O vencedor: a competição
Aconteceu há alguns anos uma competição superimportante. Os competidores estavam eufóricos, e as chances eram mínimas para todos. Apenas um, dentre dos milhares ganharia a competição e esta era uma corrida. Talvez dois ou três, mas era unânime a crença de que apenas um ganharia. Na largada, todos receberam uma caixinha que deveriam correr com ela e jamais poderiam deixá-la; na hora oportuna saberiam como usá-la.
O prêmio para o vencedor seria a vida, com direito a viver nove meses no maior conforto, sem se preocupar com alimentação — esta viria sempre na medida certa, na hora certa —, temperatura controlada, lugar seguro. Enfim, uma vida que muitas pessoas, hoje em dia, correm como loucas para conseguir; trabalham de 8 a 10 ou mais horas por dia, sacrificam feriados, momentos em família para juntar dinheiro e conseguir tal façanha. Mas somente o vencedor desta corrida teria o direito a viver esses nove meses.
Como tudo tem seu preço, a vida e a morte se alternam para que... ora uma, ora outra possa existir; um ganharia, mas todos os outros morreriam. Como era de se esperar um dos competidores foi mais brilhante, correu...correu...correu; conseguiu chegar à linha de chegada e jogou-se em uma barreira sem olhar para trás, atravessou-a e já se encontrava em um paraíso — como num passe de mágica. Ao atravessar, esqueceu o que havia acontecido a pouco, ou seja, não lembrava mais da corrida, tampouco dos milhares que morreram para que ele pudesse viver e existir.
E de fato foi como o prometido, o lugar deveras era confortável, não passava fome, não trabalhava para conseguir dinheiro, não pagava aluguel, era protegido por uma fortaleza. Sentia que tinha alguém — mas não sabia quem — que lhe dava tudo o que precisava, até mesmo afeto. Viveu como um rei os nove meses, mas esse tempo ia chegar ao fim, precisaria sair de sua fortaleza, conhecer outra realidade... e aconteceu: nasceu! E foi um momento trágico!