POR QUE SEU DEUS E SUA IGREJA SÃO MELHORES QUE AS DOS OUTROS?

POR QUE SEU DEUS E SUA IGREJA SÃO MELHORES QUE AS DOS OUTROS?

*Por Antônio F. Bispo

Em que difere a “fé em deus” de uma pessoa de uma determinada igreja, da fé de outra pessoa de outra igreja do mesmo segmento religioso? Não é tudo fé? O deus não é o mesmo? Então por que essa necessidade de tirar o sujeito de uma igreja para reinseri-lo em outra da mesma linha dizendo ser ali o lugar certo para estar? Seria apenas pelo lucro essa pesca no viveiro alheio? Seria Pelo desejo de poder? Tem algo errado nisso ai...

Milhares de igrejas, cada um clamando a deus ao seu próprio modo, disputando audiência, disputando o dízimo dos fiéis, disputando grandes cargos públicos pela quantidade de fiéis que governam e todos dizem ser representantes direto de deus nesse planeta. Por que? Pode isso? Não estariam os tais cometendo sacrilégio? Não seriam estes mesmos os principais blasfemadores daquilo que afirmam ser sagrado?

Não são as “pessoas sem deus” que denigrem e torna infame o deus de uma determinada religião. São os próprios membros de tal agrupamento que o fazem de forma aberta todos os dias ao fazerem disputas desnecessária tentando provar que são eles mesmos os “mais chegados” de uma entidade metafísica qual dizem estar em tudo e em todo ao mesmo tempo.

Questionem-se então: se é apenas por questões de fé, em que torna inferior ou superior a crença em deus segundo a visão de um judeu, de um cristão, de um mulçumano e de todas as variáveis desses três grupos? O que faz um fiel ser melhor que outro, já que todos tem como por pai Abraão e todos creem no “deus raiz” escolhido por ele como pai eterno? Desse modo, por que a fé de um é melhor que a de outro? Deus falhou para esses três grupos ao se revelar de forma oculta e particular para cada um desses representantes? Era intencional da parte dele criar confusões? Para que essas confusões gerassem guerras sem fim por milênios seguidos?

Se apenas por questões puramente de fé, o que faz um sujeito de qualquer denominação religiosa se achar melhor que todos os demais, tantos do que “tem deus” quanto dos que os que “não tem deus”? Se apenas por questões de fé, cada um acredita no que quer e deve ser respeitado (diz o politicamente correto), incluindo quem acredita no bicho papão, no curupira, no lobisomem, no papai Noel e em qualquer figura folclórica criada.

Então algum crédulo diz: “ele é real por que eu o sinto”!

Se é apenas pelo sentir, todas essas criaturas místicas também são verdadeiras, pois a poderosa mente humana nem sempre sabe distinguir o real do imaginário e por isso dispara estímulos involuntários no corpo do crédulo, fazendo com que a crença pareça ser ainda mais real pelos sintomas produzidos. Frio, calor, medo, confiança, tremores, vertigens, náuseas, tonturas, compaixão, raiva, vingança, ódio e atos de “heroísmos” são os sintomas mais comuns pelos crédulos quando “incorporam” suas divindades, então se julgamos também pelo fato de sentir, todas as figuras do folclore popular também são reais por que o fiel o crê e o sente. O bicho papão também seria pois é capaz de produzir medo em criancinhas inocentes também.

Então por que o sentimento religioso “adulto” faz com que pessoas comuns se achem melhores que as outras só por uma crença ou por um “sentir”? Quem sabe seja o sentimento infantil e egoísta que se torna particular a todos que se consideram como escolhidos dessa ou daquela divindade. Quem sabe seja apenas uma das várias necessidade que uma mente não evoluída encontra para escapar da dura realidade da vida inventando subterfúgios mentais diversos e se inserindo neles como vítima ou protagonista.

Seria a fé em deus mais importante que a paz mundial? Ter fé é mais importante que ter paz consigo mesmo e com os outros? Qual a lógica disso tudo? Por que pessoas mortais dão a vida para defender a honra e proclamar o reino de um ser qual dizem ser imortal? Qual a lógica disso? Seria todos os deuses capengas e deficientes, incapazes de representarem a si mesmos? Seria a pura e cega fé em uma divindade uma espécie aguda de distúrbio psicólogo coletivo socialmente aceito?

Perguntas como essas jamais serão respondidas por pessoas de dentro do agrupamento religioso qual o fiel estar inserido, e certamente este será silenciado de forma rude se interrogações como essas chegarem aos ouvidos das lideranças ou de seus fiéis escudeiros.

Se não esbravejarem publicamente com o questionador dizendo que quando este se juntou ao grupo aquele grupo já existia e que não deve a nenhum membro satisfação alguma, dirão coisas do tipo: “se tiver achando ruim caia fora, vá pra outra igreja!” Ou “o diabo estar usando pessoas daqui de dentro para questionar a obra de deus e trazer confusão”, etc, etc...Tudo no intuito de abafar respostas óbvias, pois apesar de dizerem que estão firmados numa rocha viva, essa mesma teoria da rocha pode ser dissolvida por uma leve brisa de interrogações vinda inclusive de perguntas inocentes de uma criança.

Se por acaso durante os questionamentos o indivíduo encontrar um líder mais “educado”, este simplesmente dirá que fundou aquela igreja por ordem do próprio deus, pois do mesmo modo que deus chamou Abraão, Davi e tantos outros servos e proveta, também o escolhera para fundar aquele agrupamento e isso basta. Ponto final ao interrogador!

Cada líder religiosos terá uma resposta diferente para justifica a abertura de mais uma “igreja concorrente” do próprio seguimento. Cabe ao ouvinte escolher a que menos lhe confunde ou que mais lhe cabe no orçamento financeiro, pois assumindo ou não, se destilares a respostas, todas elas não terão logica, tendo apenas como base respostas como “eu creio assim”, “deus me mandou fazer isso” e coisas semelhantes, contrariando o princípio número 1 que quase todos afirmam que é de um deus único, pai de todos e senhor de todos.

Se formos honestos o bastante e julgarmos apenas pelo quesito CRER, concluiremos que não há uma fé melhor que a outra, um deus melhor que o outro e um grupo religioso melhor que outro, pois tudo isso surge apenas da necessidade de nos sentimos especiais, pela ignorância ou por medo do desconhecido.

Praticamente todos nós já ouvidos centenas de vezes umas das seguintes expressões: “o meu deus é o único e verdadeiro e fora dele não há outro”; “a minha igreja é a única que segue de verdade todas as doutrinas bíblicas e as demais igrejas são apenas seitas de heresias”; “o livro sagrado que seguimos é o único que foi realmente ditado ou escrito pelo próprio deus”; ou “o meu modo de crer é o mais correto por que a bíblia diz e eu creio assim”, blá, blá, blá ...

Caso alguém ainda não tenha se dado conta, expressões “inocentes” como essas tem sido o pavio que ascende a trilha de fogo que liga ao barril de pólvora que dará início a todo tipo de guerra posterior, não apenas religiosa mas também política, étnica e por direito de posse de terras “prometidas” pelo próprio deus diretamente “ao seu povo” como todos dizem. Como cada grupo que aparece considera-se como sendo “o povo de deus”, o roteiro da guerra santa cada dia recebe novos protagonistas todos eles concorrendo não apenas o colinho do papai, mas uma terra física ou metafisica feita por ele para aquele grupo.

Cria-se a partir de uma profecia tal ambiente geográfico metafisico ou inexistente, tomam posse desse local, e através dessa emissão de posse emitida pelos “cartórios dos céus” querem se apossar de quase tudo aqui na terra declarando-se herdeiros de deus e escolhidos do pai. Uma verdadeira loucura! Atos semelhantes só se é visto em manicômios, onde quase todo interno declara ser grande e senhor de alguma coisa. Só que para sociedade quem cria fantasias nos manicômios é desprezado e tido como louco. Se alguém cria as mesmas fantasias dentro de um ambiente religioso e será louvado por isso. Prova que o conceito de loucura pode ser apenas uma questão de quem as interpreta e não questão do bom uso das faculdades mentais de um sujeito.

Como prova disso, abra uma igreja hoje, sem saber de nada, sem entender de nada, com as melhores ou piores intenções disfarçadas ou explicitas e você poderá concorrer pela “posse dos céus ou da terra prometida” com qualquer outro grupo já existente anterior ao seu inclusive os que têm séculos de existência, e mesmo assim você e seu grupo poderá se classificar como sendo o único povo escolhido de deus, e o outro que você plagiou você poderá dizer que aquele é que é o grupo falso, herético, o grupo qual deus se irou e abandonou e o seu será considerado verdadeiro sem questionamento interno nenhum. É apenas questão de fé, não é?

Outra prova que as “loucuras da fé” são disseminadas de modo inconsciente: estude pra caramba, invista em ciência, em tecnologia, em gestão de recursos humanos, prepare por décadas uma equipe de cientistas e diga ter criado um tratamento capaz de reduzir ou eliminar doenças consideradas incuráveis e muitos desses fiéis dirão que tu ta querendo se achar melhor do que deus, que é o fim dos tempos, que a profecia tem de se cumprir, que fome, pestes e guerras estão preditas para esse mundo pecador e que você é o anticristo que surgiu para enganar os escolhidos do senhor, trazendo tecnologia para reverter os males sociais. Ainda dizem que a pura fé e cega fé não é perigosa...

O “vácuo da fé” pode ser preenchido com absolutamente qualquer tipo de crença ou comportamento que o fiel desejar, sendo o principal deles o comportamento de recusar evidencias para não parecer “burro” diante do grupo. Crer é a moeda mais poderosa para os que desejam ser aceitos socialmente.

Nesse modelo, cada um cria um próprio roteiro, desenha para si o próprio paraíso, planeja para os outros os mais variados tipos de inferno, e segue tentando converter a todos ao seu ponto de vista por mais nocivo e incoerente que seja. Nesses caso, deus é apenas uma ideia e por ser uma ideia ela pode ser moldável, maleável, volúvel e solúvel já que pode ser adicionada a qualquer coisa ou moldada de acordo com o grau de cultura, ignorância, benevolência ou maldade de quem a estar manuseando.

Ao longo da história essa mesma ideia tem demonstrado ser também volátil e inflamável, incendiando o próprio usuário e tantos quantos esse deseje alcançar. Quando dizem que deus é um fogo consumidor, eles não estão brincando, só que são os próprios fiéis quem incendeiam o mundo em nome de deus e depois dizem que o diabo é o príncipe da guerra. Dá pra entender?

Crianças pequenas brincas com peças de lego, argila, massinha de modelar e outros elementos que podem ser moldados para tomar a forma do “projeto” que a criança deseja e assim construir seu reino encantado ou sua forma ideal de mundo ou seres. Adultos crescidos brincam com a ideia de deus para construírem uma realidade alternativa, fantasiosa ou paralela para si e para os outros e irão matar-se uns aos outros pelo livre direito de defender esse reino encantado.

Negar esse fato, de que a ideia sobre deus e a fé coletiva poder ser usado para fins pessoais ou particulares puramente egoístas é ser muito cara de pau, desconhecer a história secular ou a própria história eclesiástica ou ser mal intencionado mesmo! Pior ainda é crer que toda carnificina que aconteceu em nome da fé e das religiões foi um dos vários (loucos) planos de deus ou a mão de dele guiando o seu povo em grandes conquistas, esmagando os hereges e destruindo os pagãos só para mostrar o quanto ele é poderoso.

Por esse motivo, apesar de ser absurda, de tão costumeira a frase “eu sirvo ao deus verdadeiro” virou sinônimo de inteligência na grande maioria dos agrupamentos religiosos, principalmente no meio evangélico. Segundo esses, eles mesmos são a nata da nata, a cereja do bolo na categoria dos escolhidos de deus, sendo melhores inclusive do que o povo cuja crença plagiou (católicos, judeus, gregos, romanos, macedônios, semitas, egípcios, etc).

Assim como em muitas creches e escolas infantis, para cada frase certa dita ou uma boa ação feita por um infante, uma estrelinha é dada para servir de estimulo diante dos colegas e esse estímulo servirá para moldar inclusive o caráter do infante no futuro.

Um pouco diferente acontece nos recintos religiosos, pois gente adulta e crescida recebem diariamente “estrelinhas” dos seus líderes por dizerem frases idiotas e ou agirem de modo inconsequentes. Dizer frases estupidas e coisas sem sentidos faz com que adultos que se comportam como crianças sejam condecorados a todo instante nesses ambientes, e com tantas condecorações, alguns se sentem ou são intitulados como sendo generais de uma causa nobre, e de generais passam a ser ditadores, controlando, monitorando e dirigindo a fala e ações de todos no grupo, baseado em sua própria experiência (de escravo) conduzindo todos os demais ao caminho da insanidade e incoerência, premiando por sua vez os que mais se destacam entre eles. Os que mais se destacam por sua vez, repetem o mesmo comportamento dando ritmo a um ciclo sem fim e a uma série de eventos qual a igreja chama de “obra de deus”. Nesses casos, a fé em deus é algo tão “verdadeiro” que precisa ser imposta pela espada ou pelos mais diversos meios de coação física ou psicológica para subsistir. Sem chicotes, sem escravos, sem deus! Eis a questão!

Se por acaso houvesse mesmo um deus puro, justo e verdadeiro, e se o mesmo quisesse usar uma dose de sacarmos humano para com os seus servos, ao invés de chama-los para dar-lhes a tão aguardada chave dos céus ou para pôr uma pedrinha em sua coroa como todos esperam, ele o chamaria e diria: “tome aqui seu diploma de retardado e seu certificado de idiota! Você recebeu uma vida para ser vivida de forma útil e no entanto a desperdiçou, fazendo coisas desnecessárias e que nunca pedi que as fizesse! Você jogou a sua vida fora ao mesmo tempo que infernizou a vida de tantas outras pessoas, tentando convertê-las ao seu próprio modo de pensar dizendo que fui eu que mandei”!

Se tudo que os crentes dizem sobre o seu deus fosse real, eles mesmo seriam os primeiros a serem punidos, e a grande maioria ficaria de fora do próprio paraíso que mentalmente construíram pelo modo incoerente no que vivem e no que pregam.

Então fica a grande pergunta: se deus é tão poderoso para fazer tudo o que deseja, por que ele mesmo não aparece e convence a todos de sua própria existência e por que ele mesmo não dita as regras de modo geral para todos evitando assim tantas confusão?

Por que ele deixa que cada um interprete a “sua palavra” do jeito que bem entende denegrindo a sua própria imagem? Não seria esse um ato de extrema irresponsabilidade por parte de uma pessoa tão competente capaz inclusive de prever qualquer tipo de evento catastrófico realizado em seu nome?

Por que ele deixa que meros “peões da fé” com linguajar chulo e agressividade física e verbal venham representa-lo de modo tosco e contraditório? Nem mesmo as empresas humanas, criadas e mantidas por “pecadores” aceitam maus representantes em suas linhas de frente, mas a grande “empresa de deus” a multinacional milenar chamada igreja, dirigida pelo próprio dono (como dizem), é tão mau representada que vive a implodir de dentro para fora o tempo todo e ninguém percebe isso.

Pensem sobre isso, reflitam, comparem suas respostas, filtrem depois as próprias respostas, sem pressa e depois apurem a conclusão que chegaram. Se por acaso existisse alguma divindade metafisica realmente benéfica, ela não te deixaria fazer papel de trouxa e desperdiçar sua vida servindo a líderes religiosos, em sua grande maioria gananciosos, trapaceiros, ou meros “repetidores de sinais”. Pensem nisso!

Saúde e sanidade a todos!

Texto escrito em 25/11/18

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 25/11/2018
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