Ser professor
Ser professor é sacerdócio. É missão e redenção. Não sei se colegas pensam assim. Na verdade nos é dada a função de lecionar em tempos ou idade nas quais nos falta maturidade ainda. Fazemos um juramento de promessa de lealdade, integridade e honestidade, que nossos alunos se tornem profissionais e cidadãos conscientes, que eles possam se expressar adequadamente e em todas as situações comunicativas. Aprendemos mesmo na prática a lidar com certas situações.
Muito bem. Alguns desses valores nos são dados no lar e é na escola que teoricamente devemos receber como base para o exercício em sociedade. Isso tem mudado muito. O modelo de família, pai, mãe, filhos já não é mais regra. Pelo contrário, a aceitação por parte dos menores é até plausível em detrimento às dificuldades que possam haver quando às relações. Digo isso por experiência. Filhos nem sempre aceitam ou gostam do novo integrante, um padrasto, uma madrasta. Ou, se aceitam, preferem muitas vezes a companhia de um tio ou tia e a maioria das vezes da avó.
Claro! Não é regra. Falar que desestrutura familiar é um fato que leva a problemas na educação dos jovens seria no mínimo desastroso e uma mentira. Nada é certo. Mas o que é certo é que a escola é o reflexo da sociedade. E não é novidade dizer que vivemos em um mundo violento, de inversão de valores, injusto e desigual. Isso sim reflete na educação e na escola.
Os meninos muitas vezes nos procuram para se abrir. Fazem-nos confissões das mais diferenciadas e insólitas. Ouvimos atentos. É cada história! Aí, o que fazemos com isso? Que conselhos dar a um adolescente que pede socorro, desde contar que fizeram amor pela primeira vez com quem não amam o bastante até a estarem sendo molestados por pai, padrasto ou parente próximo.
Mais uma vez a mudança nos costumes nos afrontando a fazer o que é certo: pensar no bem estar do nosso pupilo, pedir ajuda a nossos superiores diretos e orar. Sim, orar a Deus para que tudo se resolva da melhor maneira.
Pedofilia sempre houve. Incesto também. Mas as regras impostas por uma legislação, apesar de ter ajudado, muitas vezes não são suficientes. Há também o preconceito contra a mulher que muitas vezes ainda prefere se calar a procurar ajuda.
O modelo de escola na qual o professor é o detentor do conhecimento e “transmite” teoria já está defasado há anos. Isso é fato. Mas as coisas mudaram. É o que temos.
Nem tudo está perdido. Esta, como disse inicialmente, é uma missão, uma grande, instigante e bonita missão.
O lado bom é quando reencontramos ex-alunos formados, felizes, alguns na informalidade, outros médicos, enfermeiros, professores também. Mas a maioria grata pela nossa parcela na formação de seu caráter, gratos pelos ensinamentos, gratos pela amizade e atenção prestadas. Isso é o que vale.
A todos os colegas que, como eu, abraçam com carinho a doce e difícil tarefa de lecionar, meus sinceros parabéns pelo nosso dia! E que possamos continuar firmes nessa tarefa de acreditar que existe luz no final do túnel e com amor a dedicar nossos dias à educação brasileira. Amém!