Dois Artistas e o Interlúdio
Durante um bom e generoso tempo ficou no museu imaginário a exposição temporária ' meus primos paternos ', agora nesse instante proponho um interlúdio.
O momento representa um ponto de convergências e ao mesmo instante de tranquilidade para uma possível interpretação inicial de dois artistas muito importantes para mim.
Ironicamente são duas figuras altamente ilustres no mundo das Artes, os engajados Banksy e Ai Weiwei, devida relevância dada aos seus trabalhos realizados ao redor do mundo em conexão com as realidades adversas vivenciadas por milhares de pessoas.
Sinuosamente representar esse conjunto de realidades nas arte é algo realmente complexo para cada artista que em sua mímesis aristotélica reconstruir essas realidades mediante a não existência pré-meditada exatamente do zero.
A visão de cada artista permeia todas criações acerca das realidade fragmentada do mundo atual. O artista Banksy aprofunda essas questões engajando-se nela, cumprindo assim todo engajamento sartriano.
Realmente participar dos dilemas do mundo é um compromisso particular para o artista Banksy em cada situação apresentada, é necessário compreender e dimensionar essa realidade e ficar atento ao conjunto de detalhes.
Timidamente o artista buscar enxergar definidamente essa realidade e dar uma faceta plenamente artística a essa dimensão construída mediante os fragmentos da interpretação colhidos ao acaso.
Inicialmente o artista consegue desaparecer ao compor sua obra repleta de novos detalhes recriados conforme sua visão artística, tal composição é uma obra-prima, bem cada artista deve conceber obras que permitam um conjunto de possíveis interpretações.
Sinceramente Banksy e suas muitas obras são objeto de estudo de estudantes de Artes, historiadores e estudiosos afins coletam e recriam visões e percepções brilhantes acerca do conjunto da obra criada pelo artista Banksy.
Temerariamente os estudiosos concebem olhares distintos e singulares sobre a obra dele, abordando diferentes aspectos observados de sua obra, tal observação faculta ótimas reflexões adensadas a um conjunto de citações referentes a pensadores.
Assim cada estudioso busca expor uma cosmovisão embasada em sua disciplina de atuação e nos pensadores referentes a cada disciplina e bloco ideológico.
Situar esse dimensionamento adquire uma nova roupagem adequada a cada leitura feita. Os estudiosos costumam considerar que a obra do artista Banksy é arte de rua ou o popular grafite.
Em termos gerais, Banksy traduz a ideia de dignidade adquirida pela concepção de obras de Arte em que envolve releituras e rios de correntes interpretativas.
O artista britânico Banksy obedece uma temática atenta os principais jornais do mundo seguindo os interesses engajados que ele propõe em suas obras, uma proposta sartriana. A proposta envolve uma ligação entre o artista e as demandas sociais e reprodução fiel dessa realidade nas obras artisticamente concebidas.
Inicialmente o artista chinês Ai Weiwei também possui um alto grau de engajamento em suas obras traduz sua visão política de mundo , convidando seus receptores a entender essa cosmovisão.
Naturalmente a visão usada por Ai Weiwei expõe a ideia norteadora de liberdade de expressão impedida em certos lugares no mundo atual, nesse momento o tal esforço cobre a obra de uma confluência de interpretações.
Terminantemente o artista Ai Weiwei vive dramaticamente em cima dos limites ao ter como assinatura a realidade de diversos chineses e refugiados ao redor do mundo.
E as obras recriadas mediante ao vislumbre do artista nessa realidade fragmentada existencial de nosso mundo em conformidade com a concepção artística.
Realmente o artista Ai Weiwei expôs sua opinião ao jornal El país:" Na verdade, estou há anos viajando sem parar. Viajei a 150 destinos diferentes nos últimos dois anos… Você acredita que podemos dizer que continuo vivendo em Berlim? Eu já não tenho a sensação de que seja assim… Nem o sentimento de pertencer a um lugar determinado. Isso nunca tive, nem sequer quando vivia na China.
Legalmente meu pai foi banido para um lugar remoto, e a qualquer momento podiam nos mandar para outro ponto do país. Vivíamos sem móveis e sem posses. Não tenho nenhuma lembrança de infância. Tampouco em Nova York fui mais sedentário: mudei-me 10 vezes em 10 anos.
Usualmente se representar a segurança, então meu lar nunca foi um lar. Meus pais não viveram assustados, mas sim numa incerteza total, com a sensação de que sempre alguém podia derrubar a nossa porta. Mas não desejo ter um lar, porque não sei o que é. As únicas imagens que me vêm à cabeça são as da televisão: famílias que celebram juntas o Natal, que mandam felicitações a seus familiares e que chegam em casa com sacolas de presentes.
Diante disso a China foi incompreendida, e continua sendo. Hoje já não se usam essas palavras, porque somos uma sociedade muito civilizada, mas o preconceito sobrevive, e com muita força. Basta ver a situação dos refugiados que chegam da Síria, de países árabes e zonas problemáticas. A forma como o Ocidente os trata é perniciosa...
Ironicamente é da natureza humana, está firmemente enraizado nela. A única cura é entender que todos os humanos são iguais. Mas isso é impossível num mundo onde há zonas incrivelmente privilegiadas e outras que vivem em semelhante infortúnio. Ninguém reconhecerá que somos iguais enquanto persistirem essas condições sociais de desigualdade. Em todo caso, no meu trabalho não tento convencer ninguém de nada. Só tento não esquecer, isso é tudo.Sim, acredito nisso. Não o faço conscientemente, mas me dou conta de que é assim. Sou como meu pai.
O conhecimento e de curiosidade e a vontade de ser aceito como um cidadão do mundo vêm dele… Meu pai fez isso aos 19 anos, e eu estou fazendo aos 60, mas o caminho é o mesmo, nunca mudou. Não, pelo contrário. Durante muito tempo me opus a tudo o que tivesse a ver com os laços de sangue. Entretanto, hoje eu gosto de sua posição no mundo, a típica de um poeta. Talvez seja a única posição que alguém pode ter como indivíduo".