NO INFINITO DE NÓS MESMOS!
Viver é um ato de complacência, uma ginástica de desapego e doação.
Passo a maior parte do meu dia observando pessoas, e acredito que o meu melhor, também já foi dedicado a ouvi-las, inclusive à terceira e agora já à quarta idade; fato que me leva a uma auto análise do que é caminhar pelo movimento do tempo,que também me carrega...
De repente o mundo envelheceu.
Tão de repente quanto uma inesperada miragem no espelho a conscientizar-nos de que não somos os mesmos, que algo mudou...e mudou muito.
A ciência e a tecnologia tudo têm feito para prolongar a longevidade, a qualidade de vida, a socialização, e aceitação cultural do idoso.
Mas, o que tenho me perguntado é se nós, seres em processo constante de envelhecimento, estamos sendo acolhidos e aceitos por nós mesmos!
Será que no tempo, aprendemos a nos desapegarmos...de nós?
Às vezes, penso que a resposta é... não!
A sociedade me parece neurotizar o envelhecimento.As pessoas acreditam que podem mudar o destino natural da vida, com fórmulas mirabolantes, pois simplesmente temem a rejeição.Parece uma fobia coletiva!
Mas ninguém segura o tempo, e a vida rola como um rolo compressor.
Ontem, alguém comigo desabafava o fato de ter trabalhado numa empresa por trinta e seis anos, e que dela fora desligado por telegrama.
Idade compulsória...para a aposentadoria! Estava inconformado, e com razão! Faltou ao menos...sensibilidade...
-Como?- “Se me dediquei a vida inteira àquilo tudo”?
Ocorre, que apenas nós sabemos disso.Para o universo, esse espaço holístico de tantos mistérios, somos apenas mais um.E passamos! Passamos como o vento que sopra sem ser visto, mas que, no entanto, faz erosões no tempo.
E é bom que saibamos disso, o quanto antes, para que modelemos as melhores esculturas!
Mas abaixo as expectativas de medalhas de condecorações!
Nossas histórias são nossas.
Nossos feitos apenas a nós pertencem. Nossas alegrias, nossos anseios, frustrações ou realizações vivem e morrerão conosco.O resto é apenas mídia, demagogia e racionalização.E enganação.Acordemos.
O prazer de seguir, está em constatar que vida é doação, desapego de nós, e finos ajustes ao que nos parece conveniente.E não há manuais a serem consultados!
Uma simples questão filosófica de adaptação às circunstâncias do tempo que nos é curto demais! E fazer o nosso melhor, mesmo que o mundo não o reconheça!
Fazer realmente a diferença, significa mudar o nosso cenário interior, a tempo, no nosso tempo, a nosso contento!
Portanto, a felicidade realmente é pontual e independente da idade.
É a plena aceitação de que nesse espaço, somos finitos no infinito de nós mesmos!
E pontualíssima, a medida que nos ensina a satisfazer as nossas expectativas .
E quando a unidade é feliz, independente do tempo que lhe coube ou ao que lhe couber, o entorno engrandece, a embelezar o misterioso conjunto da caminhada...que se recicla a cada geração.