OS FINS NUNCA JUSTIFICAM OS MEIOS
Não importa qual ideologia política um ser humano segue: os fins nunca justificam os meios (no sentido de que não pode haver verdade e justiça numa perspectiva que tem como propensão a utilização da boa vontade, dos anseios e das forças de outrem para atingir objetivos alheios e estranhos a sua própria dignidade).
Não é porque um grande pensador defenda uma política arbitrária como forma de assegurar a ''ordem'', mudando os cursos do pensamento político de diversas civilizações, que precisamos concordar com a sua tese, ainda que dê os melhores argumentos possíveis para a elaboração de sua vã filosofia e de seu sistema imbuído de interesses estranhos a dignidade humana. Pois mais importante do que defender um partido ou uma bandeira ideológico-política, é se ataviar com a verdade do evangelho (na sua defesa do amor universal entre os homens).
Quem valoriza o seu próximo, sempre valorizará a vida. Sim, um indivíduo que sabe valorizar o seu próximo com o dom do cuidado, das boas ações a da verdade, sempre valorizará a permanência da vida em toda a sua plenitude e beleza. Dito de uma outra forma, o amor pelo próximo sempre irá se refletir naquele anseio de perpetuação não só de um indivíduo ou de uma espécie, mas de toda e qualquer forma de manifestação vital. Dessa forma, nunca haverá espaço para tratar o seu semelhante como um meio para alcançar os seus intentos mais egoístas e perversos, principalmente na pratica de qualquer atividade de usurpação, assassinato ou rapina, independente de qual lógica seja mais favorável para se executar uma ação ou, então, independente de qualquer situação paradoxal (de caráter político-social-econômico) que um homem se encontre.
É possível que o homem pode, movido por alguma superstição ou crença, dar mil e uma razões para justificar uma atrocidade, usando a sua inteligência para legitimar o crime, a vingança, a perseguição e a exploração de povos inteiros. Ora, nada pode ser mais limitado e mais hipócrita do que dar legitimação ao uso da violência e da truculência como forma de atingir um objetivo mais elevado! Em contrapartida, quando um ser humano transcende o seu egoísmo, rompendo com as limitações inerentes a sua própria condição, entende que nem tudo é justificável, pois ele sabe, por exemplo, que não há verdade na lógica no homicídio, seja ele de que natureza for dotada.
A santidade e o senso da dignidade da vida humana e dos demais seres vivos estão, sem dúvidas, do lado oposto dessa propensão do homem em tratar o seu semelhante como um meio para a execução de seus intentos exclusivamente pessoais. Mas para que essas dádivas se frutifiquem num ser humano, é indispensável que o evangelho o ilumine com a fecundidade de sua força espiritual (que o ensina sempre a trilhar o caminho frutificante e numinoso do ágape). Então, em vez de uma mentalidade atrofiada pelo engano e pela hipocrisia, emerge uma consciência iluminada pela graça e pelo presente das boas novas de uma concepção que trata o outro não como um objeto a ser investigado e explorado, mas como um ser que necessita de cuidado, amor e compreensão.