Sobre vida e o final dela
“Morrer bem virou um tema urgente, em tempos de longevidade cada vez maior.” Disse o apresentador Global dia destes um programa de tema polêmico e necessário: a morte.
Nos tempos de nossas mães e avós morria-se ”do coração”, “daquela doença”, – os antigos nem falavam câncer, pois era uma doença maldita e a palavra idem – e de tantas outras crendices, reflexo de má informação. Hoje, graças a investimentos em pesquisas tecnológicas e na Medicina, à Farmacologia e investimentos na qualidade de vida, vive-se mais, apesar de ainda com tanto estresse e doenças psicossomáticas em detrimento à vida moderna.
Mas, e na hora da mais provável certeza na vida, a morte? Estamos mesmo preparados para morrer bem? Primeiro, para morrer?
O programa em questão trouxe à tona antigos temas para uma vertente atual: eutanásia, cuidados paliativos e suicídio assistido .
O Brasil está em 42º lugar em qualidade de morrer, atrás de países como Panamá, Uganda,Mongólia, Malásia e Equador, e assim em qualidade de vida em geral.
O Sistema de Saúde no Brasil, já falido há tempos, não consegue cuidar da qualidade da vida. Daí os gastos públicos cada vez maiores e sem previsão de melhora. Pensar na morte, então, temos ainda um enorme caminho a percorrer.
“A morte é um dia que vale a pena viver” – título do livro da médica Ana Cláudia Quintana Arantes, só no título , o impacto.
A doutora trabalha há 25 anos para melhorar a aceitação e qualidade de vida de pacientes em estados termináveis. É a Medicina Paliativa. Admirável ato de diminuir o sofrimento e tratar psicológica e fisicamente pacientes e suas famílias.
A morte é ainda um tema do qual muitos fogem e a não aceitação dela coloca um maior sofrimento de paciente e família.
Uma clínica da Suiça pratica a morte assistida legalmente.
Morte assistida consiste no auxílio para a morte de uma pessoa que pratica pessoalmente o ato que conduz à sua morte (ao seu suicídio). Isto difere da eutanásia, já que nesta não há o auxílio do paciente e sim do médico ou indivíduo que desliga aparelhos ou cessa medicamentos com autorização prévia das pessoas envolvidas ou familiares.
A prática que somente o hospital da Suiça aderiu para que depois de esgotados todas as tentativas e tratamentos médicos, a última saída, com consentimento da família e constatada a sanidade mental do paciente que quer, é o ato de “diminuir” o sofrimento de todos e acabar com a vida.
Não sou médica, mas acredito que o juramento deles quando formados tenha sido em favor da vida, em toda e qualquer situação até o fim.
Também, nosso lado moral e ético, sem falar nos religiosos, nos faz achar tal ato insano e pecaminoso.
O que, na realidade, trago como reflexão é: será que abreviar o sofrimento para algo que é certo como a morte não seria inteligente e fraterno? Ou somente há de se esperar a hora do desencarne e assim deixar que a morte aconteça naturalmente, mesmo que com sofrimento maior do paciente?
Enquanto ela não vem, melhor viver intensamente, praticar atos solidários, pensar coletivo e agradecer a Deus sempre pela dádiva da vida.