscos diante do abusador, inclusive risco de vida e tal como o ser abusado, poderá sofrer todos os tipos de represálias acima citado só por que presenciou uma cena de abuso e resolveu ficar do lado da vítima.

Desse modo, quando alguém se recusa a receber títulos ou cargos nessas casas como forma de silenciar o abuso sofrido, os que se manifestam em defesa do abusador (que na maioria dos casos é o próprio líder ou pessoas ligadas a ele), todos esses ao defenderem o culpado e acusarem o inocente, de uma hora para outra se tornam pessoas célebres dentro do grupo que frequentam, recebendo honrarias, ocupações privilegiadas e são apresentados a hierarquias políticas ou eclesiásticas de grande importância, ou recebem até mesmo dinheiro (grandes somas) para defender o abusador, para que a imagem desse não venha ficar comprometida, que os membros deixem o grupo e que a lucratividade seja reduzida.

O lucro é o fator principal sempre, ainda que todos neguem! O lucro e o poder movem a “obra de deus” e não outra coisa! A honra, a moral, a salvação e tantos outros valores defendidos pelas igrejas são apenas faixadas para atrair determinado público. Quando o lucro estar em risco, vale tudo para defendê-lo não importa como.

Além das diferentes formas de abusos sexuais que fica oculta na maioria dos caso nesses recintos, a outra forma mais comum de abuso nos templos religiosos hoje em dia é a exploração da mão de obra dos congregados por meio de ameaças e coações psicológicas, ou pelo pagamento de baixíssimos salários mediante uma exigência enorme de “convenções de almas” e retorno financeiro. Esse tipo de abuso passa desapercebido apesar de ser explicito, inclusive nos grandes meios de comunicação em massa.

Os que estão de fora de uma igreja, acham que todos os envolvidos em alguma atividade eclesiásticas são voluntários ou fazem isso por amor, mas nem sempre isso é verdade! Uma boa parte destes vivem sob constantes ameaças dos mais diversos castigos caso deixem de fazer a “obra de deus”.

Em alguns modelos de igreja por exemplo, adotou-se o pagamento de salários para os obreiros novatos que conseguem atingir uma meta de arrecadação mensal para não serem demitidos.

Alguns destes são obrigado a conseguirem (subtrair, explorar, extorquir) para os donos da igreja até 30 mil reais por mês de contribuições diversas num agrupamento de apenas 200 crentes, para em troca ter uma renda fixa assinada em carteira assinada de até 2 salários mínimos + pagamento mensal do aluguel da casa que a igreja disponibilizou para eles morarem.

Não é permitido nesses casos que a meta de arrecadamento seja reduzida, senão eles são demitidos e substituídos por outros com maior capacidade de produção (exploração). Alguns desses obreiros novato vivem à beira da exaustão, trabalhando até 18 horas por dia para conseguir bater tal meta e não ficarem desempregados. Nessas horas haja criatividade para levantar dinheiro: pedir 30% do salário do povo dizendo que é deus que estar mandando; pedir 4 tipos de ofertas numa só reunião; fazer todo tipo de campanhas absurdas todas envolvendo dinheiro; ou vender bugigangas ungidas que para nada servem por preços astronômicos. E assim a “obra de deus” prospera...ou eles caem fora!

Nesses tipos de igrejas, obreiros novos são feitos de petecas, já obreiros antigos, com boa capacidade de oratória e manipulação que já entenderam como funciona as “malandragens do sistema”, que já conseguiram influências política e religiosas de dentro e de fora do grupo, conseguem subir nas hierarquias rapidinho e ficam muito próximos ao chefe maior, arrematando assim um faturamento superior a 100 salários mínimos mensais, sob ameaça de dividir a igreja e levar a maioria dos membros caso o grande chefe se recuse a pagar tal valor. O “chefão” que antes chantageava, agora é chantageado por entender que mesmo pagando tal valor astronômico ao subordinado, ele ainda ficará no lucro e que isso é melhor que perder tudo para aquele novo “parça”, aspirante de divindade já que ele goza agora de tanta popularidade e prestigio.

Já nas igrejas mais antigas e tradicionais, o modelo de “servir na obra de deus” é um pouco diferente, pois costumam recrutar e manter seus obreiros na base do voluntariado, convencendo a todos que ali estão, que tudo aquilo ali faz parte de uma suposta obra de deus e que deus é quem vai recompensar no futuro todo o esforço que eles fizerem aqui para que “a igreja de deus” cresça na terra.

No próximo texto, veremos em detalhes como tudo isso ocorre.

Fiquem conosco!

CONTINUA...

Texto escrito em 23/12/2018

*esse texto é a continuação do texto JOÃO DE DEUS E OUTROS ABUSOS publicado na semana anterior.

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 23/12/2018
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