O “AMOR CRISTÃO”, O PRAZER NA DESGRAÇA ALHEIA E O CUMPRIMENTO DAS PROFECIAS BÍBLICAS
*Por Antônio F. Bispo
“Por ti venceremos os nossos inimigos; pelo teu nome pisaremos os que se levantam contra nós” (salmos 44.5).
“Em Deus faremos proezas; porque ele é que pisará os nossos inimigos” (salmos 60.12).
Essas são apenas duas das milhares de referências bíblicas onde se demonstra as causas principais pelas quais muitas pessoas veneram ao deus bíblico e o chamam de bom: por que ele sempre castiga, mata ou manda matar os nossos “inimigos”. Nessa linha de raciocínio, deus é bom por que faz o mal a quem nos irritou e não exatamente por que usa seus poderes sobrenaturais para benefícios a todos de modo coletivo.
Prestem atenção que as passagens bíblicas mais apreciadas por todos os servos desse deus são exatamente aquelas em que relatam que ele matou um montão de gente inocente ou indefesa para mostrar que ele era o bã-bã-bã da história. Se perguntássemos então para a maioria dos tais se deus é bom por que faz o bem, eles diriam: “não, deus é bom por que matou nossos inimigos e nos salvou de nossos inimigos! Os que escreveram a maioria dos salmos tinham essa mesma mentalidade, de se referir a justiça e bondade de deus de acordo com suas maldades cometidas aos “pagãos”.
Se ainda perguntarmos a muitos cristãos: “por que você acha que deus é verdadeiro, justo e fiel”? A maioria deles responderão de prontidão, de forma automática, sem nem pestanejar: “por que sua palavra estar se cumprindo! Fome, pestes, guerras, terremotos, violências...Tudo estar se acontecendo conforme as escrituras por isso ele é verdadeiro e fiel e nós o amamos amos por isso”!
Será então que ele não poderia ser fiel, justo e verdadeiro por fazer o bem a todos ou em pelo menos tentar proteger as pessoas que mesmo dentro de suas casas são abusadas moral, sexual ou financeiramente todos os dias? A sua fidelidade só funciona no modo vingativo para matar e destruir? Para proteger e guardar quem realmente se faz necessário seu poder para nada serve!
Por que os versículos bíblicos mais preferidos do “povo de deus” são sempre aqueles em que relatem a desgraça alheia? Por que desastres humanos ou naturais de grandes proporções estão sempre associados ao cumprimento de profecias bíblicas ou métodos didáticos que deus usa para ensinar sobre sua magnitude? Será que esse deus precisa ter noções de pedagogias numa escola de humanos “pecadores” para se dar conta que seu método de ensino é ultrapassado, ineficaz e gera exatamente o oposto do que se esperar de uma divindade inteligente?
Parece ser uma sina triste de quase todos os que servem cegamente ao deus de Abraão ou utilizam-se sempre de passagens dos livros ditos sagrados para demonstrar o quanto o seu deus é poderoso e verdadeiro quando pune os infiéis, mesmo que essa “infidelidade” tenha sido cometida milhares de anos atrás pelos parentes distantes dos que agora estão sendo punidos.
Judeus, cristãos e mulçumanos, apesar de assumirem para si a mesma “paternidade divina” regozijam-se com a desgraça alheia um dos outros, sendo que tais desgraças na maioria dos casos são provocadas por eles mesmos para dizerem que é o juízo de deus sobre os infiéis.
Percebem? A desgraça alheia, carnificinas e atitudes de truculências estão sempre associados a bondade, a justiça, ao amor de deus e a veracidade de sua existência. Esse tipo de crença milenar estar tão enraizado na mente dos ocidentais, que pouquíssimas pessoas notam isso, e os poucos que a percebem não ousam nem se questionar na própria mente com receio de cometer algum tipo de blasfêmia e ser lançado no inferno por um “pecado” cometido apenas por pensamento.
Lembrem-se que esse deus tem preferencias e habilidades muitos estranhas. Sua onisciência serve apenas para vasculhar mentes “hereges”, colocar doenças terminais em algumas pessoas que falou mal dele, afundar navios ou provocar acidentes fatais em indivíduo só por que pensou coisas ruins a cerca dele, mas essa mesma onipotência falha quando criancinhas estão sendo estupradas dentro de sua casa ou em milhares de outros lugares por esse mundão á fora!
Vale notar também que os “ungidos do senhor” e toda casta sacerdotal romana tem foro privilegiado para serem julgados somente pelo próprio deus em pessoa com 99,9% serem inocentados por maior que sejam os crimes cometidos usando o nome dele. Estão nessa mesma lista de possíveis inocentes no julgamento estupradores, homicidas e todo tipo de gente ruim que aprontou todas e mais algumas, e antes de morrer levantou uma de suas mãos e aceitou a jesus como salvador, enquanto aos hereges só lhes resta o inferno eterno, mesmo que esse venha ser uma pessoa de conduta ilibada e um cidadão exemplar em todos os sentidos. Morte aos inimigos de deus! É que proclama qualquer um que se apossa do “livro sagrado”!
Como o conceito de deus é totalmente vago, qualquer um que estar de posse de uma bíblia ou aprendeu a rezar pelo menos o pai nosso, pode considerar qualquer um como sendo seu inimigo, direcionar tais passagens bíblicas a esse inimigo recém criado e confiar piamente que será atendido por esse mesmo deus no que diz respeito aos seus desejos egoístas.
O verdadeiro conceito de “deus por um, e deus contra todos” é expressado em passagens bíblicas como essas citadas a cima. Vale lembrar que ora é deus quem declara quem são seus inimigos, derramando sobre os tais uma ira descomunal e em outras ocasiões é o “seu povo” que define quem são estes cuja ira de deus deve ser derramada.
Para os crentes atuais por exemplo, qualquer um pode ser tornar inimigo de deus. Pode ser aquele que se recusa a ir a uma liturgia cristã, uma pessoa que não aceitou receber um panfleto informativo em dias de “evangelização” ou até mesmo uma pessoa de outra igreja que afirma também servir ao mesmo deus mas tem ritos litúrgicos diferentes! Quanto mais ignorante (burro), arrogante (agressivo), presunçoso, estupido, ganancioso ou quanto menos sobre a história da própria fé um fiel conhecer, maior será a relação de inimigos que diariamente ele estará apresentando ao senhor para ser eliminado ou castigado.
Nos rituais de culto, as cantigas, as profecias, e as pregações de qualquer pessoa que deseje ter destaque no mundo gospel deve sempre a de enfatizar a destruição e desgraça de outras pessoas. “Sabor de mel”, “Apocalipse”, “Beijinho no ombro (perdão, pelo teor do conteúdo quase sempre confundo essa música como sendo do meio gospel)”, são as mais pedidas, por que todos os que as catam ou as ouvem, se imaginam triunfante, no pódio, enquanto os “inimigos” assistem de modo invejoso sua vitória ou enquanto o “vitorioso” assiste todos os seus inimigos serem punidos pelo próprio deus de alguma forma (é muita unção irmão...).
Qualquer música ou pregação que tente expressar o que realmente poderia ser o evangelho, não vende, não decola, não faz sucesso, não promove nem o cantor, nem a igreja nem o ministério! Tem que ter sangue, desgraça, miséria, deus quebrando tudo, pisando tudo, castigando tudo e dando vitória aos crentes (somente aquele crente que na ocasião estar com os dízimos em dias e “toma posse” dessa benção enquanto cantam ou ouvem essas músicas que incentivam a agressividade e inflação de ego).
Como dito acima, as passagens bíblicas mais apreciadas por quase todos os cristãos são exatamente aquelas em que diz que deus matou muita gente sem que as pessoas nem pudessem reagir.
Eles jubilam, falam em línguas estranhas, marcham no poder e profetizam quando ouvem dizer que deus destruiu faraó e seus cavaleiros no mar vermelho! Que Josué tomou a Jericó e matou todo mundo! Que um menino de 15 anos chamado Davi arrancou a cabeça de um homem adulto! Que duas ursas comeu (matou) 42 crianças só por que chamou um profeta de careca! Que deus matou 185 mil soldados de Senaqueribe de uma só vez em uma noite quando esse sitiava a cidade santa! Que Herodes morreu comido de bicho! Que os judeus vão tudo “se ferrar” no futuro por que rejeitaram a jesus...
É tanta desgraça que celebram, que as vezes fica difícil entender se estão num ritual com o intuito de alcançar um ser de luz, se são partes de algum grupo terrorista disfarçado, ou se estão cultuando o demônio...Se deus é paz, luz e vida, por que a maioria dos ritos litúrgicos destinados a ele tem de celebrar a morte e a desgraça alheia? Por que as maiores profecias são exatamente referente a desgraças de outras pessoas? Que coisa estranha...
Nesses atos de culto, deus é retratado como se fosse uma adolescente irresponsável de 13 anos, cujos pais dera de presente em seu aniversário um fuzil AK 47 e milhares de munições, e permitiu que ele fizesse o que bem entendesse com esse “brinquedo”, e como se estivesse em um jogo de realidade virtual, deus sai atirando em qualquer um que julgue ser seu inimigo como se não soubesse distinguir o real do não real.
Para quase todas as pessoas que se valem da bíblia como livro máster, o inimigo de deus é sempre o outro que nos aborrece. O que usa naquele momento se considera como sendo o amigo de deus e todos os demais se tornam inimigos seus e de deus também. Esse parece ser o critério de raciocínio dos que fazem uso desse livro “sagrado”.
É como se esse livro fosse um tipo de amuleto mágico, que dar poderes místicos a quem o possui e pode ser usado contra qualquer um indistintamente, semelhante a um feitiço que retorna ao próprio feiticeiro quando outra pessoa se apossa também do livro. Judeus, cristãos e mulçumanos fazem uso do mesmo livro, nem que sejam de forma parcial para se atacarem e lançarem maldições uns contra os outros, sem falar das centenas de novas unidades de culto evangélico que surgem todos os dias. Todos eles se valem das desgraças alheias para dizer: “ a profecia desse livro estar se cumprindo, deus é fiel”.
Afinal, como pode haver inimigos de deus, sendo que segundo a própria bíblia deus é o pai de todos nós e criador de todas as coisas vivas e não vivas? Não seriam irmãos desse modo, todos os povos do mundo sem discriminação, mesmo que não viessem a fazer uso de uma bíblia, e não seria ele mesmo o pai de todos essas pessoas? Que tipo de pai põe os próprios filhos uns contra os outros dentro de uma casa fechada (nosso planeta) sem opção de escape, até todos se aniquilem por completo? Isso é um pai ou um monstro? Que tipo de pai conta segredinhos isolados para os seus filhos, dizendo gostar mais de um que de outro, relatando o mal que intenta fazer contra o outro, sendo que faz a mesma coisa as escondidas com todos os outros, prometendo a todos eles a posse total de toda sua herança? Um pai que age assim é mesmo muito suspeito!
O “povo de deus” vive a tanto tempo ameaçando uns aos outros em nome desse deus ou sendo ameaçado pelo “próprio deus” e seus representantes, que nem param para pensar que um dos maiores prazer que parecem comungar é o de fazer propagandas terroristas a cerca desse deus, retratando-o em seus discursos como sendo um vilão devido as suas ações de ira irracional e violência brutal contra pessoas indefesas, mas que em sua fraca concepção de justiça acreditam estar venerando-o como se este fosse um herói.
Afinal, deus é herói ou vilão? Ele é bom ou é mau? Há momentos em que a maldade da criatura e do criador se fundem tanto que fica difícil definir quem é quem! Cenas de terror onde o próprio deus fora o roteirista ou ator principal em atos desse frágil teatro da vida humana são sempre retratados como se fosse uma odisseia lírica, um ato de heroísmo e bravura, como se fosse algo louvável de se relatar! Tudo isso por dois motivos: medo de também ser atacado por esse ser de caráter duvidoso, ou intenção de corrompê-lo para que ele mude fique do lado do adorador e possa ser usado agora como arma de ataque ou de defesa.
Como prova física desse tipo de pensamento doentio, recentemente nas redes sociais, o que não para de aparecer esses dias são versículos bíblicos falando sobre a destruição da Síria, e o quanto esse deus seria verdadeiro por estar cumprindo sua profecia.
As pessoas que usam tais versículos como forma de intimidação ou desejo de se sobrepor as “pessoas sem deus” deveriam se envergonhar de atitudes como essas, pois só demonstram regozijo pela truculência praticada por um deus “todo poderoso”, contra um povo que ele afirma ter tido problema quase 3 mil anos atrás.
Se a prova de que deus é verdadeiro e poderoso é por que “sua palavra” se cumpre, então por que ele não usou a boca desses mesmos profetas para profetizar coisas boas? Uma profecia é uma visão de um futuro ou é um tipo de “macumba” proferida por pessoas mal resolvidas e cheias de ódio no coração?
Se esse povo da Síria desagradou de alguma forma esse deus no passado, por que ele não usou o perdão para proferir palavras de benesses a favor desse povo? Por que guardar raiva por 3 mil anos para lanças sobre povos que moram nessa mesma cidade hoje e que a grande maioria deles não são nem parentes direto desse povo, já que por diversas vezes há quase 3 mil anos, esse mesmo deus quase extinguiu por completo essa mesma nação?
Que fúria doida é essa? Mesmo tendo encarnado em sua forma humana e morrido na cruz como salvador para salvar a todos e depois de ensinar o perdão, por que ele ainda mantem de pé somente as palavras de maldição sobre povos que o irritaram antes da “nova aliança”? Quanta maluquice! A fim de aprontar todo tipo de mal sem ser penalizado, escravizar outras pessoas ou se acharem superiores, as pessoas criam e mantem funcionando todo tipo de aberração real e irreal, inclusive a ideia de um deus com características auto anulatórias, que não condiz com as características surreais a ele atribuída.
Quando o homem parar e olhar para si mesmo, e enxergar o outro como parte de si ou como parte de um todo para o bom funcionamento da sociedade e ascensão de nossa condição humana, somente nesse ponto vão parar de ficar inventando criaturas imaginarias para se safarem de suas responsabilidades, ou manipular os “mais fracos” (fraco mesmo é quem já percebeu a verdade, continua vivendo e ensinando mentiras).
Se o prazer desse deus é lançar maldições sobre um povo e se esnobar por que é de alguma forma superior a nós, ele não merece nenhum respeito. Se o prazer de seus seguidores é contar o quanto esse deus é fiel pelas maldades que ele tem feito, deveriam então retirar dos seus atributos surreais palavras como amor e justiça, ou então assumirem publicamente que veneram as trevas e não a luz.
Pessoas doentes, egoístas, irresponsáveis produzem deuses com qualidades semelhantes! Questionar fundamentos como esses não é pecado, antes sim é um passo para liberta-se da escravidão e pela razão e responsabilidade individual construirmos um mundo cada vez mais justo, onde os deuses não sirvam de subterfugio para pessoas sem caráter, infantil ou adestradas. Se é pela fé que todos esses males tem sido promovido, é pela razão que traremos a luz.
Saúde e sanidade a todos!
Texto escrito em 11/3/18
*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.