Por que falham os professores?
Quem é do ramo, vai entender esta minha preocupação: por que inúmeros estudantes bem sucedidos na vida acadêmica saem das escolas sem preparo suficiente para desempenhar-se de maneira satisfatória? É claro que a discussão deste tema desencadeia nos professores uma mistura de irritação com apatia; faz parte de nossa cultura a aversão à autocrítica quando ela nos desfavorece. Mas é necessário insistir, e mesmo polemizar: é porque os professores falham.
Durante anos, observei que as práticas mais destrutivas encontradas nas escolas podem ser assim resumidas: a) o emprego de um conjunto predeterminado de condições de aprendizagem destinado à manipulação do aprendizado dos alunos; b) ênfase em assuntos ou matérias inadequadas ao momento "atual" da sociedade; c) ênfase nos processos de competição em vez da valorização dos interesses individuais dos estudantes (a experiência escolar é uma guerra em que os alunos são instados, diariamente, a se confrontarem entre si por notas e indicações a bolsas, onde aqueles que vencem são sempre hostilizados pelos outros); d) nossas escolas montam seus processos de ensino visando muito mais a facilidade de administrá-lo.
Vejamos com um pouco mais de cuidado cada uma, pois me parece que elas estão assentadas em suposições errôneas: os professores pensam que a manipulação é condição essencial para que o aluno aprenda; os adultos sabem melhor o que jovem precisa aprender; a aprendizagem é uma questão de método bem determinado, através do qual parte a orientação do ensino; e, finalmente, deve haver um determinado nível de conhecimento e de desempenho que todos os alunos devem atingir.
Percebe-se, assim, que o aluno deve estar obrigado a aprender, enquadrando-se, à força, em determinado padrão. Desconhece-se, com este procedimento, o princípio mais elementar inerente à natureza dos indivíduos, que é o impulso básico de descobrir, conhecer e a buscar sentido na realidade. Creio que os jovens não precisariam ser coagidos a aprender, desde que se lhes assegure uma assistência correta no momento em que os conhecimentos fossem sugeridos e justificados. Apesar disto, qual a principal queixa que se ouve nas escolas? A de que os alunos não estão motivados para aprender. Mas não se observa a disposição de verificar se as condições e oportunidades de aprender estão de acordo com as predisposições do aluno para aprender.
A estrutura curricular, por outro lado, é constituída de fatos, conceitos e questões que os especialistas prezam e, desta forma, acreditam piamente que o melhor modo de se conhecer a verdade seja através da cega obediência a um programa. Tal programa possui objetivos, conteúdo e métodos de aprendizagem cuidadosamente definidos por estes especialistas, geralmente distraídos quanto a um aspecto perturbador: a dinâmica das necessidades de demanda, que às vezes se costuma chamar de mercado.
A aprendizagem é um processo altamente pessoal, centrado no mundo único de quem aprende. Submeter os alunos a atividades que não estão relacionadas com seus interesses é um gesto absolutamente improdutivo, que, em vez de animá-los a continuar aprendendo, dissuade-os de participar de atividades semelhantes, no futuro. Parece óbvio que isto só não é observado porque a maior parte dos professores tem medo ou má vontade em abandonar velhos conceitos e fazer as modificações necessárias no seu método de trabalho.
Se se parte do pressuposto que as únicas idéias importantes, na escola e na vida, são aquelas previamente selecionadas como verdade conhecida, então é porque se pensa que existem respostas e soluções corretas para perguntas e problemas. Geralmente, é recusado ao aluno o direito de testar o novo, de redefinir valores e de apresentar idéias, não lhe permitindo achar que o que está sendo ensinado é apenas uma hipótese válida para o momento presente. Espera-se que o aluno ouça, aceite e repita. E ele acaba aprendendo que esta é uma velha regra do jogo para fazer melhor as coisas, para obter sua justa recompensa pelas respostas corretas, já que está de acordo. Mesmo os professores mais liberais que conheço, por força de hábito, acabam pensando que as respostas que contrariam os seus postulados estão destituídas de qualquer valor.
Ora, vivemos num mundo que necessita mais de gente que possua criatividade do que de recursos. E todos os processos escolares devem levar a isto. Infelizmente, a ausência de oportunidade para questionar e expor os dogmas acadêmicos, com honestidade e liberdade, fecha os caminhos para a formação de pessoas criativas e responsáveis. Embora o conhecimento de alguns fatos seja necessário para a aquisição de conceitos, um grande volume das informações memorizadas pelos estudantes faz parte de manuais de referência, e assim servem apenas para criar um sistema de classificação de alunos (os mais ingênuos pensam que os primeiros colocados são os mais brilhantes e os mais aptos para vencer na vida).
Reforcei muitas destas idéias depois de ver um trabalho do Professor Lembo, de Columbus, Ohio. Retirado da vida acadêmica, posso olhar agora com mais serenidade para estes e muitos outros erros que eu mesmo cometi com bastante freqüência, principalmente o de não levar em conta a função básica da educação: ajudar os alunos a aprender como aprender, como adaptar-se às mudanças e como envolver-se nas exigências do mundo moderno. A vida continua me ensinando que as pessoas mais ajustadas são as que passaram pelas experiências positivas de um ensino onde estes preceitos foram respeitados.
Durante anos, observei que as práticas mais destrutivas encontradas nas escolas podem ser assim resumidas: a) o emprego de um conjunto predeterminado de condições de aprendizagem destinado à manipulação do aprendizado dos alunos; b) ênfase em assuntos ou matérias inadequadas ao momento "atual" da sociedade; c) ênfase nos processos de competição em vez da valorização dos interesses individuais dos estudantes (a experiência escolar é uma guerra em que os alunos são instados, diariamente, a se confrontarem entre si por notas e indicações a bolsas, onde aqueles que vencem são sempre hostilizados pelos outros); d) nossas escolas montam seus processos de ensino visando muito mais a facilidade de administrá-lo.
Vejamos com um pouco mais de cuidado cada uma, pois me parece que elas estão assentadas em suposições errôneas: os professores pensam que a manipulação é condição essencial para que o aluno aprenda; os adultos sabem melhor o que jovem precisa aprender; a aprendizagem é uma questão de método bem determinado, através do qual parte a orientação do ensino; e, finalmente, deve haver um determinado nível de conhecimento e de desempenho que todos os alunos devem atingir.
Percebe-se, assim, que o aluno deve estar obrigado a aprender, enquadrando-se, à força, em determinado padrão. Desconhece-se, com este procedimento, o princípio mais elementar inerente à natureza dos indivíduos, que é o impulso básico de descobrir, conhecer e a buscar sentido na realidade. Creio que os jovens não precisariam ser coagidos a aprender, desde que se lhes assegure uma assistência correta no momento em que os conhecimentos fossem sugeridos e justificados. Apesar disto, qual a principal queixa que se ouve nas escolas? A de que os alunos não estão motivados para aprender. Mas não se observa a disposição de verificar se as condições e oportunidades de aprender estão de acordo com as predisposições do aluno para aprender.
A estrutura curricular, por outro lado, é constituída de fatos, conceitos e questões que os especialistas prezam e, desta forma, acreditam piamente que o melhor modo de se conhecer a verdade seja através da cega obediência a um programa. Tal programa possui objetivos, conteúdo e métodos de aprendizagem cuidadosamente definidos por estes especialistas, geralmente distraídos quanto a um aspecto perturbador: a dinâmica das necessidades de demanda, que às vezes se costuma chamar de mercado.
A aprendizagem é um processo altamente pessoal, centrado no mundo único de quem aprende. Submeter os alunos a atividades que não estão relacionadas com seus interesses é um gesto absolutamente improdutivo, que, em vez de animá-los a continuar aprendendo, dissuade-os de participar de atividades semelhantes, no futuro. Parece óbvio que isto só não é observado porque a maior parte dos professores tem medo ou má vontade em abandonar velhos conceitos e fazer as modificações necessárias no seu método de trabalho.
Se se parte do pressuposto que as únicas idéias importantes, na escola e na vida, são aquelas previamente selecionadas como verdade conhecida, então é porque se pensa que existem respostas e soluções corretas para perguntas e problemas. Geralmente, é recusado ao aluno o direito de testar o novo, de redefinir valores e de apresentar idéias, não lhe permitindo achar que o que está sendo ensinado é apenas uma hipótese válida para o momento presente. Espera-se que o aluno ouça, aceite e repita. E ele acaba aprendendo que esta é uma velha regra do jogo para fazer melhor as coisas, para obter sua justa recompensa pelas respostas corretas, já que está de acordo. Mesmo os professores mais liberais que conheço, por força de hábito, acabam pensando que as respostas que contrariam os seus postulados estão destituídas de qualquer valor.
Ora, vivemos num mundo que necessita mais de gente que possua criatividade do que de recursos. E todos os processos escolares devem levar a isto. Infelizmente, a ausência de oportunidade para questionar e expor os dogmas acadêmicos, com honestidade e liberdade, fecha os caminhos para a formação de pessoas criativas e responsáveis. Embora o conhecimento de alguns fatos seja necessário para a aquisição de conceitos, um grande volume das informações memorizadas pelos estudantes faz parte de manuais de referência, e assim servem apenas para criar um sistema de classificação de alunos (os mais ingênuos pensam que os primeiros colocados são os mais brilhantes e os mais aptos para vencer na vida).
Reforcei muitas destas idéias depois de ver um trabalho do Professor Lembo, de Columbus, Ohio. Retirado da vida acadêmica, posso olhar agora com mais serenidade para estes e muitos outros erros que eu mesmo cometi com bastante freqüência, principalmente o de não levar em conta a função básica da educação: ajudar os alunos a aprender como aprender, como adaptar-se às mudanças e como envolver-se nas exigências do mundo moderno. A vida continua me ensinando que as pessoas mais ajustadas são as que passaram pelas experiências positivas de um ensino onde estes preceitos foram respeitados.