Fala muito para se Acreditar no que se Fala
Uma coisa que eu notei depois de tantos anos (poucos na verdade) é que geralmente, ao defender um argumento falso, incoerente, ou falacioso, a pessoa que o enuncia gasta mts "palavras" para o fazer. Não se trata nem de retórica em si (o que seria mil vezes melhor, em minha opinião, porque no fundo, ajudaria a aclarar a argumentação), mas sim de "muitas proposições" de fato. São ditas muitas premissas em cima de outras premissas falsas, às vezes umas sobre as outras (premissas falsas sobre falsas, ou incoerências sobre incoerências) o que torna tudo ainda mais terrível do ponto de vista lógico e argumentativo.
Se eu fosse chamar Heidegger aqui para falar deste fenômeno estranho do "falar muito para se defender certa crença falsa", talvez ele dissesse que é uma tentativa da pessoa mesma, que propõe o enunciado, tentar crer naquilo que ela mesma diz, mesmo sabendo de todas as incoerências e proposições falsas que ela enuncia. Tudo bem, garanto que algum heideggeriano discordaria que Heidegger falou algo assim, mas quando penso em "recordar aquilo que descobriu, para ter certeza sobre a própria crença" me é impossível não pensar nele, principalmente quando vejo textos tão longos, teses tão absurdas e gigantescas, tratados tão abarrotados de incoerências, que a única coisa que consigo pensar, é que os próprios autores/as estão tentando elencar razões, por mais frágeis ou falsas que sejam, para eles mesmos, crerem naquilo que dizem.
Enfim, se você ver alguém falando muito para defender certa crença, e a partir daí elencar outras razões que pouco ou nada têm a ver, e assim prossiga num circulo quase infinito de razões, desconfie. Geralmente 2+2=4, e não é preciso um número infindável de argumentos que defendam que 2+2 seja 4. Desconfie sempre.