VIDA FAMILIAR: MARTA E MARIA: COMO MELHORAR? Lc10.39-42; Jo 11.1-45
“Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”.
INTRODUÇÃO
Hoje, 31/10/18, é dia da dona de casa. Já afirmei algumas vezes que, quem tem dia no calendário, faz parte dos excluídos. Ontem, abordei este tema no encontro do MCM (Mulheres Cristãs em Missões), na Igreja Batista Emanuel em Boa Viagem.
Praticamente, quando se fala em “dona de casa”, pensamos em uma criatura sem aspirações, que vive uma vida dura, sem estudar, sem trabalhar... Este é um pensamento preconceituoso e desrespeitoso para com as mulheres.
No facebook, quando alguém lembrou e parabenizou, algumas mulheres protestaram: “não sou dona de casa, sou contadora; a outra, disse: eu também, outra ainda disse: sou professora. Contudo, mesmo sendo profissionais, continuamos exercendo o papel de dona de casa, pois as atribuições domésticas estão sob a nossa tutela.
1.Quem eram Marta e Maria, e como viviam?
Marta e Maria eram duas irmãs e tinham um irmão chamado Lázaro. Os três moravam juntos em Betânia, um povoado perto de Jerusalém, e hospedaram Jesus em sua casa algumas vezes. Jesus amava essa família.
Quando Jesus ia para Jerusalém às vezes passava por Betânia e visitava as irmãs e Lázaro. Elas eram mais que seguidoras de Jesus; eram suas amigas (Jo. 11.5).
Certo dia, Marta e Maria receberam Jesus em sua casa. Enquanto Marta tratava de todo o cuidado dos hóspedes, Maria ficou sentada aos pés de Jesus, ouvindo seu ensino. Marta irritada com Maria, queixou-se a Jesus, pedindo sua intervenção. Ela queria a ajuda da irmã com o trabalho.
Mas, Jesus não fez com que Maria ajudasse sua irmã. Ele explicou a Marta que não era necessário ficar preocupada com tantas coisas. Maria tinha escolhido bem ao dar prioridade aos seus ensinamentos, (Lc10:41-42). Era muito mais importante ouvir o que Jesus tinha a ensinar, do que tomar conta das coisas da casa!
1.1 Há controvérsias? Em que circunstâncias?
Charles Swindoll pregou e publicou um sermão com o título “Sufocando a ansiedade”, utilizando o texto acima, enfatizando a ansiedade como fator de estresse de Marta diante da visita inesperada de Jesus. E, ele está certo sob está ótica. No entanto, chamamos atenção de outro ponto de vista.
Jesus, naquele momento, havia invadido aquele lugar, sua fama corria através da sua fala, de seus atos, dos seus milagres. Logo, Marta e Maria entenderam o privilégio, a honra de hospedá-lo. Então, qual deveria ser a atitude aplicada àquela situação inusitada?
Alguém deveria fazer as honras da casa, outra deveria cuidar para que fosse oferecido algo para a visita, um lanche, um almoço, o quer que fosse. Perfeito, mas eram três: Lázaro, Maria e Marta. Lázaro poderia fazer às vezes de anfitrião e as duas irmãs providenciariam o necessário. Provavelmente, Jesus não estaria ali sozinho, pois Jesus estava ensinando ou simplesmente conversando, e Maria achou interessante aquela fala, e claro, quis ficar por perto, “sentada aos pés”.
Maria “escolheu a melhor parte que não lhe será tirada”. Certo, Marta sempre teria aquelas mesmas tarefas no cotidiano para repetir e repetir. A aparição e, mesmo, a amizade que seria fortalecida posteriormente entre Jesus e sua família não tem preço, como afirma o comercial. Então, qual deveria ser a atitude de Marta? Deixar tudo de lado, e sentar-se também e, cada um que resolvesse como deveria matar a fome depois? Ou quem sabe, todos usufruiriam do momento, e depois todos partilhariam também do trabalho de preparar a refeição?
Jesus era uma novidade que passaria entre eles apenas três anos. Jesus é novidade na vida de indivíduos que o aceitam como senhor e salvador. Nossa percepção atual é quanto à ansiedade que é colocada nos ombros das pessoas por causa da conjuntura social e a economia de mercado exige um esforço dobrado para manter o padrão de vida, tendo dentre os instrumentos de ajuda, uma agenda, onde as tarefas são ordenadas por prioridades.
No passado e na atualidade, muitos ainda não aprenderam a priorizar atividades e, comportam-se como o malabarista de circo, colocando uma série de pratos sobre paus, e começam a rodá-lo sucessivamente, e ao mesmo tempo, coloca um novo prato em movimento, corre para o primeiro para que ele continue rodando. Quanto maior o número de pratos rodando, maiores são os aplausos da plateia.
Qual devemos imitar? Maria por sua dedicação em aprender de Jesus, ou Marta que assoberbada de trabalho, irritava-se com “a esperteza de Maria”?
Alguém tem que fazer o trabalho “sujo”: varrer, limpar, arrumar, cozinhar, lavar, passar, cozinhar, etc. Geralmente, dentro de alguns lares existe distribuição de tarefas; em outros, a empregada cumpre o papel, enquanto os “sinhozinhos e sinhazinhas” apenas usufruem, sujando, confiados que há alguém pago para essa tarefa. Em minha cozinha coloquei uma placa com os dizeres: quem não tem coragem de limpar, não tem o direito de sujar. É uma frase e tanto, mas creiam, ão é integralmente respeitada. Em outras famílias há aquela que cuida e limpa a casa e, os outros que gozam das benesses, mas dão muito pouco em troca. Alguém afirmou que a "família se defende no geral, e se ataca no particular".
Então, há muitas Martas e Marias em todos os lares do planeta. Usa-se a educação para tornar mais enfática a dominação. É necessário equilíbrio, que só é alcançado com atitudes que visem o bem-estar da família. Família, o primeiro lugar em que se aprende a respeitar a individualidade do outro, mas onde se estabelece lugar de compartilhamento, de divisão proporcional de trabalho, de compreensão.
Mas, saibam que às vezes é preciso ter-se o direito de ter o dia de “Maria”: não fazer nada, e apenas usufruir. Vamos instituir o dia de Maria. Não a rainha do lar, mas a trabalhadora que é digna de um dia de descanso, de lazer e de prazer. Toda trabalhadora é digna do seu trabalho e de descanso.
O testemunho de Maria nos leva a buscar uma vida de maior comunhão com Jesus, mas o testemunho de Marta nos leva a dar o devido valor às atividades que precisam ser feitas e são tidas como desnecessárias até que alguém precisa de algo.
Conscientemente, não quero imitar integralmente nem Maria nem Marta, mas na maioria das vezes, sou Marta e não Maria. E, faço exatamente como ela, convoco, imponho para que todos também trabalhem comigo.
Enfim, precisamos estabelecer regras de convivência para que todos usufruam satisfatoriamente do que há de bom em um lar, e ao mesmo tempo, contribuam para que as tarefas sejam igualmente distribuídas, sem que haja exploração de uns, e causem mal-estar e desentendimentos desnecessários.
BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, José Paulo Moura. Decisões para melhorar a vida e a família. Revista Visão Missionária. Outubro-2018, p.38-41.
SHEDD, Russel. Biblia Shedd: Lucas 10.39-42 2 ed. São Paulo: Vida Nova, SBB, 1997.
TEOFILA. A quem trabalho, trabalho, a quem honra, honra. www.rtecantodasletras.com.br. Publicado em 16/02/2009-Código do texto: T1442280.