À flor da pele

Vou conter meus arroubos.

Necessito flutuar no vácuo existente em mim

Esgotei-me buscando fórmulas. Não existem.

A química surge por si. Vem e delata a fragilidade.

Esmaga qualquer simbolismo. Faz-me vilã, faz-me vítima.

Uma pedinte quase sem fim.

Em vão persigo anseios. São como plumas, levitam ao sabor do vento.

Ou então grudam na pele. Ferem, sangram, partem-me ao meio. Cravam as unhas. Tiram-me o fôlego. Fazem-me fantoche. E nada. Absorvem minha energia, meu eu lírico, minha fantasia. E nada.

À flor da pele, nervos expostos, mastigo a ira com chocolate.

Mas a alma não se arrefece. Incendeia a equação da genealogia.

No meu vácuo, o fogo crepita. Labaredas espalham meus instintos.

À flor da pele, sou chama. Mistura onírica. Desisto.

Não mais me contenho. Bandeira hasteada, sigo o meu norte.