As redes sociais e as caricaturas psicológicas.
A caricatura enfatiza e exagera as características de uma pessoa, seus vícios e particularidades.
Assim como nossa aparência e maneiras são exageradas pelo lápis de um cartonista, parece-me que os defeitos adormecidos no íntimo das pessoas também podem ser enfatizados quando o assunto em questão é a política. O indivíduo, ao entrar nas redes sociais e expressar suas preferências ideológicas, cede aos seus extintos primitivos, expondo comportamentos que em qualquer outro momento seriam impensáveis. Dito de outro modo, é como se crenças adormecidas e inoperantes, como um gene desligado pela evolução moral e ética, de repente são ativadas e se traduzem em textos agressivos e mordazes.
Segundo a psicologia cognitiva, todos nós temos gatilhos passíveis de serem ativados e algumas situações e experiências os disparam. As redes sociais nos levam a um estado em que o porão dos gatilhos em nossa mente é escancarado , levando-nos a verbalizar tudo aquilo que em outras circunstâncias jamais ousaríamos dizer.
Tenho consciência que as pessoas doces que nos ofenderam em uma discussão política não se tornaram sápidas deliberadamente, mas o que é mordaz dentro delas, como em qualquer um de nós, foi acentuado, e o que lemos é apenas uma caricatura do seu comportamento.