VOCÊ

Hei, psiu, você! É, você mesmo. Você que se sente como quem não faz nada de significativo nessa cadeia social; como quem vê todos que conhece seguindo em frente no passo da evolução, enquanto você está em marcha lenta vendo o tempo passar, ficando para trás, contando os dias, imaginando a vida que queria, se martirizando; você que se sentenciou um não vencedor por não se sentir como parte dos bem-sucedidos, mesmo que aos olhos do Criador e de muitos homens de bem a sua vida seja digna de aplausos. A você que se sente assim, proponho que se pergunte: o que preciso fazer para alcançar o que quero? Por que ainda não o fiz, ainda o quero fazer? E caso já tenha feito tudo que julgou necessário para tanto e ainda assim não se sente realizado, pergunte-se por quê?

Durante esse mergulho, você encontrará muitos pontos, muitos nós. Perceberá que se conhece pouco e consequentemente se conhecerá mais rs. Se dará conta que tudo o que você faz na vida, em especial, como se sente, como reage diante dos acontecimentos em geral, se dá sob as diretrizes de sua percepção de vida, ou seja, a sua visão de mundo e isso contempla seus valores, crenças, como concebe a Deus e a vida. De forma sucinta, tudo depende de como você vê os fatos, isso determinará como você conduz sua vida, bem como o peso e o significado que é atribuído a cada situação, assim como quem vem na frente o TER ou o SER.

Ainda no decorrer dessa natação, desse passeio quase que sideral, você, também, perceberá que não tem visto sua grandeza: o quanto tem se esforçado para seguir em frente; o quão cabra arretado (a) você é; as inúmeras vezes que você, mesmo se rasgando por dentro precisando chorar, teve que sorrir, porque chorar era um luxo que você não podia se permitir naquele momento; o quanto você tem provido aos que de você dependem... Em fim, você se dará conta do carrasco que se tornou para com você. E sabe ainda o que é pior? Você vai ver, que enquanto teve sua atenção voltada para o que você deveria ter, deixou de ver o que a vida te ofereceu, te proporcionou todos esses anos e como isso privou seu ser de usufruir do que a alma carece.

Quando você chegar neste ponto, peço que, mais uma vez, se pergunte: quanto sofrimento mais eu irei me causar com torturas, para que eu me sinta “gente”; quantas noites escuras eu irei provocar, para que eu me dê conta que enquanto é dia há sol para iluminar um céu lindo que posso ver; e finalmente, quanto tempo ainda vou seguir a cartilha errônea do ter para ser?

E mais, se você fizer uma retrospectiva da sua jornada, irá constatar que toda vez que você sobrepôs o Ter ao SER, a rédea da sua vida ficou solta, ou melhor, ficou na mão alheia. Quando você se coloca na condição de TER para SER, você estará sempre numa posição de menor poder. Você fica à mercê dos outros, porque se enfraquece. Inverter a ordem natural dos fatores (ser/ter), neste caso, altera sim o produto. Não perca de vista, ter cabe dentro do ser e não o contrário. Aqui vale a máxima popular “se dá o que se tem”. Não sei se é bem isso não, rs mas é quase isso rs.

Para fechar o raciocínio e para que eu não me perca nele, pois falo feito a moça do leite rs, o que estou tentando dizer para você que, injustamente, não tem se dado o devido valor e que em função de uma visão errônea, tem se prendido a esfera de como a sua vida deveria ser com base em valores sociais e por consequência tem se cobrado e se privado de ver o belo da vida por acreditar não fazer parte do rol dos bem-sucedidos pelo fato de não estar numa posição socialmente relevante , com sua licença eu digo: hei amigo (a), na verdade, ser bem-sucedido é fazer bem o que se propõe a fazer; é estar no topo da sua pirâmide e não necessariamente no topo da pirâmide social. Veja bem, não estou aqui para dizer que é errado querer mais da vida, não. Não é isso que estou pontuando e sim, chamando sua atenção para que não deixe que a subjetividade coletiva conduza a sua vida dessa forma. É certo que a subjetividade privada (individual) é moldada na coletiva, mas o coletivo não pode determinar como você vai se sentir, a menos que você permita. Fazendo uma analogia, a arvore ainda que ela seja plantada, a mesma cresce de baixo pra cima e não o contrário.

É válido ressaltar, que quando queremos algo verdadeiramente oriunda da nossa alma, tudo acontece para sua realização. Porém, para muitos, esse desejo ainda está submerso. Você já deve ter “ouvido”, muitas vezes, a expressão” remando contra a maré”. Partindo do ponto em que você se encontra, vale mais duas indagações: seu desejo de realização estar a favor ou contra a maré? Essa maré, é o sistema ou os anseios do seu coração? Seja qual for a sua resposta, não perca de vista que, remar a favor da maré, subtende-se, que é seguir o fluxo natural e seguindo o mesmo, o sujeito não precisará de tanto esforço para alcançar seu destino. Trazendo essa visão para o agir do homem numa sociedade, seria o mesmo que dizer que o fluxo natural consiste em seguir o que a grande maioria toma como certo. Partindo dessa perspectiva, seguir o fluxo seria o suficiente para autorrealização. Então, por que para muitos isso não acontece? Parece complicado, né rs mas não é. É que a questão todo envolve a danada da percepção e se você não tem uma visão desembaraçada, não consegue discernir em que Lua se encontra suas aspirações. Trocando a miúdo, muitas vezes, você pegou a maré da fase da Lua que leva o fluxo pro destino diferente do seu. Aí, mesmo remando, supostamente, a favor da maré, na verdade, você está remando contra. Assim sendo, fique atento ao que seu Eu almeja. Para tanto, busque desenvolver a habilidade de se desnudar dos conceitos do que é socialmente relevante e deixe reverberar o que há de mais seu. Só assim você saberá em que fase da Lua está a sua maré.

Luciana Lua
Enviado por Luciana Lua em 05/09/2018
Código do texto: T6439978
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