Breve ensaio sobre o idiota (ou como ser ventríloquo)
Chegou o dia que os idiotas conquistaram espaço. São idiotas porque não veem o mundo ao redor. São idiotas porque reproduzem pensamentos da classe que os domina. Idiotas não pensam. Apenas trazem à luz o que querem que ele traga. São papagaios. Porém, a ave, sabemos, não tem a possibilidade do senso crítico. Repetem pois, para isso é treinada. Nós, os humanos, temos a capacidade de análise e senso crítico, mas temos os idiotas que repetem; são ventríloquos. São piores que os papagaios. Porque atrás do idiota, tem outra voz soprando. Ele não age, apenas reproduz o que mandam. O idiota tem a seu favor a idiotice, pois, sendo idiota que é, não se pode responsabilizá-lo pelas idiotices. E então, o idiota se reproduz: gera outros seres iguais. O pensamento que o idiota difunde, também carece de qualquer conexão com a realidade. Eivado de frases soltas, e sem lógica alguma, tudo que vem delas torna-se impossível de digerir. Essa dificuldade de digestão decorre do fato que a desconexão com a história, com a geografia, com as ciências das sociedades, enfim com o conhecimento empírico, faz com que esse pensamento não se assente na mais tênue realidade. E tudo isso, em comunhão com o ódio, encerra a mínima possibilidade de diálogo. O idiota é assim: surdo para as questões que possam desmanchar seu frágil castelo de areia.